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BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

sábado, 29 de maio de 2010

O MEU BATIZADO ETÍLICO POR TIÃO MODESTO


        
      Quando ainda com tenra idade, menino pobre lá das bandas do Sítio Cigano,  à em média seis léguas da da cidade Buíque, tinha aversão a quem tomava cachaça e aos cachaceiros de um modo geral. Talvez essa aversão veio mesmo porque meu pai sempre tomava umas prá lá de Bagdá e era o tipo de "bebum" inconveniente. Acho que na realidade, toda pessoa em estado etílico é chata mesmo, seja lá quem for. Em condições de ebriedade, cada qual é rico, domina toda conversa do mundo, tem mulheres de todas as cores, é enxerido prá danar, tem mania de malogamaníaco e a tudo pode. O mais chato mesmo é àquele tipo que se acha o dono do mundo, que se sento todo poderoso, valente e que se diz pronto para comprar qualquer briga. Desse tipo sempre quis distância, pois não merece a menor confiança quando não está no seu estado emocional de controle por conta da bebida.
           Na realidade, mesmo quando me mudei para o Estado de São Paulo na década de 60, com apenas doze anos de idade, minha aversão à bebida alcoólica continuava e, na verdade o que queria mesmo naquela Selva de Pedra, era estudar e mostrar que era igual ou melhor do que eles, os paulistas metidos e bestas e sabichões, que só faziam mesmo era humilhar e fazer gozações de nós nordestinos. Meu objetivo era trabalhar para ganhar uns trocados e voltar novamente para Buíque, fato que só veio a se dar na década de 70, quando aqui passei a trabalhar com meu irmão Miltinho, no Arizona Bar, que na época era a coqueluche de Buíque, o qual além de ser o melhor bar, era frequentado por muita gente do Município e por pessoas de fora, principalmente nos dias de feiras-livres, aos sábados, nas tradicionais festas como o Carnaval, Juninas, 7 de Setembro, Natal, Final de Ano, entre outras festas que ocorriam na cidade. De início, quando as festas de Buíque não se realizavam no Mercado Público, era num pequeno espaço no prédio da Prefeitura Municipal. Só a partir da construção do Clube Municipal, que na época foi uma construção de porte para Buíque, no segundo  mandato do então Prefeito Blésman Modesto, vieram enfim as festas  a acontecer num local decente e apropriado, assim mesmo, muitos dos adversários políticos não o frequentavam porque o clube que era para à sociedade buiquense, por meras picuinhas políticas próprias do atraso de relacionamento humano que ainda dominava corpos e mentes dos menos avisados politicamente da época, lá no clube não botavam os pés, e que ainda hoje, em menores proporções, perduram na mentalidade de gente que pensa que estamos vivendo na Idade Média ou na época do domínio dos coronéis de Buíque do passado.
          Tendo voltado de São Paulo, todo no estilo da moda implementada no chamado Sul do País, influenciado pela Jovem Guarda, no modismo dos "hippies e beatniks", com o cabelo no estilo black Powel, calça boca de sino, cinturão com um fivelão maior do que minha cintura e montado num sapado cavalo de aço dos diabos, que me fazia sentir que estava abafando. Era um "boy" dos diabos, que me serviu até de ser objeto de chachotas de algumas pessoas da época que me olhavam com jeito de reprovação ou de censura ao modo diferente de me vestir, eis que, àquele modismo ainda não tinha chegado em Buíque e poucos ou quase ninguém tinha conhecimento, afinal de contas, o domínio da comunicação não era igual aos tempos atuais. Também jamais fumei maconha ou usei outro tipo de droga qualquer. Foi nessa época, na casa dos 20 e poucos anos de idade, que passei a andar com Tião Modesto nos casamentos, festas e batizados, que todo final de semana, ou mesmo no meio da semana era convidado, que fui batizado no caminho etílico, tomando cerveja quente nos sítios e