Não é história da
carochinha não senhor! - Também de contos de fadas ou de duendes, não é! É uma
história triste, melancólica, porém que como tantas outras, teve os seus
desdobramentos até chegar num determinado ponto no espaço e no tempo, tudo
vindo a se esvair em fumaça, como sempre tem acontecido.
No geral, toda história fantasiosa, começa sempre nesse
diapasão:...Era uma vez.... E por aí vai se desenvolvendo o assunto até ter o
seu desenvolvimento, a base de estruturação, até vir o desfecho finalístico.
A história que vou contar, é triste, de apiedamento, de dor,
de tantos dissabores na vida, mas é um acontecimento do mundo da ficção como
tantos outros que muitos escritores assim como eu, tem o dom da criatividade e de
chegar a estruturar uma história.
Claro que na vida tanto dos seres humanos, quanto dos
animais, a gente tem alguma coisa em comum. Alguma delas, é a vida, outra, a
morte. A diferença, está justamente no discernimento. Somos racionais e os
não-humanos, irracionais e, em determinadas circunstâncias da vida e da
história, a gente fica até a se confundir, sobre quem é racional ou irracional,
pela índole destrutiva e depredadora que muitos humanos têm em mente em muitas
condutas piores do que os próprios animais, que chegam impiedosamente a
praticar. É de se ficar a questionar, que em muitos casos, se é o racional ou o
irracional. Também somos predadores por natureza e isso é indiscutível. Matamos
os outros crudelissimamente, para poder sobrevivermos, como que, só digerindo
outros animais pudéssemos viver. Mas é o que achamos por bem chamar de cadeia
alimentar e por isso mesmo, matar um animal a mais ou a menos, por mais que ele
sofra, pouco importa. O que importa mesmo é ter mesa farta de churrasco ou
outra iguaria qualquer proveniente da carne animal irracional, para saciarmos a
nossa fome ou nos mantermos vivos.
Pô, meu, mas até aí, aonde é que entra a porra do camelo,
hem? – Bem a questão do camelo, é o fato de que, esse animalzinho (que não é
tão “zinho” assim), veio lá do deserto do Saara, vindo parar justamente em
nossa terra. Aqui chegou a aportar há alguns anos; chegou raquítico, magérrimo,
parecia até mesmo esfomeado, mas bastou ganhar corpo, tomar gosto por algumas
tendências humanas; aprendeu algumas artimanhas próprias dos vivaldinos que
corrompem e deturpam mentalidades, que não demorou muito, e fez de sua vida de
abandono, de desmazelo, de esquecido da vida, em um verdadeiro oásis, aonde
nababescamente, chegou a encontrar de tudo. A partir de então, tendo encontrado
o caminho das pedras, não sabendo ele que determinadas fases na vida de um mero
camelinho, é ocasional, que pode terminar tudo isso sem sequer chegar na praia
(se bem que, camelo não gosta de praia), está a usufruir às custas de humanos,
do bom e do melhor, demonstrando até poder, riqueza, o que em nada existia
antes quando vivia em sua insignificância de vida, completamente só e
abandonado, mas esse tempo ficou para trás e não está nem aí para ninguém. O
que esse animalzinho quer mesmo, é ter o que lhe resta de tempo, para usufruir
o máximo que puder e os demais que se lasquem de vez.
Vindo de um deserto miserável, sem até água para beber e
sacias sua sede, e hoje vivendo nababescamente na vida de um Sheik das Arábias,
que há de mal nisso, se para tanto, basta enrolar um monte de abestados e levar
à vida como bem entender, hem? Ninguém está nem aí mesmo, então nada melhor do
que levar uma vida que nunca pediu a Deus, mas já que chegou às suas mãos,
graciosamente como quem não espera e ganha na loteria, melhor mesmo é aproveitar
o quanto pode, porque o tempo está chegando ao fim, esta é uma realidade que o
camelinho, coitadinho, ainda não se deu por conta.
E assim, esse “bichin” desse camelinho, que vive até quarenta
dias sem beber água, que aqui aportou vindo lá de uma região desértica de
esfomeados, chegou a tirar onda de tudo e de todos, como se todos fossem reles
seres humanos menosprezíveis e responsáveis por todas as mazelas que pela vida
passou, então nada mais oportuno que usufruir como bem entender de tudo que
puder. Por isso mesmo, como que, com sede de vingança, criou uma redoma num
oásis particular, onde tem tudo do bom e do melhor e para os que dele precisa,
não está nem aí. Segundo se sabe, ele quer mesmo é que se explodam, porque não
está nem aí para ninguém. O que ele não sabe, é que esse oásis em que vive está
prestes a chegar ao fim e aí, quem sabe, depois de certo tempo, não volte ele a
viver no mesmo deserto do Saara em que viva antes, hem gente! – Tem-se
precedentes históricos de que no geral, essas histórias terminam assim.
Quantos não foram os animais que aqui chegaram, mamaram das
tetas férteis desta terra e terminaram na pindaíba da qual nunca deveriam ter
saído, esta é a verdade, não de uma história de carochinha, mas sim, de uma
realidade palpável, que só não ver quem for cego de guia.
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