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domingo, 2 de setembro de 2012

ARTIGO - A SÍNDROME DO SUCESSOR



*Edilson Xavier 

            A pesquisa sobre os candidatos a Prefeito de Arcoverde para essa, realizada e divulgada pelo instituto Múltipla, apresentou um amplo favoritismo da candidata Madalena Brito sobre o ex-deputado Israel Guerra. Entretanto, à guisa de argumentação, ressalte-se que há um acirramento quanto às pesquisas realizadas pelo Múltipla, cujo conteúdo é contestado pelo Ipec, fato que por si só e pela natureza da atividade realizada pelo IPEC e MÚLTIPLA, causou estranheza na política local, inclusive com acusações de plágio, ferindo a ética profissional, segundo se alegou. Dissabores à parte, vamos aos nomes. O prefeito, mesmo diante de plêiade de nomes à sua disposição, cuidou logo de apoiar Madalena Brito. Ficaram para trás Luciano Pacheco, José Ivan e Geovane Freitas, Secretário de Finanças, este sim, seria o da preferência do Prefeito, mas não esteve bem posicionado nas pesquisas: 1% e 2%. Sendo a política uma atividade dinâmica, entendeu o Prefeito de apoiar àquela que está melhor posicionada nos números das pesquisas, montando uma chapa doméstica, desprezando uma composição mais ampla, como é de seu estilo. Já escrevi anteriormente sobre a síndrome do sucessor, fenômeno cada vez mais presente nas eleições municipais, não importando, é certo quais as escolhas, mas o fato é que essa síndrome tem vitimado muitos ex-prefeitos. É fácil explicar. Muitos prefeitos empenharam-se, como era de se esperar, para eleger seu sucessor, na vã esperança de continuarem dando as cartas na Prefeitura, na realização de despesas e nomeações de seus protegidos, constituindo o sonho dos ex-prefeitos. Porém, a realidade política é que na maioria dos municípios constituiu engano d'alma ledo e cego. O fato é que ao se eleger com o apoio do prefeito, o sucessor ao assumir o cargo, rapidamente se esquece daquele apoio indispensável e de repente, começa a hostilizar àquele que lhe apoiou na acirrada disputa. O Chefe político Val de Betânia diz que quando o Prefeito elege seu sucessor, obviamente não é garantia de continuar prestigiado, porque logo cedo o novo Prefeito esquece desse apoio e rompe com o aliado que lutou por sua eleição. Quer mandar sozinho na Administração sem a sombra inconveniente do sucedido. Esse rompimento ocorreu em Arcoverde, quando o Prefeito Giovanni Porto elegeu seu sucessor o vice-prefeito e no ano seguinte em 1973, já estavam rompidos, quando Giovanni sequer teve seu apoio na eleição para deputado estadual em 1974. Entretanto, o rompimento mais notório em Pernambuco ocorreu entre João Paulo e João da Costa, quando este teve o apoio daquele para Prefeito do Recife, e após a posse, João da Costa, logo rompeu com o seu protetor, João Paulo e hoje sequer se cumprimentam. É criatura se voltando contra o criador. Em Garanhuns, o então Prefeito Silvino Duarte, após dois mandatos, apoiou o desconhecido farmacêutico Luis Carlos, tendo este rompido com seu aliado, fato que causou muito constrangimento a Silvino, que esperava do novo Prefeito lealdade, pois contribuiu para sua eleição. Idêntico procedimento ocorreu após a última eleição para Prefeito em Gravatá, quando o Prefeito Joaquim Neto, apoiou o atual Ozano Brito, e ao assumir o Governo Municipal cuidou logo de romper com o ex-prefeito, criando, dessa forma, mais um precedente desagradável na política municipal. No Município de Tupanatinga o Prefeito Manoel de Roque, conhecida liderança local resolveu apoiar seu vice-prefeito, Manoel Tomé, tendo sido eleito com seu forte apoio e, mais uma vez, o rompimento veio a ocorrer após sua posse. E o que é mais grave é que o ânimo se acirrou entre ambos, que foram às vias de fato. O episódio mais recente na política municipal é o barulhento rompimento do ex-prefeito de Pesqueira João Eudes com a Prefeita Cleide Oliveira, e ambos se enfrentarão nessa eleição. João Eudes quando prefeito apoiou fortemente Cleide, ajudando-a a elegê-la e agora sequer se cumprimentam. O mesmo tipo de rompimento ocorreu entre João Mendonça e o Prefeito de Belo Jardim, Marcos Coca-Cola, que foi eleito com o apoio daquele. Hoje estão em campo opostos. Em Iguaracy, os concunhados Albérico Feitosa, hoje prefeito recebeu em 2008 o apoio do então prefeito Dessoles e estão rompidos em nível pessoal. É a síndrome atacando os políticos. Por fim, não há como deixar de se referir a Arcoverde quando na eleição de 2004, Rosa Barros era a Prefeita e resolveu apoiar Zeca, constituindo apoio decisivo, e no final o resultado daquele acirrada eleição foi uma pequena diferença, com acusações de abuso de poder econômico, gerando processo judicial. Entretanto ocorreu em Arcoverde o inesperado distanciamento entre Rosa e Zeca, que minimizando àquele apoio, procurou se afastar de Rosa, não obstante tenha sido uma campanha em que se ostentou o fator econômico, que afinal predominou. É uma constante em Arcoverde. No entanto, o rompimento entre os dois – a criatura e o criador – hoje é em nível pessoal, tendo a ex-prefeita sido muito criticada na última campanha eleitoral pelos ex-protegidos que permanecem no Governo Municipal. As pessoas mais próximas a Rosa repetem sempre que a ex-prefeita foi vitima da mais extremada ingratidão, por parte do Prefeito. Hoje se acusam mutuamente. Certamente o Prefeito de Arcoverde sintonizado com a síndrome do sucessor que continua vitimando ex-prefeitos, tratou logo de apoiar sua Vice Madalena Brito, melhor posicionada nas pesquisas, por vislumbrar nele a esperada fidelidade visando garantir apoio à sua caminhada política. As pesquisas lhe apresentam como a melhor em números. Quando o eleitor escolhe um Prefeito não escolhe só um gerente. Escolhe um líder. Cuja palavra serve de referência, de baliza. Ele precisa, na democracia, ter alguma disposição para o diálogo. Dizem os analistas mais experientes. O articulista considera estranha a atitude de Julião Guerra se eximir do processo eleitoral, ante o carisma de que ainda é possuidor. Após criar expectativa favorável à indicação de seu nome para a disputa eleitoral, quando compareceu a vários eventos partidários, provocando certa ebulição entre os possíveis disputantes, eis que resolveu não entrar na disputa. E o que é mais grave sem dar qualquer explicação aos seus liderados. Há certa diferença entre Julião Guerra e Israel, como é notório. Israel é um animal político para atuar no processo eleitoral, visita o povo, organiza os eventos e atua fortemente, não havendo limites na luta eleitoral. Por sua vez, Julião não tem essa disposição, mas é possuidor de enorme carisma que ninguém explica.
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*Edilson Xavier foi vereador, ex-presidente da Câmara Municipal de Arcoverde, ex-presidente da OAB-PE, Sub-Seccional de Arcoverde, e é advogado militante na atualidade.

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