Por mais que queiramos, a
gente se sente uma dorzinha qualquer, um mal-estar, uma ânsia de vômito, uma
diarréia, já começa a sentir medo de que algo pior possa vir a acontecer. Na
verdade, fomos preparados não para enfrentar tudo que aparece em nossa frente,
mas sim, estamos mais para termos medo do que outra coisa qualquer. Por mais
que se diga valente, na verdade não passa mesmo de um grande loroteiro e
medroso.
Nesta vida a gente tinha que ter uma fortaleza psicológica
que nos ensinasse a não ter medo, tampouco dor. Por que em muitos casos, a dor
é fruto do que psicologicamente armazenamos em nossa parte do cérebro que já
existe uma predisposição para sentirmos dor, seja por qualquer tolice. Também o
medo até do escuro, é uma flexão do psiquismo do qual nossa memória não está
devidamente preparada para enfrentar o medo e à medida que o tempo vai passado,
vamos sentindo mais medo ainda. Medo de doenças, da velhice que vai nos
tornando mais vulneráveis e medo de embarcamos de uma hora para outra, no
último trem da vida.
O pior de tudo mesmo, é fazer algo que não estava dentro de
nossa previsão, e via de regra, vir o sentimento de culpa, o medo de que algo
pior venha a acontecer e por aí se vai esse sentimento de culpa que nos mete em
grandes enrascadas de ter medo de tudo. A complicação do nosso psiquismo é de
uma variável, que nem sempre podemos controlar e em muitos casos, de um pequeno
problema, o transformamos num grande e desnecessário problemão, que em muitos
casos, nos leva para um baixo-astral de lascar o cano, mas bem que poderíamos
evitar que as coisas não fossem ou desembocassem para esse tipo de ângulo de
ver e encarar as coisas da vida.
A gente só nasce uma vez. Não acredito muito nessa de
reencarnação, de que numa geração pode ter sido homem, mulher, bicha louca,
lésbica e o escambau à quatro. Na verdade, o medo é de que ninguém ao fechar os
olhos em definitivo, jamais terá nova oportunidade de vir a abri-los em
ulterior dimensão ou mesmo num vácuo imenso que não nos leva a lugar algum.
Nascer, crescer, viver, isso dentro da normalidade da vida, só existe uma vez. Percorrer
todo esse percurso da vida, é ato de heroísmo, privilégio também de poucos que
nascem com vida, de um espermatozóide que dentre bilhares, consegue se safar e
ovular no útero materno.
Alimentar ideias que venham a amortecer todo o sofrimento
humano de aceitação dos fatos e coisas, aí já é um fato que a gente poderá ter
uma vida melhorada, afinal de contas, o medo está em todos os quadrantes do
Planeta e em todos os lugares, nas sombras de noites escuras como breu,
friorentas; no trovejar ininterrupto de violentos trovões, no relampejar que
dizima vidas, nas escuridões infindas que ninguém sabe aonde se vai chegar,
sempre se vai ter o medo presente na vida de cada um de nós. O medo só acaba
mesmo, quando o derradeiro medo que ceifa vidas, chega de uma só vez, numa só
pancada e leva cada um de nós, quer queira ou não e aí sim, o medo de verdade
terá finalmente o seu fim e ninguém terá mais medo de absolutamente nada,
porque de uma vez por todas, tudo que era vida, se tornou indolor e se
estacionou para sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário