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terça-feira, 22 de junho de 2010

LUIS CLÁUDIO DE DECA, UM AMIGO QUE FEZ E É PARTE DE MINHA HISTÓRIA


            Conheci o amigo Luis Cláudio, ainda na casa dos meu florescer da vida, aos vinte e poucos anos de idade. Era mais conhecido como Luis Cláudio de Deca ou de Dona Dalva. Nessa época estudamos juntos aqui em Buíque, no Ginásio Comércial de Buíque, a primeira escola fundada por Blésman Modesto e juntos concluímos o curso ginasial. Em Arcoverde, ainda juntos, também com o companheiro Vandelso, estudamos o Curso Científico, na Escola Estadual Carlos Rios. Luis Cláudio, a exemplo de mim, era uma pessoa extremamente estudiosa. Juntos estudávamos horas a fio até esquecer que o mundo existia adentrando muitas vezes noite adentro. Era um amigo companheiro de fé. Tinha a sua maneira de vida. Introspectivo, tímido, mal conseguia falar em sala de aula, quando precisa fazer alguma leitura, ou alguma representação de interpretação de algum texto. Não posso falar muito também, porque era dominado pelo medo, um pouco de timidez e vergonhoso, mesmo assim, procurava com um pouco de esforço vencer as barreiras da vitrine psicológica, enfrentar e encarar o mundo de frente. No término do Curso Ginasial, em Buíque, fui o orador de minha turma, para depois, num futuro mais distante, me tornar o orador oficial da minha turma de Direito, ao me graduar nas Ciênciais Jurídicas.

           O que me admirava em Luis Cláudio era a sua maneira mansa e pacífica de ser. Intropesctivo, era um ser humano que sofria para dentro de si mesmo sem expulsar a dor do peito, por temer ser mal interpretado ou ser alvo de chacotas pelos colegas da época. Eu o compreendia bem e o incentivava para superar as dificuldades interiores que dominavam a  sua vida. Além de ser um sujeito sério, honesto, era ao mesmo tempo, temente a Deus. Dizia até que a festa carnavalesca era uma festa "demoníaca" e "pecaminosa", com o que não concordava, mas respeitava a sua opinião. Era até, se não me engano, admirador da revolução de "Pirro" de 64, coisa que o fiz mudar de opinião. Como eu, que em 1975, após prévia aprovação no primeiro concurso público, fui admitido para trabalhar no BANDEPE, alguns anos depois, Luis Cláudio, também por concurso  público, se torna meu colega de Banco.

            Lembro bem que no tempo em que estudávamos ainda o Curso Ginasial em Buíque, Luis Cláudio foi dominado por uma paixão aguda que lhe causou uma incomensurável dor e sofrimento. Era tão tímido, que sequer tinha a devida coragem de chegar na menina e lhe falar namoro e externar o seu amor por ela. Estranhamente, para que viesse contatar com a menina, que hoje é sua esposa, arrumou uma fórmula de falar para ela do seu amor e do seu sentimento que o sufucava e o atormentava, só que, escreveu uma carta em inglês, que bem aprendeu por conta própria. O pior de tudo isso, era que a sua amada nada sabia de inglês e ficou sem nada entender, mas o tempo se encarregou disso e ela veio a se tornar a sua esposa, com quem hoje, pelo que sei, tem cinco filhas. Como eu, em 1991, foi demitido do BANDEPE.  Jogado à própria sorte. Morando numa cidadezinha na Zona da Mata onde por último trabalhou no Banco, que não me vem à memória o nome agora, montou uma fábriqueta artesanal de doces e procurou tocar o barco para a frente. Depois de alguns anos na luta de micro-empresário e fora do banco, de tantas ações trabalhistas contra a sua pequena empresa, veio a quebrar e entrar em derrocada, mesmo assim, não perdeu as esperanças, fez concurso para o Banco do Brasil e, pelo que sei, a exemplo de Pedro Mariquita, voltou a ser bancário nesse Banco. Sempre tenho lembrado de Luis Cláudio com bom grado e admiração, afinal de contas, dos bons amigos a gente nunca esquece, mas o fato de escrever este comentário em homenagem a essa grande amigo, me veio pelo fato de que, remexendo os meus velhos documentos e papéis, me deparei com um cartão que ele me mandou, em nome dele, da esposa e de as suas duas primeiras filhas, em 14.12.1982. Nessa época eu também já era pái de Hélder, com dois anos e de Hérmerson, com uma média de oito meses. Achei tão interessante a mensagem e o que ele escreveu sobre minha pessoa, que passo a transcrever nesta oportunidade a visão que ele tinha de mim:

"Há pessoas que, pela simples maneira de ser, influenciam outras, para melhor, é a isso a que me refiro.  Outras, nem com exemplos, instigação, demonstrações ou até empurrões o conseguem. É demais dizer que, por tudo, você foi quem irradiou mais influência sobre mim? - Musa inspiradora? - Mais que isso. Você me despertou idéias e gostos. Foi o modelo. Exagero? - Ao contrário. Muito do que sou hoje foi aperfeiçoado por você. Essa é a sua importância. Um modelo tipo Charles Bronson. Porém muito mais para um Alain Delon interior".

            Por isso mesmo é que não posso dizer que o mundo sem mim não seria diferente, isto porque, mesmo que tenha um único amigo que se espelhou em minha pessoa, naquilo de bom que pude ofertar e procurar dar de mim, isso camaradas, já me faz a diferença de poder ter ajudado alguém de certa forma, é deveras gratificante. Não só o amigo Luis Cláudio, mas acredito que outras pessoas neste mundo de meu Deus, souberam também me ouvir e me tirar o bom retrato como modelo de retidão, de honestidade e de dignidade humana, para dar os passos em suas vidas. Ao amigo Luis Cláudio, onde estiver, que Deus esteja sempre convosco, na sua caminhada que sei ser de evangélico.


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