PASSANDO a LIMPO –
ENTREVISTA COM MANOEL MODESTO
SÉRIE BLOG DE ENTREVISTAS
Nosso entrevistado de hoje, é nosso
querido amigo, ALEX SOARES DA SILVA (AS), músico, escritor, letrista,
roteirista e artista plástico, sendo estas suas principais atividades. Alex,
logo num primeiro momento, pode parecer uma pessoa estranha, arredio,
diferente, em face de seu estilo de vida, seu visual que faz lembrar o grande
músico do ritmo reggae jamaicano, Bob Marley, do movimento rastafári, mas no
fundo, é uma pessoa dotada de um grande conhecimento, de um espetacular dote
artístico e, como todo mundo que vive e respira dentro do mundo da arte e da
cultura, espera como tantos, um dia ver o seu trabalho ser reconhecido para que
enfim, possa vir a ajudar as pessoas que em muitos casos, só precisam de um
estímulo, um incentivo, de uma ajuda, só um empurrãozinho e não tem a quem
recorrer. Ele é uma pessoa que dentro de sua simplicidade, humildade, tem muito
de si a nos ofertar, em termos de arte e de cultura. É uma pessoa, que mesmo
tendo nascido noutro lugar, aqui chegando ainda com tenra idade, adotou nosso
terrão e fez deste, a sua terra-mãe, o seu cordão umbilical, como diria nosso
saudoso Cyl Gallindo. Então minha gente, vamos ao que disse o nosso entrevistado
de hoje:
P - MM– Caro amigo Alex, você é de Buíque ou não e, se
não, há quanto tempo está em nossa terra?
R – AS – Sou mais um daqueles imigrantes. Aquele tipo de
nordestino que nasceu por acidente na cidade de São Paulo. Meu pai é
pernambucano de Itaíba e minha mãe é Paraibana e estou aqui em Buíque desde os
cinco anos de idade e daqui não mais vou sair, porque considero esta terra, o
meu lar.
P - MM– Como foi que você se deu
conta do dom artístico que domina a sua alma?
R – AS – Desde ainda pequeno, minha avó me presentou com
um teclado de brinquedo, aonde vim a aprender as primeiras notas da escala
musical, vindo a prender sozinho, pegando as músicas de ouvidos. Sou de veia
artística autodidata. Depois de adolescente comecei a participar na igreja
católica e lá me desenvolvi mais, montado num teclado de verdade, com mais
pessoas que também aprenderam por conta própria e daí, formamos um grupo
musical de igreja, chamado Ágape, partindo daí, a minha iniciação e meu gosto
pela arte musical, fazendo já nessa época, composições musicais.
P – MM – E esse dom voltado para à escrita e o lado de
fazer roteiro de filmes ou documentários, como foi que surgiu em você?
R – AS – Sempre desde pequeno fui fã de desenho animê
(desenho japonês), com suas histórias intermináveis e como um bom otaku (fã de
desenho japonês), tentava criar minhas próprias histórias, mas desenhar sempre
foi um problema, viu! – Porque é muito cansativo. Então um dia eu assisti um
filme e minha cabeça virou para outro universo, cujo filme é Sin City, o que me
levou a escrever o meu primeiro conto, intitulado Isso Me Bastaria, que virou
roteiro de meu primeiro curta, rodado aqui em Buíque mesmo.
P - MM– E a questão da Banda Matutano Reggae, como é que ficou?
R – AS -.Para mim foi um
trabalho muito importante, mas infelizmente as circunstâncias e visão dos
demais membros, que estavam conflitantes, achei por bem sair do grupo, apesar
dessa iniciativa prometer um futuro de glórias. A Banda ainda existe, vão tocar
no dia 31 deste mês, na festa do Hallowen, que vai acontecer no Clube Municipal
de Buíque e com certeza, lá estarei.
P – MM– Você tem algum projeto futuro para fazer algum
documentário ou algum filme aqui em Buíque, aproveitando nossas belas paisagens
do Vale do Catimbau?
R – AS -.No Catimbau a gente
já fez um filme intitulado PARAÍSO SELVAGEM, ainda este ano, resultado na
Oficina Cinema no Interior e que tive participação no roteiro e atuando na
condição de ator. Este mês já comecei a rodar minha primeira produção
independente, cujo título é MENINA FLOR, que fala sobre vingança e violência,
uma ficção de suspense. O roteiro desse filme, cheguei a fechá-lo ontem. Está
sendo rodado mais para o lado da Vila do Carneiro.
P – MM– Você se sente realizado
mais na arte musical, de autor de roteiro cinematográfico, de letrista ou de
artista plástico?
R – AS – Cada uma dessas linguagens, representa uma
essência que complementam a alma da gente. Agora do ponto de vista prático,
tive mais relevância participava como roteirista, assim como na música também.
