Descrito com precisão no livro de Graciliano Ramos, Infância, ainda tenho vagas lembranças do Açude da Penha de Buíque, que ficava por trás do Açougue Público. Já o conheci na sua fase final, cheio de lixo, lama e água suja, mas que esse açude fez história disto não tenho a menor dúvida. A cidade na época, como o próprio escritor descreve em seu livro, tinha a conformação de um corpo aleijado, como ainda hoje, mesmo tendo crescido e alcançado limites nunca imaginados, continua aleijada e desorganizada. Não existe ainda uma lei urbana ou um código de postura para que se delimite até onde pode avançar uma construção acima do primeiro andar na linha horizontal. Vê-se de logo, para quem vem à Buíque, construções que ferem a arquitetura e o que é pior, não existe também uma lei pública para preservarção do patrimônio histórico e cultural, que começou a ser destruído no governo de Anibal Cursino, quando prefeito de Buíque, ao destruir a histórica Escola Duque de Caxias, onde eu, meus irmãos e muita gente desta terra aprederam as primeiras letras; onde Dona Dodoce, Aderita Cursino, Dona Lenira Cursino, Diva, Lilia, Edna França, Vanda de Blésman, ensinaram como professoras do município. Também nesse governo, foi destruída a velha Bibioteca Pública Municipal, que ficava localizada onde hoje é o prédio do Fórum de Buíque. Até mesmo a casa em que Graciliano Ramos morou em Buíque, onde veio a aprendear as primeiras letras, nos idos de 1894 a 1898, consoante o mesmo descreve em seu livro, não foi tombada como patrimônio público de preservação da nossa história e hoje é uma casa comercial. Na verdade povo que não preserva a sua própria história é povo sem passado, sem presente e sem memória. Muitos dos que tem nomes de ruas e foram personagens importantes do nosso passado, ninguém dos novos praticamente conhece, o que é inadimissível. A história faz parte da vida e da memória de cada povo e ao falar do Açude da Penha, já na sua fase terminal, me veio à memória outros assuntos, como os que relatei nesta ocasião.
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