depois passei a tomar cachaça Pitú e caninha 51. Nesse mister o primo Tião Modesto foi o meu padrinho. Depois que entrei no BANDEPE, em 1975, após aprovação no primeiro concurso público realizado pelo Banco, passei a ter conhecimento com novas pessoas e, a andar com Pedro Mariquita, Vandelso, Midin, Pau-Ferro, Tião Modesto também, e a partir de toda sexta-feira, a cana comia no centro. Antes de ser batizado por Tião Modesto, essas pessoas que passaram a fazer parte desse grupo etílico, eram todos eles por mim criticados, isso porque jovens ainda, ao invés de se ligarem em coisas importantes da vida, estudarem, por exemplo, para ser alguma coisa na vida, ter um futuro promissor de vida, mas não, só queriam mesmo saber de tomar cachaça até encher o talo e pronto, afinal, dizia um deles que "Buíque era o paraíso dos velhos e o inferno da juventude", daí encher a pança de cachaça, à falta de outra ocupação ou mesmo de uma  namorada. O interessante em tudo, é que, depois de tanto criticar esse pessoal, passei a me juntar a eles, após ser batizado no caminho da etilidade por Tião Modesto. Beber para nós era uma farra. Íamos a festas nos sítios quando gente do Banco era convidada e sempre soubemos passar momentos de alegria e de ebriedade sem que nunca tenhamos nos envolvido em qualquer tipo de confusão. Bebíamos porque gostávamos de beber para nos divertirmos. Foi realmente um período bom da minha vida e que jamais voltará. Não que a bebida seja de todo negativa, apesar de que, mesmo bebendo em determinados dias, ou nos finais de semana, o indivíduo não pode dizer que bebe socialmente, mas como a bebedeira se torna um acontecimento corriqueiro, a pessoa já pode se dizer um alcoólatra, um viciado contumaz na danada da cachaça. Outra mais, quem bebe, não se contenta somente com uma dose, mas somente quando já se encontra em elevado estado de ebriedade. Às vezes, como dizia na música o grande cantor Vicente Celestino, se bebe para "esquecer a uma determinada ingrata, que me amava e que me abandonou....". Na verdade, existem muitas desculpas para se beber ou até mesmo, desculpa nenhuma existe, se bebe mesmo porque se gosta de beber.
           Mas batizado na etilidade da vida, por questões próprias do ser humano, que prejudicam o organismo e a mente, é chegando um momento determinado, que temos que modificar o nosso modus vivendi, o modo de vida, para que possamos elastecer, esticar um pouco mais a nossa linha da medida de vida de cada um. Como não existe controle ao se tomar uma dose sem se satisfazer, o jeito mesmo, camaradas, é dar um freio de arrumação e parar de vez, porque só se deve fazer aquilo que se pode, pois na nossa vida tudo tem os seus limites e, quando a idade passa do meio de nossas vidas, não podemos nos considerar mais os mesmos, senão nas idéias, no que passamos no decurso da vida, no que vivenciamos e naquilo que ainda poderemos fazer em benefício de muitos que ainda precisam da gente e dentro das possibilidades daquilo que podemos fazer, afinal de contas, mesmo com a idade se aproximando da reta final da medida da vida, ainda assim não devemos baixar a cabeça a nos lamentar. Devemos continuar vivendo como se fóramos aquela criança que sempre existe dentro de cada um, afinal de contas, apesar de avançarmos no tempo, parece que o ontém dentro da gente é o hoje que estamos vivendo. Que Deus esteja dentro de cada um para traçar o destino, que na verdade, ninguém sabe qual será. A certeza de tudo é uma só, que um dia vai chegar para que passemos então a dormir um sono do qual jamais vamos nos acordar, num colchão frio, cobertor de areia e numa eterna escuridão que ao pó nos volverá. 

OBS: Acima, foto deste blogueiro, aos vinte e poucos anos de idade, pouco tempo depois de ter voltado de São Paulo. Era todo metido a "boy" mesmo, ou não!

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