A gente de certa forma, está interligado com cada segmento artístico-cultural
de cada uma dessas vertentes. Passei por diversas bandas, sendo as mais
relevantes, Biocídio, aonde cheguei a gravar três álbuns de heavy metal. Aqui
em Buíque, toquei numa banda de Rock chamada Jihad, tendo sido praticamente, a
primeira banda de roque pesado de nossa cidade, senão provavelmente a única,
porque desconheço outras. Por último e não menos importante, foi no Matutano
Reggae, aonde gravei e produzi um CD com dez músicas.
P - MM– Nesse CD da Matutano Reggae, você chegou a
escrever algumas letras ou musicar algum arranjo musical?
R – AS -.Tive participação
como letristas em quatro músicas, a saber: Terra do Sal, Mais Bela, Foi Pro
Sítio e Kaia-maná, mas fiz o arranjo em todas elas, juntamente com Gabriel,
conhecido como Biel.
P – MM– Por qual razão esse gosto musical com essa
mesclagem com o reggae jamaicano de Bob Marley?
R – RD – A música de Boby nasceu no gueto, é a música do
gueto. Foi onde cresci, por isso o gosto pela música do reggae jamaicano, que
fala da realidade, da carência e da beleza que se esconde atrás dos malefícios
da vida da gente. Na verdade, o nosso estilo tem uma mistura de Chico Science,
blues, rock, as bandas psicodélicas dos anos setenta, como Ave Sangria, Júpiter
e Maçã, o forró de oito baixos de Luiz Gonzaga, entre outros estilos.
P - MM– O que está faltando para você realizar o maior
sonho de sua vida?
R – AS – O tempo que passa, que voa, que vem a ser o
senhor da razão, mas meu sonho maior é realizar um grande filme, e fazer por
onde encontrar meios e instrumentos adequados, para poder modificar a vida de
muitas pessoas que precisam de um empurrãozinho, abrindo novos caminhos para as
pessoas em seus talentos, aparecendo novos valores e buscar sempre levar
entusiasmo para mostrar que nesta vida nem sempre tudo está perdido.
P – MM – Que recado você teria para dar à nossa gente,
nossa juventude e nossa terra?
R – AS – O meu recado para à juventude, é assim: não se
deixem influenciar por modismos. Procurem se firmar na leitura, não só dos
livros, mas do mundo, para poder ser gente e ter uma visão própria da vida de
cada um e do próprio mundo onde vivemos. Pra sociedade de Buíque, que tenha
mais orgulho de sua terra, de ser barriga-preta da gema e abrir mais os olhos à
cultura que vem acontecendo em nossa cidade, que um povo sem cultura, não pode
se dizer civilizado.
Bem, é isso aí minha
gente! – Finalizamos mais uma entrevista surpresa, na SÉRIE O BLOG ENTREVISTA
COM MANOEL MODESTO, com uma figura ímpar, que também está inserida no contexto
de nosso movimento cultural, faz parte do Grupo de Leitores Cyl Gallindo e
agora, integra também, a recentemente criada e fundada, no dia 23.10.2014, ABLA
– ACADEMIA BUIQUENSE DE LETRAS E DAS ARTES, e segundo nos deu a entender, sua
maior realização não é se vangloriar e brilhar no pedestal da fama, mas sim,
contentar-se-ia em ter tão-somente, o que for bastante e suficiente, para ajudar
ao próximo em iniciativas culturais, naquilo de que mais precisam, justamente no
incentivo, na ajuda moral e material, para que o nosso povo possa vir a atingir
um nível cultural de qualidade e de valor, que segundo ele mesmo, acentuou,
“POVO SEM CULTURA, É POVO INCIVILIZADO”, o que é bem verdade e eu emendo com
uma frase de minha autoria, o seguinte: “A
cultura é a alma da essência do viver”, por isso mesmo, cada pessoa que
tenha o seu talento interior, que não espere que as coisas caiam do céu,
busquem, corram atrás, lutem, que tudo assim de repetente, pode se abrir para
cada um de nós, porque também, de acordo com André Malraux, intelectual
francês, “a cultura não se herda;
conquista-se”.
4 comentários:
Não existe uma palavra se quer que defina esta pessoa, ele é um ser humano incrível e infelizmente é descriminado por muitos,mas isso não o dignifica ou desqualifica de nada, pois, as suas qualidades são infindas e só tem a nos engrandecer. Alex Soares como pessoa é muita resenha e torço muito pelo seu sucesso, sinto-me feliz em fazer parte do seu grupo de amigos e sempre estaremos lutando pela nossa valorização cultural.
Valeu Dr. Manoel. Parabéns pela entrevista. Parabéns ainda mais para o entrevistado. Esse Alex é um artista completo. Gosto dele e da sua simplicidade. Admiro suas composições e torço para seu trabalho seja reconhecido em potencial, não só aqui em Buíque, mas no país inteiro. Ele merece. Valeu Alex!
Alex Soares, um grande amigo meu, de muitos anos. Grande artista, de enorme importância para a cultura buiquense. Sua presença garante boas gargalhadas e conversas com alto teor cultural, intelectual e motivacional. Parabéns pela entrevista, e que seu valor seja reconhecido.
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