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sábado, 22 de abril de 2017

A MERCANCIA MAL GERIDA, AFUGENTA A FREGUESIA



       Quando criança, ainda com tenra idade, cheguei a conhecer o “velho” Severino Padilha, aqui em nossa cidade de Buíque. Pois bem, àquela época, lá por volta da década de 60, era justamente um período de modos de vida, carrancistas, de ignorâncias e da predominância de uma mentalidade coronelista, que mandava e desmandava em cidades ou municípios pequenos, a exemplo de nossa terra e por isso mesmo, acreditam que as pessoas até nas suas escolhas, comprando com o seu próprio dinheiro, tinham que comprar a eles mesmos, por se considerarem monopolistas de um mercado chinfrim que existia naqueles idos.
       Severino Padilha, tinha uma Padaria que se extendia da esquina da atual Farmácia do Trabalhador, chegando a dividir com o antigo fórum de Buíque, local onde funciona a Câmara de Vereadores no momento. Era na esquina a Padaria do “velho rabugento”, Severino Padilha, que era casado com uma irmã de minha avó paterna, mãe de meu pai e casada com meu avô, Manoel Modesto, Aurora Laerte Cavalcanti. Seu Severino nunca foi uma pessoa delicada, mas no geral, era o padrão de comerciante da época dele. O interessante nessa história da vida real, é o fato de que, Severino Padilha, se um freguês comprasse manteiga (naquela época não tinha margarina), noutra bodega (mercadinhos de então), e fosse comprar o pão na padaria dele, ele mandava o freguês voltar e comprar o pão no mesmo lugar onde comprou a manteiga ou a banha. Era assim mesmo o tratamento dispensado aos seus fregueses, por Severino Padilha. Pior é que fazendo parelha com a sua padaria, a Escola Duque de Caxias, onde estudei as primeiras letras, na Praça Vigário João Ignácio, nome dado em homenagem ao meu tio-avô, quando os meninos ficavam fazendo alguma traquinagem com ele, aí sim, ele ficava encolerizado, enraivecido e endiabrado, partia para a briga com a molecada e dizia inúmeros impropérios com a meninada, que fazia isso só para enfernizar a vida de Seu Severino Padilha.
       Claro que hoje, se existisse o tipo de comerciante que foi Severino Padilha, poder-se-ia dizer com toda certeza que jamais sobreviria em face da concorrência e da filosofia adotada, de que o freguês, em qualquer circunstância, “sempre tem razão”, o que não passa de uma meia-verdade, entretanto, quem não agir dessa forma, não chega realmente a se estabelecer como comerciante e se firmar no mercado mercantilista de qual ramo for, no mundo moderno atual.

       Na realidade, ainda existem comerciantes aqui em Buíque, que em parte muitos deles foram criados com a gente mesmo, sabem quem somos, mesmo assim, não tem a menor consideração por ninguém e por isso mesmo, é que existem comerciantes em nossa terra que, se a gente bem souber, não passa sequer na calçada de alguns deles, porque não merecem nem isso, em face de não terem o menor respeito ou o mínimo de consideração por ninguém. Em muitos casos, melhor comprar no comércio de Arcoverde, que no nosso, aqui em Buíque, justamente porque existe uma parte deles, principalmente alguns que cresceram justamente com a gente mesma, que não merecem nem um bom dia, ou sequer um aperto de mão. Existem alguns mesmos, que se só alguns deles, trabalhassem em determinado ramo de negócio aqui em Buíque e, se depender de viver para se comprar algo de um desses indivíduos, preferiria morrer do que pisar no chão de alguns desses execráveis e inadequados comerciantes, porque não merecem o nosso respeito, muito menos consideração. Pelo visto, os “Severinos Padilhas” daqueles tempos, com todo respeito que sempre tive pelo “velho” Severino Padilha, ainda existem aos montes aqui em Buíque e que precisam ser varridos do nosso comércio, porque não merecem continuar com a mercancia de coisíssima nenhuma! – Esses tipos deveriam era mesmo, procurar uma lavagem de roupa, porque não nasceram para a mercancia, que requer pessoas bem traquejadas, educados e preparadas para viver neste mundo moderno atual.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

OCUPAR WALL STREET É AVANÇO DE LUTA POPULAR NOS EUA


Cyl Gallindo*

Os protestos populares contra a crise econômica, a ganância da especulação financeira e o servilismo dos governos ante o grande capital e os banqueiros, desembarcaram em Nova York (EUA) em 17 de setembro, ganhando visibilidade depois da “ajuda” da polícia local que, em 1º de outubro, prendeu 700 manifestantes, acendendo o pavio nacional da indignação.

