QUEM REALMENTE SOU

Minha foto
BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

PUBLICAÇÃO DE MATÉRIA DO AMIGO CORDELISTA DE BUÍQUE, PAULO TARCISO



Literatura de Cordel
O POLÍTICO E O BABÃO


Autor: Paulo Tarciso
Buíque (PE)
O POLÍTICO E O BABÃO
Literatura de cordel
   Autor: PAULO TARCISO
Buique (PE)

Esse eu fiz mesmo com gosto
Só para nos despertar
Sobre o político e o babão
O cargo pior que há
Merece mesmo o desprezo
Nem mesmo o chão pra cruzar.

Se o político tem defeito
Pior mesmo é o babão
Tudo que o patrão fizer
Merecendo até prisão
O puxa-saco o aplaude
Diz que o chefe tem razão.

Se for derrubar a escola
O babão diz: - Acertou
Já num tá servindo mesmo
O povo já abandonou
Esse prefeito é pra frente
Valeu meu voto, doutor!.
Mas se o projeto for outro
O cemitério implodir
-Eu aplaudo, o babão diz
Não é preciso pedir
O prefeito tem visão
Prefeito bom é esse aqui.

Quando o outro candidato
Disputa com seu patrão
O babão chega estremece
Que a baba cai pelo chão
Se intriga até da mulher
Se ela toma outra opção.

Diz que Pedro do outro lado
Já é mesmo um derrotado
Não vai ter 500 votos
Chama até pobre coitado
E se outro aparecer
Diz: É mais desmantelado.


Só quem presta é o seu chefe
Até seus sapatos limpa
Abre porta do veículo
Nunca cansa a sua língua
Não sabe que logo em breve
Vai sofrer desprezo, à míngua.

Quando um do outro lado
Que ele disse não prestar
Muda para o seu patrão
Ele vem logo abraçar
Espalha nos quatro cantos
-Ô cabra bom de lascar!

-Eu sabia que ele vinha
Agora ele acertou
Homem decente e direito
Com meu patrão já ficou.
Pode até num valer nada
Mas o babão consertou.

Se o patrão corta uma verba
Que era da educação
O babão diz: -Está certo
Ali num tem precisão
Pra que precisa merenda
Engorda e dar congestão.

O povo tá precisando
De remédio e hospital
O babão diz: -Mas pra que?
Tem alguém passando mau?
 É gasto sem precisão
Vacina as vezes faz mal.  

Se a precisão é de médico
Seu chefe não contratou
O babão diz: - Mas pra que?
O povo aqui se curou
Usa o remédio caseiro
Tá certo sim, meu senhor.

Se o patrão mora aqui perto
Se muda pra bem distante
Pro povo não vê-lo mais
Em qualquer hora ou instante
O babão diz: - Está certo
O povo é muito pedante!.


Se o chefe bota a família
Inteira pra trabalhar
E o vira-lata de casa
Tem contra-cheque a assinar
Mesmo o povo criticando
Babão em defesa está.

Diz: -É gente da confiança
Um povo bom e especial
Mas mesmo que não trabalhem
O babão diz: É normal
Primeiro o povo de casa
                                            As sobras, pro animal.

Se um cantor canta na festa
E não recebe o cachê
O babão diz: -Não precisa
Um dia vai receber
Se o patrão for reeleito
Sei que não vai se esquecer.

Ai o patrão decide
Sempre pagar atrasado
O povo só reclamando
Contrata um advogado
O babão toma a frente
Diz: -Ô povo aperreado.

O babão é tão vazio
Güenta tanta humilhação
Quando o chefe esquenta o quengo
Não quer ouvir babação
Manda o baba ir embora
É de cortar coração.                   

O baba chora e desfaz
Pro povo não perceber
Mas a tristeza é tão grande
Que deixa até de comer
O sono desaparece
 Té o dia amanhecer.    

Quando chega o novo dia
Já tá de novo o babão
Na porta do “coronel”
“Pedindo a sua bênção”
Mesmo que o chefe não olhe
Ele se abaixa até o chão.


E a cor do chefe político?
Ele veste o ano inteiro
Seja vermelho ou azul
Ou amarelo o letreiro
Ele anda norte ao sul
Pois é um babão verdadeiro.  

A calça, a camisa e as meias
É a cor do seu patrão
Penso que até a cueca
E se usar “cilourão”
Tem que ter a mesma cor
Que é pra chamar atenção.

Se alguém discorda do chefe
E o babão escutar
Vai correndo dar o recado
O seu amigo entregar
Se o colega é perseguido
 Babão vai comemorar.   

Quando tem uma passeata
O baba pega o patrão
Bota nas costas e carrega
Se espreme até o pulmão
Em vez e jogar o lixo
Leva pra o palco o chefão.

É assim esse animal
Quase de estimação
Merece todo desprezo
E nunca a nossa atenção
É coisa, um puro objeto
 Não vale mesmo um tostão

Um conselho quero dar
Para o baba profissional
Puxa-saco o ano inteiro
De janeiro até o natal
Procure se dar valor
Não vê que isso é imoral?


Vá cuidar da sua vida
Ache outra ocupação
Vá vender fruta na feira
Mesmo tecido ou colchão
Lavar carro ou cortar carne
 Consertar televisão.         

Dê valor a você mesmo
Procure outro afazer
Mude essa roupa política
Dar nojo até em te vê
Mude também de conversa
Ninguém suporta você.

Fale sobre outro assunto
Mas só de política  não
Em vez desse  assunto nojento
Em banco, praça ou balcão
Fale então de futebol
Qual time vai ser campeão?

Se este conselho seguir
Você terá mais respeito
Irá ter dignidade
E verá rápido o efeito
Basta você aceitar
Ser baba é o pior defeito.   
      
       Autor:  Paulo Tarciso
      Buíque – PE. Maio 2011            

             Obs:  O autor é formado em letras e em Direito e exerce a função de Técnico Judiciário na Comarca de Buíque.  Autor do projeto cultural Cordel Arte & Cultura , tem realizado apresentações em Escolas, Câmaras de Vereadores, praças Públicas, etc.
         Já publicou cerca de cem cordéis, sendo os dois mais destacados “Violência na TV” que é uma crítica ao mau uso da televisão e “O Príncipe”, tradução do clássico de Maquiavel para a linguagem cordelista.
         Já foi matéria jornalística no NE-TV da Rede Globo Nordeste e no ABTV da TV Asa Branca de Caruaru, com o cordel “OS VINTE ANOS DA CONSTITUIÇÃO CIDADÔ escrito em outubro de 2008, em homenagem aos 20 anos da Carta Magna brasileira.
   Contato: Cel. (876) 9637.9801
Email: ptarcisofreire@hotmail.com                          
                                                      

                                           

Nenhum comentário: