A população ainda não tem uma formação suficientemente à altura para entender o verdadeiro papel do advogado numa determinada ação em andamento em Juízo. No inconsciente coletivo popular o advogado, a partir do momento em que está defendendo uma parte ou outra, passa a partir daí a ser, na visão tortuosa da parte adversa ou contrária, visto como um inimigo, quando na realidade o profissional da advocacia não é parte do processo, mas apenas entra nos autos para defender direitos previstos na legislação, sé um patrocinador de causas. Ele não é parte ou está nos autos nem como parte ativa ou passiva, mas pura e simplesmente como defensor de causas, não propriamente como parte delas. Parte dos autos é o autor ou o réu. Infelizmente na visão caolha e arcaica popular, advogado de uma das partes é inimigo, sendo portanto, visto como inimigo de uma das partes. Ora, o advogado pode até ajudar a parte contrária a fazer uma composição em uma determinada questão posta em juízo, para que o litígio venha a ter uma solução, então como o advogado pode ser inimigo do povo ou da parte contrária?
A profissão do advogado militante, para quem não sabe, é permeada também de muitas incompreensões por parte até de seu constituinte quando não entende de forma alguma, por mais que se explique, o andamento processual ou até da impossibilidade de chegar a colocar em liberdade o seu constituinte. Pode ele explica enes vezes como vai se processando a sua causa em juízo, que dificilmente ele entenderá, isso porque o que se espera que a Justiça faça, ela o faz na base de passo de tartaruga, por mais que o advogado fale com juiz, com promotor de justiça, quando a este também compete funcionar na causa, faz requerimento, se possível denuncia até à Corregedoria de Justiça, mesmo assim o processo não sai do lugar, então em muitos casos, a culpa do empancamento do processo não é do advogado, mas sim da própria burocracia da Justiça, em muitos casos, da má vontade de juízes em dar um despacho porque não ver advogado A, B ou C com bons olhos por algum problema de ordem pessoal, ou até mesmo à falta de um parecer de um promotor de justiça, que pelo acúmulo de processos, o que é a maior desculpa, às vezes até esfarrapada, demora em dar um parecer ministerial e por aí se vai. Na maioria dos casos, a culpa do não andamento processual, é mais dessa Justiça paquidérmica e medieval que temos e por muitos juízes que se imaginarem ou terem certeza que são deuses de verdade. Mas na realidade advogado que se preza, verdadeiro militante da advocacia, quando entra num processo, o faz sempre com dedicação, denodo e desprendimento em defesa de seu constituinte e, se não há composição do litígio colocado às mãos da Justiça, deve ele defender o seu cliente com unhas e dentes, agora isso, dentro da lei e do direito que o seu patrono presumivelmente é detentor. Agora o que o advogado não pode é atropelar o rito processual, nem tampouco resolver uma causa no lugar de um juiz de direito. O papel dele é pedir e peticionar o quanto for possível, provocar a Justiça o mais que puder, para que o seu cliente venha a ter o seu caso solucionado.
É de causar indignação o Caso Eloá, em que a mídia causou tanto torpor social, está à boca pequena do povo, todo mundo fala, discute, é juiz, é promotor, só ninguém quer ser a advogada de defesa do acusado Lindemberg, achando até que ele não deveria sequer ter o direito de ir a Júri Popular. Ora isso é uma visão distorcida do direito e de que é princípio constitucional de que todos tem direito à defesa, independentemente do crime que tenham cometido. Dessa forma, nada mais correto do que o acusado em questão, ter o sagrado direito à sua defesa, que está sendo feita por uma advogada desconhecida, agora nem tanto desconhecida assim, mas tem agido com bravura na defesa do direito de seu constituinte, no Plenário do Tribunal do Júri, embora o seu cliente já esteja por antecipação inegavelmente condenado, mesmo se presumido inocente, a mídia já o condenou por antecipação. Por isso ela está sendo crucificada pela população que não entende esse princípio basilar de que todo mundo tem direito à defesa. A mídia também, na medida que colocam a advogada nos holofotes e microfones, também dá uma mãozinha a alimentar também essa desinformação popular. É até ridículo, quando ela sai do Fórum de Santo André e ser vaiada pela população. Isso só demonstra o nível de desinformação do povo com relação ao verdadeiro papel do advogado militante e ela, em determinada ocasião, chegou até a pedir à população que não a agredisse, isso porque ela estava defendendo uma causa, o direito e não a conduta do acusado, o que é bem diferente. Defender o direito não implica necessariamente que se esteja defendendo o crime cometido pelo acusado, mas que ele como qualquer pessoa que cometer um crime, seja ele o mais hediondo e repugnante possível, mesmo assim todo mundo tem o sagrado direito à defesa, agora se vai agradar uns e causar aversão noutros, é outra questão que o povo precisa entender. Advogado tem as suas prerrogativas e uma delas é a defesa do direito e além disso, também da sociedade como um todo e do Estado Democrático de Direito. Por isso mesmo é que sem a advocacia com certeza, muita injustiça seria cometida nesta país. Já imaginou o sujeito ser logo ir a julgamento somente dentro da visão da mídia, de um representante do ministério público e de um do poder judiciário? - Aí a coisa estava mesmo envolta na escuridão e ninguém teria o sagrado momento de poder defender os seus direitos. Aí a razão maior do imperativo constitucional do art. 133, de que "o advogado é essencial à administração da Justiça". Pode até o ato cometido por alguém não encontrar explicações ou justificativas, mas alguma razão de ordem psíquica e social, vai ser encontrada dentro do direito e por isso mesmo é que todo mundo tem o sagrado direito à defesa, consoante prevê a nossa própria Constituição Federal de 1988. Execrar advogado só porque não é do seu lado ou não está defende o que imagina o inconsciente coletivo da população, é desconhecer o direito, as leis e o exercício regular da cidadania. O Brasil é um país que nesse mister, precisa deixar de ser tão ignorante juridicamente e procurar se informar mais sobre o verdadeiro papel do advogado militante, esta é a verdade que não quer calar e que a OAB deveria se empenhar mais em campanhas educativas do povo, no sentido da essencialidade do advogado no seio da população como um verdadeiro baluarte na defesa da Justiça, Cidadania e do Direito.