Desde então, o movimento Ocupem Wall Street espalhou-se pelos EUA e fortaleceu a reação popular anticapitalista que se espalha pelo mundo.

É cedo ainda para se saber a extensão e profundidade do movimento e qual o rumo político que pode tomar. Mas uma verdade fica patente e é reconhecida inclusive pelos adversários direitistas da luta popular, políticos republicanos defensores dos magnatas de Wall Street: esta verdade é o sentimento anticapitalista que aflora naquelas manifestações. No dia 1º de outubro, o cartaz de uma manifestante foi uma clara indicação nesse sentido: “Capitalismo é crime organizado”, dizia sem rodeios. Outros cartazes diziam: “façam postos de trabalho e não cortes”, “cobrem imposto de Wall Street”, e outras reivindicações do mesmo teor.

As bandeiras de luta dos manifestantes, que ganharam a adesão e o apoio de vários sindicatos e entidades do movimento social, conclamam à união popular contra a crise e as ações do governo que protegem os especuladores financeiros e os banqueiros.

Proposto por uma organização chamada Occupy Wall Street (Ocupem Wall Street), que se define como um movimento de resistência, sem lideranças, que representa os “99% que não vão mais tolerar a ganância e a corrupção do 1%”, o manifesto que sintetiza os objetivos do protesto pede a permanência, crescimento e organização do movimento; que os trabalhadores façam greves, ocupem seus locais de trabalho e os organizem democraticamente; que os desempregados se apresentem como voluntários para ensinar os demais sobre suas habilidades; a realização de assembleias populares nas praças e cidades; a ocupação de prédios, terrenos e propriedades ocupadas e abandonados pelos especuladores para serem locais de organização popular.

Ele revela o propósito do movimento: organizar os trabalhadores para a luta contra a ganância capitalista. O número de sindicatos que aderem é crescente. Só em Nova York foram quinze, entre eles o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes (TWU - Transport Workers Union) e o Sindicato dos Professores (United Federation of Teacher). Na semana passada, a poderosa e controversa AFL-CIO (a principal central sindical dos EUA) manifestou sua simpatia e apoio. É um leque que abarca metalúrgicos, metroviários, enfermeiras, aposentados, desempregados etc. E entidades do movimento social como a Coalizão dos Sem Teto, que reúne aqueles que foram expulsos de suas casas por não poder pagar as prestações, em virtude da crise econômica.

A crise econômica nos EUA, que eclodiu em 2007 e se aprofundou em 2009, vai ganhando os contornos da terceira maior crise do capitalismo desde o século 19. Ela é o resultado de décadas de desregulamentação dos mercados financeiros, que tirou todos os freios à especulação, de cortes de impostos dos ricos, de precarização das relações de trabalho e redução dos direitos sociais.

O resultado dramático é visível nos números do empobrecimento crescente, que é a contrapartida do enriquecimento inédito e escandaloso de uma minoria – o 1% ao qual se refere o manifesto do Ocupem Wall Street.

Os dados oficiais são inequívocos. O desemprego bate nos 10% dos trabalhadores e a miséria atinge 46 milhões, que sobrevivem abaixo da linha da pobreza. Tudo isso transparece em cenas de desalento, perdas de moradias, multiplicação de moradores de rua e de pessoas que muitas vezes não têm nada para comer.

No lado oposto, o dos privilegiados, a soma da riqueza dos 400 maiores milionários equivale à de mais da metade da população, 180 milhões de estadunidenses. Isto é, cada um daqueles felizardos tem a riqueza somada de 450 mil pessoas “comuns”. E, mesmo na crise, seu patrimônio tem crescido.

Embora ainda não usem a palavra “socialismo”, os manifestantes estadunidenses vão deixando claro seu descrédito em relação sistema capitalista dominante e em sua capacidade (esgotada há muito tempo) de propor soluções para os problemas da humanidade. Nesse sentido, eles apontam para o futuro – eles são, de fato, a modernidade que muita gente atribui, por outras e equívocas razões, aos EUA.

*Cyl Gallindo, especialmente para o Blog do Manoel Modesto, do Recife-PE.