Desde bem cedinho, que acalentei o sonho de me formar. Ser alguém na vida para mim, era um objetivo de vida a ser alcançado na minha luta, na garra e à duras penas. Sonhei, lutei e consegui o meu intento de vida. Talvez não o que do sonho cheguei a me deparar na dura realidade que da frente de batalha fiz a luta e da luta de vida, continuo na guerra continuada de uma luta que parece que nunca vai parar ou se um dia arrefecer de vez, vai ser no campo de batalha, é assim que espero que venha a ser.
Acalentei na vida os sonhos mais belos e puros; pensei em ajudar muita gente na medida do possível ou até mesmo, dentro de adversidades enfrentadas, estando sempre disponível para me dispor para enfrentar mais uma frente de luta. Foi assim, e assim tem sido a minha vida. Pode até parecer que não, mas é assim que tem sido. De início, ainda com tenra idade, queria ser padre: um homem de Deus, um catador de almas e conquistador de cordeiros para o aumento do rebanho em nome da santa bondade divina. Depois, já não queria ser mais um homem de batina, a crendice chegara a sofreu um pouco de alteração, à medida que ia me dando conta de gente e, já me imaginava um artista da pintura clássica doutros idos, assim como alguns dos renomados pintores, do tipo Leonardo Da Vinci, Rembrandt, Picasso, Van Gogh, entre outros, que me deleitava lendo alguma referência histórica de cada um desses famosos artífices da pintura que marcaram épocas não vivenciadas por nós outros. Mesmo assim, o tempo foi passando e cheguei num certo período, influenciado por um conterrâneo buiquense que morava em Ribeirão Pires, São Paulo, pensava em partir para a interpretação teatral, aonde o conterrâneo vivia nesse meio artístico voltado para a arte de representar daquela cidade paulistana e, pensava comigo, posso ser um ator, interpretar, quem sabe, hem! – Mas esse sonho também não vingou. Terminei em determinada época, a me contentar no meu trabalho árduo de peão e me conformar na aceitação das coisas como elas eram naqueles duros tempos em que vivi em São Paulo, sendo vítima de toda espécie de humilhação e discriminação, mas apesar de pensar retroceder, mesmo assim fui à luta e não desisti de ser alguém na vida e segui o meu caminho, mesmo sendo aqui e ali contrariado por um mundo embrutecido, conturbado, ainda assim, não desisti, cresci, lutei e acho que venci, não como deveria ter sido a vitória nessa guerra de vida, mas ainda assim, das várias frentes de batalhas que enfrentei e tenho pela frente, estou pronto para enfrentá-las ainda com mais vigor, apesar das incompreensões vividas a nos tentar barrar. Cheguei a estudar engenharia, na área de exatas, por três anos, isso porque, era apaixonado por matemática, física e português, mas sem nunca perder de vista o interesse pela política e a queda por questões de ordem social, para, no final, terminar por me formar em Direito, que vem a ser uma ciência de cunho político e social, embora alguns estudiosos, não considerem o Direito uma Ciência Social, isto porque, segundo a concepção de alguns, ciência só trata de coisas exatas e não problemas de ordem estritamente voltado para o humano. Bem pode ser, mas não é bem assim que tenho a minha concepção formada com relação às ciências jurídicas.
Pois bem, foi assim, à duras penas, depois de muitas lutas, vais e vens, que finalmente vim a me formar em Direito. Claro que me senti coberto de orgulho por ter conseguido o meu intento, o meu sonho de pobre menino de pés descalços, que trabalhou na roça, foi peão no Estado de São Paulo, humilhado, discriminado e até mesmo, tratado com indiferença por muitos, mesmo assim, nada disso me desanimou, pelo contrário, só me dava ânimo para continuar com o meu objetivo maior, que era mostrar que era capaz de ser alguém, não somente em ser, mas de estar presente e procurar servir ao próximo e me complementar como ser humano. As coisas na vida não acontecem por acaso, mas necessário se faz, a gente lutar sempre para que elas venham a acontecer.
