Capítulo I
O SINAL VEIO DO CÉU
Após ter vivido uma tumultuada vida mundana terrena e de ter passado por muitas adversidades, Erfrain Emanuel da Silva, já na casa de seus cinqüenta anos, aparecendo no couro cabeludo as primeiras touceiras de cabelos brancos, numa certa manhã resplandescente que surgira no firmamento do nascer de um novo dia, o orvalho matutino ainda envolvia a rala vegetação, como que num passe de magia esplêndida, envolto numa região mística de beleza invulgar, sereno, como que profético, ele de repente, percebe que algo como uma luz brilhante, assim como uma bola de fogo, surgia do céu e como se fora um sinal dos deuses, transformando-se aos poucos numa imagem como se fora a de Jesus Cristo e, de repente, passou a dizer-lhe: “filho, escuta-me, tu a partir deste momento, aqui nesta planície de Zeus, nesse imenso Vale do Catimbau, vais em meu nome e de meu Pai, a plantares a primeira semente de uma sociedade perfeita como Deus, onde nada faltarás e onde guiarás as ovelhas que ti seguirão, preparando-as para no futuro, habitarem a minha casa, a casa de Deus, no Paraíso. Tu fostes o escolhido e portanto, ti livras das coisas inúteis, imprestáveis, reles e rústicas dessa vida mundana que até agora tu levastes e oras em meu nome e em nome do meu Senhor. Vais filho, implantas nessa bela planície rodeada por essas belas montanhas a sociedade perfeita, a sociedade que anunciará a volta do Messias para tirar todos os pecadores da terra e aniquilar com aqueles que teimarem em continuar no pecado, enviando-os para o fogo do Inferno de Satanás”. Pouco depois, assim como surgira a imagem celestial, desapareceu na imensidão do Céu como um ínfimo ponto brilhante de uma estrela e se deslocar velozmente no firmamento infindo.
Parecia até um sonho aquele momento desse milagre, em que o Cristo vindo dos céus determinou essa missão para Efrain da Silva. A manhã pensara antes dessa visão, que seria como outra qualquer vivida por ele desde a sua juventude, na década de setenta, onde o que mesmo importava para ele era o lema “Paz e Amor”, inspirado no Livro Utopia do escritor inglês Aldous Huxley, mas não, atônito, embevecido, pensava que estava enlouquecendo e por um momento pensou estar cego, mas pode sentir em seu corpo o domínio de algo poderoso, mágico e belo e subiu à montanha do Elefante para pensar e foi então que se deu por conta que a partir daquele momento fora um homem escolhido por Deus. Sua vida em meados dos anos oitenta, ainda era dominada pela turbulência, pela incerteza, pelas fragilidades mundanas e ainda teimava por continuar vivendo um sonho sonhado nos anos setenta, que àquela altura talvez, com tantas transformações mundiais, a economia globalizada, o império americano tão decantado, dominando o mundo, a era da comunicação informatizada, parecia tudo diferente do que ele pensava que ainda seria, mas naquele momento, proustou-se no chão, de bruços, na relva suave e ainda molhada e passou a repensar tudo de inútil que viveu em toda sua vida: as infindáveis noites movidas à drogas e orgias; as blasfêmias dirigidas a Deus e a Cristo; o amor apegado à liberdade libertina, à matéria e as coisas terrenas, como se tudo isto fossem o mais importante. Nessa vida vazia, se via por vezes, dominado por uma intensa depressão, como que possuído por uma grande ânsia de encontrar algo na vida, de uma caminho que fizesse algum sentido para viver. Pensava às vezes, em se matar, tirar sua reles e porcaria de vida, pois sentia às vezes que não fazia sentido continuar vivendo neste mundo cruel. Naquele momento de êxtase, não poderia pensar de que um pobre Gaúcho lá de Paço Fundo, foi receber àquela dádiva dos céus para formar um povo, para guiar uma gente, cordeiros de Deus, em nome do Senhor Jesus Cristo. Mas que estava fazendo um ser riograndense do Sul naquelas paragens, no Vale do Catimbau, tão distante das terras tropeiras? - Será que fora movido pelos ecos de Érico Veríssimo?
Efrain da Silva, teve uma vida até então, regrada pelo vício em drogas, bebidas e todo tipo de alucinógenos. Já na década de setenta, no auge da filosofia hippie, ainda jovem adolescente, ele se iniciou nesse mundo, inspirado nessa filosofia que pregava, nos ensinamento de Aldous Huxley, a prática do amor livre, de uma sociedade sem preconceitos, sem barreiras e sem a menor responsabilidade com a vida. Era uma vida livre, mas ao mesmo tempo, preso às drogas; amava livremente, mas também, não tinha amor por ninguém que não o sexo livre, banal e de todas as formas possíveis. Era a vida de liberdade libertina, que teve início na juventude americana, que enlouquecida pelas músicas dos Beatles, Roling Stnes, Janis Japlin e Jimmy Hendrix, se espalhou mundo afora e Efrain, foi um dos ferrenhos seguidores dessa filosofia que procurava inverter todos os valores dogmáticos da sociedade até então. Queria ser como Jonh Lennon; se vestia como ele, se drogava igual a ele, mas jamais poderia ser Jonh Lennon. Tinha mesmo que se contentar com aquele pobre jovem gaúcho perdido num mundo, seu pequeno mundo, que construiu a seu modo de vida, mas que queria colocar tudo nos trilhos e seguir um novo rumo de viver.
