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quinta-feira, 17 de junho de 2010

BLÉSMAN MODESTO, O HOMEM, O POLÍTICO E A HISTÓRIA

         
            A história é pródiga em nos demonstrar no decurso de si própria, quem realmente é o senhor da razão. É assim que caminha a humanidade no curso de nossas vidas, que pode ser retilínea, uniforme ou curvilínea, disto não se deve ter a menor dúvida. A história, minha gente, é permeada de altos a baixos, principalmente no meio da política.

            Hoje resolvi falar de uma pessoa que está bem próxima de mim, isto, pelos laços familiares que nos une pelo sangue, pois ambos descendemos da mesma árvore genealógica e somos netos do saudoso “Mané Modesto”, grande figura humana que os mais velhos de Buíque, ainda tiveram o prazer de conhecê-lo e por quem ainda falam com uma ponta de orgulho pelo homem reto, honesto e honrado que sempre foi. Baixinho, orelhudo, cabeça grande, mas tinha uma inteligência além da média da época em que viveu. De fala mansa, pausada, pronunciava um português com uma fluência de quem era um letrado de mão cheia, talvez quem sabe tenha aprendido a falar um bom português, com o seu tio, Padre João Ignácio de Albuquerque, primeito Prefeito Republicano de  Buíque, de quem foi sacristão, e quem o trouxe para Buíque.

           Blésman Modesto, ainda com tenra idade, com apenas 22 anos na década de 60, recém-adolescente, porém detentor de uma responsabilidade própria do jovem da sua época, ainda estudante, foi convencido por um grupo de pessoas que o admiravam, especialmente com a liderança de Jonas Camêlo de Almeida, a se candidatar a Prefeito de Buíque. Seu pai, Zé Modesto, não era muito de acordo, mesmo assim, saiu candidato contra os coronéis da política daquela época e conseguiu impor uma derrota escorchante ao grupo adversário e se tornou o Prefeito mais jovem de toda história de Buíque. Posto por muitos cobiçados, pelo poder político que o cargo oferecia, dois anos depois, se torna vítima de conchavos por baixo dos panos, de intrigas, traições e promessas infundadas do Governador Nilo Coelho naqueles idos, para que renunciasse ao cargo, achou por bem seguir esse caminho e, por isso, ficou inelegível por cerca de dez anos por imposição do regime militar. Mesmo assim, nesse curto espaço de tempo em que ficou no poder, de 62 a 64, ainda fez uma série de feitos administrativos na cidade e no Município. Na atual Rua Cirylo Henrique de Araújo, por exemplo, antes, Manoel Borba, ele ampliou àquela rua, indenizou moradias atingidas, derrubou casas e de uma rua intransitável, que não passava nem carroça, a transformou numa rua transitável. Foi nesse primeiro momento em que foi prefeito pela primeira vez, em que veio a energia de Paulo Afonso. Antes disso, Buíque era servida por um gerador à óleo diesel que funcionava próximo ao atual posto de gasolina central, onde antigamente era a sede dos Correios. A luz daquele tempo, era ligada por volta das 19h00 e desligada às 21h00, e quase não iluminava absolutamente nada, principalmente se fosse em tempo de inverno, onde a cerração e a neblina envolvia toda a cidade e ninguém via ninguém, tamanho o nevoeiro.

             Impedido de forma arbirária de poder concorrer a qualquer mandato eletivo por cerca de dez anos, ainda assim, não deixou a política buiquense, e a maioria dos candidatos por ele apoiado, ganhava as eleições, a exemplo do ex-prefeito João de Godoy Neiva, que depois se tornou seu desafeto político. Passados dez anos forçosamente sem poder se candidatar, eis que, decorrido todo esse tempo, é finalmente inocentado das acusações que seus acusadores e algozes, por pura ambição, inveja e sede de poder, lhe impuseram e, assim, em 1976, é eleito pela segunda vez prefeito de Buíque, derrotando fragorosamente os que antes lhes alijaram do poder político local. No segundo mandato, conseguiu trazer para Buíque, obras importantes, a exemplo da construção da barragem de abastecimento de água da cidade, o asfaltamento de Arcoverde-Buíque, afora de haver beneficiado várias outras regiões do Município, além de ter construído uma série de obras que de certa forma deixaram a sua marca registrada, como o imponente Clube Municipal, uma obra de porte destinada ao lazer do povo de Buíque, sem comparativos noutros municípios na ocasião em que foi construído. A eleição de 1976 foi muito tumultuada, com muitas ameaças, mesmo assim, na sua mansidão que é a sua marca e a sua maneira pacífica de viver, sem nunca ter dado um tapa ou levado sequer um toque de dedo de quem quer que seja, Blésman Modesto foi mais uma vez um vencedor e calou a boca dos truculentos que quiseram acabar politicamente com ele.

