O título é de um dos livros do
advogado, político e escritor pernambucano, nascido em 1915 no município de Bom
Jardim e, que por ser defensor dos agricultores da Zona da Mata de nosso
Estado, foram os próprios trabalhadores da terra, que o passaram a ver como
líder e daí foi criada a denominada Ligas Camponesas, em que ele foi combatido
ferozmente pelo regime militar, condenado e preso.
Foi na condição de preso político na
época da escuridão da ditadura militar, que ao nascer sua filha, que sequer
teve o direito de ir vê-la, que da prisão onde estava encarcerado, condenado
que fora a mais de dez anos de prisão, escreveu uma espécie de carta-testamento
que se transformou no livro que dá título à matéria, para sua filhinha de
apenas dois meses de vida. Na carta-livro, ele relata as agruras da prisão,
fala das ligas camponesas, do movimento e de sua vida, mas sempre buscando
refletir a tristeza de não ter podido ir visitar a sua filha de tenra idade,
que nascera há poucos meses e que ele desejava um Brasil de esperanças para
ela, Isabela.
Pois bem, Francisco Julião,
estigmatizado como comunista, apesar de ele mesmo alegar que nunca o fora,
porque se considerava um “chardinista”, por seguir Teilhard de Cardin, teólogo
avançado da Igreja Católica e foi um dos fundares do PSB junto com Otávio
Mangabeira, apesar de nunca ter aparecido historicamente incluído como tal.
Como houvera sido implantado o regime de exceção e ele era advogado dos
camponeses da Zona da Mata de Pernambuco, se transformou praticamente num “santo”
junto os agricultores, que assim passaram a considera-lo, mas comunista ele
nunca foi. A verdade é que os regimes militares, como acontece no momento
atual, sempre vem com essa deixa de “comunista” para quem não concorda com quem
está no poder de mando, contrário a um regime embrutecedor, como o foi o regime
militar implantado em 1964 e como estão querendo repetir a dosagem no momento
atual.
Como houvera sido condenado e estava
recluso cumprindo pena, evidentemente o seu livro estava na lista negra dos
censurados e quem fosse pego com um de seus trabalhos literários, seria preso
pelo SNI como subversivo, era enquadrado na lei de segurança nacional e
processado e muitas vezes condenado. Foi ainda na década de 70 para o seu
finalzinho, que morando, trabalhando no Bandepe e estudando no Recife, que
ousei ler o livro “Até Quarta, Isabela!, do “comunista” Francisco Julião, porém
tive todo o cuidado ao carregar, a ponto de escondê-lo dentro de minhas
próprias calças, e o escondia embaixo de sete capas para não ser pego e preso
como subversivo pelos tantos olheiros do regime, semelhantes aos atuais “bolsominions”
que na verdade, não passam de braços olheiros e dedos-duros do psicopata que
está no poder, se bem que, no mundo de hoje, com as redes sociais abertas para
se publicar o que se bem quer e entende, esses “olheiros” só estão fazendo
mesmo o reles papel de bobos da corte, esta é a verdade. O combate virtual só
vai acabar, se acabaram as redes e os canais sociais livres, senão a guerra de
palavras só tende a recrudescer ainda mais, pelos absurdos que eles vêm
cometendo.
Por esta razão é que sempre tenho
dito, um regime em que se confunde um militante de uma causa, só pelo fato de
tomar partido por uma minoria esquecida, pobre e oprimida e que precisa de uma
voz, ser rotulado de “comunista”; de ao ler um livro, só porque não está na
cartilha do mandante opressor ocasional, vir a ser preso como subversivo, isto
não pode ser considerado estado de normalidade em lugar nenhum do mundo, mas
sim, um povo dirigido por um regime de exceção ou por um grupo de desajustados
e psicopatas como está acontecendo no momento. Mesmo que tenha que endurecer
esse regime distorcido da realidade, ainda assim, vou ler tantos “Até Quarta,
Isabela!, quanto quiser, porque os prisioneiros estão aprisionados de verdade
em suas mediocridades e os libertos de alma como Lula, estão livres porque têm
a consciência de quem buscou combater o bom combate e por isso mesmo é que está
encarcerado politicamente numa prisão em Curitiba, no Paraná. Então nada mais
do que ele aguardar pelo seu “Até Quarta, Isabela!
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