Como a área jurídica é complexa, nos nichos onde busquei advogar, o profissional do Direito, antes de ser um especialista numa área específica, ele para atender a todo mundo, tem que ser um clínico geral da advocacia e não meramente um advogado voltado somente para uma especialidade qualquer no vasto e complexo mundo jurídico, não somente pela questão de sobrevivência, mas também, em buscar atender a todos que do profissional necessitam em determinadas circunstâncias de suas vidas. Com vinte anos de profissão, acho que não sou um homem realizado como acho que deveria, mas que busco sempre dar o melhor de mim e sempre aprender mais com os que estão à minha volta, isto porque, a vida é um eterno aprender e por isso mesmo, devemos ter a devida humildade de concluir, que na vida, por mais que busquemos ser os tais nesse ou naquele assunto, na realidade, a conclusão lógica a que cheguei a cada dia que passa, é a de que na verdade nada sabemos. Somos eternos alunos no decurso de nossas vidas e se alguém se atrever em dizer que é um sabichão de primeira linha, que é o maioral, digo-lhe com propriedade e sem pestanejar, que na verdade quem assim se acha, não passa de um enganador, um ludibriador da boa vontade do povo, um ilustre ninguém. Na verdade, a conclusão que posso chegar, é a de que ninguém sabe de nada e a ninguém é dado o direito de ser o dono da verdade absoluta, pois esta, só a Deus pertence.
Nessa odisséia de vida, na labuta diária do advogado criminalista, por mais que se faça em favor de um acusado, na verdade para muitos, principalmente familiares de quem está preso, acha que o profissional não está fazendo esforço algum em favor do seu constituinte e, para os familiares de quem foi vítima, o advogado é um inimigo do povo ao estar defendendo um criminoso sangrento, cruel e que deveria queimar sem piedade nas profundezas do inferno. Infelizmente, o advogado criminalista, é sempre um incompreendido no inferno astral em que é colocado e no inferno astral que verdadeiramente passa a viver com as aporrinhações de pessoas que além de não entenderem absolutamente nada de Direito, acha que advogado que se preza, não deixa preso na cadeia, mas sim, o coloca de imediato em liberdade. Se assim fosse, seria muito bom, mas a realidade processual, na maioria dos casos, na ignorância dos populares, pode ser outra bem diferente, mesmo que seja fruto de maquinação ou da criação de uma peça de ficção criminalística. Ser advogado criminalista para mim, apesar da realização da qual sou possuído na defesa de um acusado em Plenário do Tribunal do Júri Popular, é viver dentro de mim, o meu maior inferno astral no regular exercício da profissional na área criminal. Somos vítimas das constantes incompreensões e até mesmo, das que vão elas além das compreensões humanas que podem até levar à morte, colegas que na defesa intransigente de algum acusado de haver cometido um delito hediondo, chegar mesmo a ser alvo fatal de algum tresloucado que imagina que quem defende o Direito, está disseminando a maldade e plantando a crueldade que deve permanecer até morrer nas masmorras de uma prisão. A visão distorcida que tem a sociedade do advogado criminalista, é algo que beira à loucura de gente que acha que advogado bom é quem solta um acusado, mesmo que seja culpado e, por outro lado, quem da mesma forma, acha que quem solta o acusado, mesmo que seja inocente, está prestando um desserviço à sociedade, pensando nessa linha, que mais vale um inocente com a sua liberdade segregada, do que um culpado apodrecendo nos porões do sistema prisional cruel da política carcerária brasileira. Advogado criminalista, apesar de ser um incompreendido, pode-se dizer em muitas circunstâncias, um herói, isto porque, mesmo sabendo da hediondez de um crime praticado, ele está prontificado a defender não o ato em si, mas o sagrado Direito de todo e qualquer cidadão, seja qual venha a ser o crime que se pratique e, ao fazer a defesa, o faz com a bravura e coragem, próprias dos bons advogados criminalistas que estão sempre com a ponta da língua afiada, com o Direito colocado dentro da lei à serviço da Justiça, e sempre com a fortaleza de no Plenário do Júri, fazer ali o bom combate em favor de quem o constituiu e não tinha voz para se defender. Quer na condição de incompreendido, mesmo que viva dentro do seu inferno astral, o Advogado Criminalista é antes de tudo, um herói.
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