           Depois desse segundo mandato, que se prolongou até 1982, ficou alijado do poder por cerca de 14 anos, só vindo a ganhar uma nova eleição, em 1996, disputada contra o Sr. Arquimedes Valença, vencendo-o com uma inexpressiva margem de apenas 210 votos, mas o importante é que venceu. Nesse seu terceiro mandato, mesmo tendo sido o primeiro prefeito a implantar o pagamento do salário mínimo aos servido públicos de Buíque, de ter também realizado uma série de obras e de ter deixado o Município com uma boa e conservada frota de máquinas pesadas e veículos, mesmo assim, adquiriu pejorativamente a má-fama de político “covarde” e foi submetido a uma humilhante derrota para o antes derrotado, Arquimedes Valença, com um margem de quase 3,8 mil votos, os quais não se configurou numa propriedade esses votos, pois na eleição de 2004, contra Zé Camêlo, Arquimedes também veio a ganhar por magros 329 votos de frente, o que implica em dizer que ninguém é dono do voto do povo, mesmo que tente comprá-lo a peso de ouro. Por último, com a sua candidata Mirian Briano, Arquimedes Valença, veio a perder para Jonas Camêlo Neto, por uma margem de 1.877 votos de frente pró Jonas. Na verdade, quem perdeu não foi Dona Mirina Briano, mas sim, o Sr. Arquimedes Valença, em quem o povo adquiriu aversão política em face de as suas desastradas administrações. Nessa última eleição também, minha gente, Blésman Modesto, finalmente, recebe do povo o cartão vermelho, com a marca de “minguados” 500 e poucos votos.

          Política é assim mesmo. Todo político tem os seus altos e baixos. Agora, o importante mesmo, é que o povo não tem o devido conhecimento, apesar de o político ter pendurado as chuteiras, de quem foi quem na seara política de seu município, de quem fez isso, fez aquilo, malversou verbas públicas, o que fez realmente ou deixou de fazer. Blésman Modesto, minha  gente, como todo ser humano tem lá os seus defeitos, mas poucos tem o devido conhecimento do homem público que ele sempre foi.  Acho mesmo que a maioria da juventude de Buíque não sabe, tendo em vista que, no mundo de hoje dá a entender que os jovens nada querem com a vida, de que Blésman Modesto foi a mola indutora, a força motriz da educação de Buíque. E hoje muitos dos jovens sobrevivem porque seus pais, seus avós, se formaram num curso de pedagogia porque foi Blésman Modesto quem implantou pela primeira vez esse curso em Buíque, uma escola em nossa cidade. Na verdade, para se falar de alguém, caros camaradas, se deve ter mais subsídios e propriedade sobre o que se pode ou não falar de alguém. Falar por falar porque ouviu a versão de algum desafeto ou desinformado, é uma coisa, agora, ter ciência própria da verdadeira história, é algo extremamente diferente. Nunca é tarde para que essa nossa juventude, que parece mais alheia a tudo, que nada quer na vida, deveria ter um pouco mais de discernimento e força de vontade para saber mais sobre a própria história do lugar onde nasceu, pois povo sem história é povo sem memória e dotado de um futuro temerário. As escolas municipais de cada municipalidade, deveria ter uma matéria obrigatória sobre a sua própria história, pois a maioria do nosso povo, da nossa juventude não têm o devido conhecimento dos personagens que marcaram a história de cada município, nem sequer de dados demográficos, econômicos e outros de importância, sabem ou tem conhecimento, o que é uma vergonha. A história de um povo é que faz o presente e dá sustentação para o futuro.

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