Drogas, rock in rol, mulheres, festas, isto para Efrain da Silva, nos vários lugares por onde houvera passado ou por onde pouco vivera, como uma pessoa nômade, desnorteada, frenética e impassível, girando o mundo em sua motocicleta de 1.500 cilindradas, era tudo que ele queria, até que em uma dessas suas viagens sem rumo, como sempre fora o seu destino, aportar como que por acaso, no Vale do Catimbau, que para ele, passou a ser um lugar místico e onde passou a viver como um eremita, numa caverna localizada na montanha do Cachorro, vindo então a ter uma vida contemplativa e isolado do mundo. Para manter essa sua vida nômade e seus vícios, Efrain da Silva por onde passava, girando mundo, do Oiapoque ao Chuí, vivia fazendo adereços, apetrechos artesanais, aplicando piercings e fazendo tatuagens nos jovens e, foi assim, que numa dessas idas e vindas, que foi se dar no Vale do Catimbau e onde receber o sinal que veio dos céus. Não tinha luxo não senhor. Vida simples, porém não deixava de ter uma linda mulher amalucada como ele, para lhes fazer companhia pelo mundo afora. Comida, não era o problema maior. Um importante mesmo era ter um bom baseado de maconha para fazer sua viagem alucinógena. De resto, não dava lá muita importância à vida, pelo menos era o que pensava até aquele mágico momento, onde tudo iria dar um giro de cento e oitenta graus em seu modo de viver, afinal de contas, não é todo dia que se recebe um sinal dos céus, de um Deus descendo das nuvens, brilhante, como uma luz ofuscante e resplandescente, como se fora um Objeto Voador Não Identificado, um OVNI e aquilo tinha lhe tocado profundamente o seu eu, seu coração e não mais poderia continuar com a vida mundana que procurara ter como padrão até aquele momento.
Ter ido parar naquele lugar místico, parecia um sonho difícil de ser imaginado, mas ali houvera chegado. O Vale do Catimbau é uma região que se pode dizer sonhada por qualquer um ser vivente. Rodeada por serras, morros e montanhas, além de planícies, esse vale encantado tem mais de 150 milhões de anos de existência, dizem até, por vestígios fósseis encontrados, que antes de ser formado por todo esse complexo de montanhas, serras em arenito coloridas, distribuídas por mais de cinqüenta cores, esculpidas várias delas pela ação do tempo, tendo geologicamente adquirido formas as mais diversas de animais e objetos, a exemplo do morro do elefante, do cachorro, jacaré, tartaruga, gorila, concha, chapéu, torres, caveiras, padres, entre outras formações. Nada podia ser melhor. Era uma dádiva de Deus, após anos desandados, vir parar naquele lugar belo e místico, um presente que só a natureza poderia conceber.
Após aquele sinal dos céus, Efrain da Silva, depois de algumas horas em estado de êxtase, reflexão e contemplação, procurou uma caverna, furna, no morro do elefante, onde se alojou e então, de joelhos, jurou que iria cumprir com o pedido dos deuses e de que a partir dali seria um outro ser humano e iria dar uma outra destinação à sua vida a serviço do Senhor, da Luz Divina surgida dos céus.
OBS: Especialmente para o amigo Cabiludo Doido.
1º quero lhe agradecer meu amigo por ter especialmente me dedicado esta bela historia... Não tenho duvida que o nosso Deus e um ser superior lá de fora, que vive olhando tudo e analisando os bons homens, aqueles que não se apegam a coisas materiais e não pensam que o mundo é deles... estes homens que com um sinal divino deixariam tudo pra viver a verdadeira vida, que pouca gente conhece... Primeiramente nós não somos donos de nada, tudo que nós temos já estava aqui... Em toda a antiguidade tem vestígios de Deuses chegando em suas naves e deixando ensinamentos, sinais, etc... os seres humanos têm mudado, se voltarão a viver como antes, ninguém sabe... Eu estou esperando um sinal divino, muitos também estão... quem sabe a humanidade vai acorda e realmente começar a viver a vida como se deve... amor, paz e harmonia com todos os seres vivos. (Rock n’ Roll também rsrsrs... pois a figura do rock significa "morte ao padrão de vida tradicional").
ResponderExcluirAbraço
cabiludo.blogspot.com