BLOG DO MANOEL MODESTO

OS DONS DE VIDA DE CADA SER HUMANO

A VERDADE ESTÁ EM CADA UM - Não se pode nem se deve, censurar A, B ou C, porque segue essa ou àquela idéia ou formação religiosa que aprendeu no decurso de vida ou até mesmo que tenha adquirido, por ter nascido em um determinado meio, que desde cedo foi obrigado a seguir a mesma orientação doutrinária dos ascendentes. Nasci de pais simples e humildes. Trabalhadores rurais e de poucas posses e conhecimentos. Fui batizado por influência de minha mãe, na Igreja Católica, para não ser uma criança pagã ou para não ser, como se dizia na época, se acaso viesse a morrer, o que não era muito difícil em face do elevado índice de mortalidade infantil, um "anjo pagão" e que não adentraria na porta do Céu. Coisa da crendice daqueles tempos. Confesso que a princípio era um fiel seguidor e frequentador das missas dominicais, das Santas Missões de Frei Damião, das rezas, dos terços e das novenas que se faziam nas casas de pessoas conhecidas e vinculadas pelo mesmo credo religioso. Crente ou protestante naquele tempo, era de certa forma discriminado e pejorativamente chamado de "bode", certamente em alusão ao atual "capeta". Na verdade, quem não professava a crença da Igreja Católica Apostólica Romana, não era considerada uma pessoa de Deus, mas sim, um ateu e um ser dotado de pecados e que um dia iria arder nas chamas incadescentes do Inferno, submetido às torturas de Satanás com o seu tridente afiado em brasas para cutucar os pecadores. Coisas de um passado ou de idéias distorcidades de uma realidade que nos faziam acreditar.

QUERIA SER PADRE - Na minha vã inocência de criança, naquela religiosidade que a minha mãe me transmitia, nos dotes angelicais que me fazia sentir, na pureza dos Céus todo vestido de branco e com asas a esvoaçar no Paraíso Divino, pensava me tornar padre. Achava bonito aquele homem todo paramentado de preto, com umas grandes fitas dos dois lados do peito, se prolongando até próximo dos seus pés e com a simbologia da cruz de Cristo em cada lado, me sentia enebriado interiormente e pensava em realmente me tornar padre. Na verdade, tudo isso, hoje posso dizer com propriedade, não passava mesmo da inspiração que vinha de minha mãe e o seu fervor voltado para a sua religiosidade, a exemplo de muitos que herdaram o catolicismo dos nossos colonizadores. Percebo hoje, que na realidade via tudo aquilo com uma ponta de ceticismo. Não acreditava muito em toda àquela liturgia e assistir a uma missa, para mim era um tanto quanto cansativo. Depois que me entendi de gente, ainda procuro a busca da verdade. Não sei se ela está bem perto ou longe da gente. Só sei que existe uma verdade inconteste na qual devemos nos voltar e de que ela está dentro de cada pessoa.

UM MISTÉRIO - Ninguém pode falar por quem quer que seja. Todo mundo é dotado de um grande mistério dentro de si. Cada pessoa na verdade é um mundo à parte. Impossível se adentrar na intimidade e no ego de alguém, porque a vida é tão confusa, que por vezes nem mesmo cada um conhece a si mesmo. A vida na verdade é um grande mistério. Desvendar o mistério da vida é o que todos se questionam e se perguntam. Os que não questionam é porque acham que encontraram a sua verdade interior e procuram viver em paz consigo mesmos.

NA VIDA - Tenho consciência própria de que por mais que queira saber, sei que nada sei. Penso que sei um pouco de tudo, mesmo assim, não o suficientemente para ter o devido conhecimento do que realmente seja a nossa vida. De onde vimos e para onde iremos, para mim se constitui num grande mistério que jamais será desvendado. Acho até que mesmo após a minha morte, ainda assim, jamais vou descobrir o que realmente sou, fui e o que realmente é a nossa vida, a não ser que além de uma minúscula partícula no Universo, nada somos além do pó do qual viemos. Claro que não censuro o homem, a mulher que são dotados de fé. A fé é importante e pode até curar os males de quem deles padece e os males do qual são as suas almas aprisionadas. É bom crer porque a crença preenche um vazio na vida de cada um de nós.

NÃO CHEGUEI - Infelizmente ainda não chegou o momento de que tenha sido alertado o meu interior, para aceitar, seguir de forma inquestionável essa ou àquela crença e professar como assíduo seguidor princípios que embora considerados divinos, ninguém sabe explicar devidamente de onde vieram tais preceitos que cegamente deverão ser aceitos e seguidos. Talvez esteja aí, a explicação do inexplicável, que vem a ser a Onipresença, a Onisciência, que muitos chamam de DEUS, outros de denominação diversa, mas que em síntese, o objetivo é o mesmo, o louvor e devoção a um SER para justificar, explicar sem questionar que todos nós somos frutos e criados por DEUS.

A DOGMÁTICA - Os preceitos dogmáticos, isto é, o que não pode ser questionado, é onde estão fincados todos os preceitos que explicam da existência Divina de Deus, que em momento algum pode ser questionado. Deve Ele ser seguido de forma a jamais ser colocada em dúvida a sua Existência e os Seus feitos, senão a pessoa poderá padacer na eternidade no fogo abrasante do Inferno. Acho de certa forma contraditório de que, para existir Deus no Céu que a tudo criou, tem que existir um Inferno e um Satanás. Na verdade, não duvidando da existência de quem quer que seja, muito menos de Um Ser Todo Poderoso, ainda assim, sou um tanto cético. Por que da existência de dois seres diametralmente opostos e que representam, um, a verdadeira BONDADE e, o outro, a repuganante MALDADE. Na verdade, o ser humano nasceu para ser bom e se ajudarem e prosperarem mutuamente. A cisão entre os bons e os maus, biblicamente se explica com o pecado de Adão e Eva, mas do ponto de vista do desenvolvimento social desde esses idos, não se justificam tantas maldades humanas a prosperarem como pragas incontroláveis.

AS SÚPLICAS - Nas fraquezas e erros humanos dos quais todos nós somos passíveis, mesmo que crédulos em algum preceito de vida a ser seguido como um norte orientador; mesmo que sejamos crentes da existência de Deus ou de um Ser Superior, na verdade só em momentos difíceis é que deveremos levar as nossas súplicas a Ele, nos voltamos para Ele nos momentos de dificuldades pelas quais passamos. Claro que para o crente não só nos momentos difíceis que se deve se voltar para Deus, mas em qualquer momento, com o que concordo e ao mesmo tempo discordo um pouco, haja vista que, só podemos nos acudir de alguém quando sentimos uma dor, um sofrimento incontido, quando estamos numa encruzilhada da vida é que mais precisamos buscar forças e quando não encontramos terra nos pés, quando não temos a quem mais apelar, claro que só nos vem mesmo DEUS, que em última instância, na sua Onipresença, na sua Onisciência é Quem vai poder ou não fazer alguma coisa para quem Dele necessita com urgência urgentíssma. Não que com isso o crédulo nos momentos de paz não deixe de pensar em Deus, mas o seu chamamento, para qualquer um, só mesmo quando se está à beira do abismo, diante das dificuldades que se pensa insolúveis é que se busca a DEUS.

OBS: Acima, imagem de uma das obras sacras de Aleijadinho.