Quando não me entendia
muito bem da vida e do mundo, fica apreensivo quando da proximidade das festas
de final de ano (leia-se Natal e a festa da virada). Ficava assim extasiado,
com o espírito de contentamento, mal me contendo para ir à rua, ver o parque
que se montava no centro da cidade, andar no carrossel, nas barcas de Leba,
menos na roda gigante, porque me metia medo. Não gostava de alturas. Tinha
muito medo de subir e de lá cair e me espatifar no solo. Por isso mesmo não
gostava de roda gigante.
O centro da cidade dominado por pessoas, gente da zona rural,
matutos; as matutinhas, que gostávamos de paquerar e gente alegre, contente,
apesar da simplicidade, se tinha vida às festas de final de ano. A travessia do
ano velho para o novo, depois da tradicional missa do galo vinha o baile de
final de ano, que era algo que não poderia deixar de existir. Tradição de
longos anos, não haveria como se acabar assim. Era interessante, na virada,
quase que todo mundo se embriagar, festejar, dar boas vindas ao ano novo, as
ruas cheias de montes de abacaxis, certamente para cura da ressaca da matutada,
mas era algo assim fenomenal essa época que vivi e sei não voltar jamais!
Espírito de Natal, mesmo que não acreditasse tanto nessa
fantasiosa história de menino Jesus, era algo que dominava a alma da gente;
como se fora uma dominação verdadeira desse espírito de festas de final de ano.
Todo mundo buscava ali se irmanar, como se todos estivessem a festejar a
renascença de uma nova esperança de vida, de renovação e esperança. Amigos sempre
ia a casa de um, de outro, sempre tomando umas e outras, abraçando os amigos e
trocando ideias já fora do senso comum, mas todos irmanados por momentos de
alegrias.
Nos dias atuais, isso não mais existe. Nada sobrou para
preencher nossos corações. Nem mesmo os rústicos brinquedos são mais colocados
nas ruas para as crianças brincarem, porque nesse mundo de facebook, de
internet, de whatsApp, Twitter, Instagran, não mais existe espaço para o que
dantes era belo, simples e com isso, se fazia a alegria extasiante de muitos,
que nos dias atuais não mais existe.
O mundo das artificialidades tomou conta do que dantes era
purismo, beleza e amor. Àquele espírito de encanto, de esperança, de renovação,
desapareceram por completo e hoje nada mais temos, que não meros arremedos do
que antes foi o supra-sumo do ser e do existir de cada um da gente, e isso não
mais se repete e ninguém jamais viverá num mundo assim como o que vivi. Quanta saudade
me vem no peito, de tempos áureos de minha vida, que jamais os vivenciarei,
porque da vida, que sempre se protrai para diante, o que ficou para trás, são
como as águas de um rio que deságua e desaparecem para sempre na imensidão de
um mar calmo ou bravio.
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