Doutor, e a imprensa?
03/04/2011 por Christhian Naranjo
Em certa ocasião apresentei um pedido de liberdade para um magistrado. Era um caso grotesco de ilegalidade, visto à olho cru, olho daquele que não é do meio jurídico. O magistrado analisou atentamente, de olhos arregalados, e soltou: - Isso é um absurdo. Este rapaz está preso de forma inadmissivel! Quando eu imaginei que ele decidiria pelo relaxamento da prisão, decidiria por sanar a ilegalidade, ele disse: - Doutor, e a imprensa?
Um inocente estava preso, o juiz havia constatado isto e… hesitou, marchou para trás, tudo por receio de, no dia seguinte, virar manchete de jornal, ser visto como a fatia capenga do velho ditado “A policia prende e a justiça solta!’. Eu não acreditava. Via nascer ali, na minha frente, mais um refém da imprensa que muitos chamam de marrom e que eu chamo de maldita.
Em outra oportunidade, assistia ao julgamento de um HC de um colega. Uma desimba ouviu atentamente e disse: - “Um absurdo ele estar preso, né? Mas é droga…”, ou seja, ser acusado de homicidio pode, atropelamento coletivo, pode, de assalto pode. Tráfico de drogas? Cadeia! Ler o processo? Pra que?
A imprensa que cito é aquela que não conhece fatos, não conhece legislação, não conhece dados, nem estatísticas, não conhece limites morais. Muitas vezes não conhece direito a lingua portuguesa, nem o idioma que fala. É a imprensa que constrange, humilha, que não consulta fontes, que não dá direito de defesa. A imprensa que edita e mutila fatos de forma voluntária, fatos estes que, distorcidos ou pela metade, sempre levam o leitor a erro.
Esses infelizes não percebem que, ao noticiar sem conhecer os fatos, colocam a população em rota de colisão com o Judiciário. E o mais grave: nesse jogo desleal quem sempre perde é a própria população, que vê um Judiciário temeroso por fazer a coisa certa.
P.S.: Reproduzi esta matéria no meu Blog, porque o nobre advogado criminalista, também blogueiro, do Estado do Amazonas, tem a mesma opinião com relação à imprensa que se apressa em distorcer os fatos sem o devido conhecimento e, os juízes, que não tem o devimento discernimento para decidir de conformidade com os ditames da lei, mas que também, levados pela imprensa, fazem com que, em muitos casos, o inocente pague pelo pecador ou do próprio inocente um devedor sem merecer, por isso mesmo, parabenizo o nobre colega amazonense pela corajosa matéria.
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