segunda-feira, 3 de setembro de 2012

NOTA DE FALECIMENTO DA LEI DA FICHA LIMPA





NOTA DE FALECIMENTO
*Postagem do Blog Combate Popular, de William Pôrto.

   O que resta da consciência cívica da nação, os raros lídres honrados e o remanescente dos cidadãos libertários e dignos, convidam (mesmo sabendo que é desnecessário porque a maioria não está nem aí para o que é sério) a sociedade e o ovo em geral para o sepultamento da Lei da Ficha Limpa, que faleceu de morte matada, prematuramente, vítima de assassinato brutal  perpetrado pela cambada da amoralidade e imoralidade, depois dela,a Lei da Ficha Limpa, ser perseguida, humilhada e torturada, sem que os que a gestaram, as entidades civis e os que se dizem éticos, fizessem um gesto para salvá-la realizando movimentos cívicos nas ruas e praças. Os maiores algozes dela foram a covardia da sociedade e a prevaricação judiciária.
   O féretro sairá da cabana de taipa da Ética e percorrerá as ruas da Liberdade, da Vergonha na Cara e da Decência, rumo ao cemitério das boas intenções de araque, onde são seputadas as leis feitas para não funcionar neste país tropical, festivo e imoral.
   Nos seus estertores finais a Lei da Ficha Limpa se disse triste e decepcionada com as altas cortes de justiça, com a sociedade e com os cidadãos covardes, principalmente com as entidades que a gestaram e a abandonaram à própria sorte.
   No seu último instante de vida, na hora final, ela apenas pediu que na lápide de seu túmulo fosse gravado o pensamento de Rui Barbosa: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se os podres nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
   Enquanto a Lei da Ficha Limpa agonizava e morria, os fichas sujas de todos os naipes, do Oiapoque ao Chuí, riam e coemoravam de copo de uísque doze anos na mão, certos de que a corrupção e a impunidade jamais serão vencidos nesta nação que ninguém sabe se é um Bataclan ou uma casa de noca.

P.S.: William Pôrto é natural de Arcoverde, morou em Pesqueira por longo tempo, trabalhando como bancário no BNB e hoje curte o ócio da aposentadoria na cidade do Recife, mas sempre está antenado como "jornalista maturo", nos fatos e acontecimentos da atualidade. Como ele, também comungo do mesmo pensamento e mesmos ideais.

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