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sábado, 20 de novembro de 2010

CINEMA NOSTALGIA, CRÔNICA PARA SE LER

            Sempre fui um aficcionado por cinema até alguns anos atrás. Acho mesmo que só deixei de freqüentá-los depois do advento da televisão, que passa, em muitos casos, simultaneamente, os mesmos filmes do cinema. Outro fato também é a crise pela qual passam os cinemas de um modo geral. É muito comum hoje em dia vermos velhos cinemas que marcaram épocas em cidades interioranas e nas capitais brasileiras, encerrarem suas atividades da sétima arte e fecharem as suas portas. Em seus lugares surgem supermercados, casas comerciais de outros gêneros e até igrejas que abusam da boa fé dos incautos. A sétima arte sempre me deixou extasiado, dominado pelas fantasias, pelos beijos puros, ternos e serenos que os mocinhos, nos finais dos filmes, davam nas mocinhas. O meu primeiro filme que assisti, lembro bem, foi um documentário sobre a guerrilha cubana, onde montada a sua projeção de improviso, com o projetor ligado a uma bateria de um furgão, na Escolar Duque de Caxias, em Buíque, onde estudei, em fins da década de sessenta para início da de setenta. O filme tratava de uma contrapropaganda contra Fidel Castro e Cuba. Não dei muita bola para esse filme, mas depois quando me entendi de gente, vim a entender a mensagem subjacente daquele filme.
            Início de funcionamento de um cinema em Buíque, se não me engano, Cine Veneza, onde a gente para assistir os filmes tinha que levar uma cadeira ou tamburete para se sentar, ou então se sentava mesmo no chão, mesmo assim dava muita gente para ver a novidade. O danado era quando a fita se quebrava. O primeiro filme de cinema que assisti nesse cinema improvisado de Buíque, foi um velho filme de ficção, se não me engano, onde um morto se regenerava de uma tumba do cemitério depois de projetada uma imagem de um disco voador. Passei a noite tendo pesadelos com esse filme e não dormi direito. Fiquei com um medo danado. Tinha também os filmes de seriado do Zorro, de Rin-Tin-Tin, de Tarzan, Jim das Selvas, O Máskara, O Justiceiro e outros mais que não me vem à memória no momento. A esses filmes, o indivíduo acompanhava um capítulo por semana. No outro dia, era o comentário entre a meninada que no dia anterior tinha ido ao cinema e todos ficavam ansiosos para que a próxima quarta chegasse logo para ver se o mocinho conseguia se sair do perigo e salvar a mocinha. É claro que esses tipos de filmes marcaram épocas e é com certa nostalgia que nos lembramos deles. O bom mesmo era namorar no cinema e beijar a namorada no escurinho, às vezes descendo um pouco a mão boba, mas não passava disso. O ruim mesmo era quando terminava o filme e pegava o casal de namorados de surpresa, repetindo o beijo cinematográfico do mocinho e da mocinha.  No outro dia era o comentário, além do filme, do casal flagrado aos ofegantes beijos. O cinema nos trás por vezes boas recordações de um passado que não volta mais.
            Peão quando morava em São Paulo, tinha o cinema como diversão, entretenimento maior e, quando estudante de engenharia e bancário na cidade do Recife, nas horas de lazer, tinha também o cinema como passatempo. Vez por outra era que me juntava com os colegas de trabalho ou de república, para tomar umas e outras, mas não me desligava de um bom filme, disto não tinha quem conseguisse fazer. Muito romântico, fechado e emotivo, tive também os filmes que me marcaram profundamente, como Romeu e Julieta, Dançando na Chuva, Torrentes de Paixão, se não me engano, onde um casal de amantes marcam um encontro na Torre Eifel, em Paris e, por um desses desencontros da vida, ela sofre um acidente de automóvel e terminam não se encontrando e aí começa o drama de vida de cada um,  além de Love Story, entre outros que não me lembro no momento. Filmes românticos hoje em dia, não são mais do meu interesse, pois estou mais para uma aventura, uma ação ou um filme de terror. Não que eu tenha ficado vazio, isto não, mas não aguento, não tenho saco para assistir um filme açucarado demais, cheio de devaneios e ilusões. Não estou mais nessa. A minha fase de meia idade está mais para ver as coisas objetivamente, não implicando dizer, que esteja seco, sem amor, sem sentimentos humanos. Isto não, pois ainda tenho até demais.
            Com a evolução dos tempos, na velocidade como as coisas estão se processando, a sétima arte, infelizmente, é uma espécie em extinção, frente ao desenvolvimento da eletrônica e da informática que evidentemente, todos devem se adaptar. São exigências dos novos tempos, entretanto, quem viveu a nostalgia da sétima arte em seu início ou pelo menos no meio intermediário para o seu fim, jamais vai esquecer facilmente dos velhos filmes que como fiéis retratos da vida, refletiam sentimentos de dor, de sofrimento, de amor, de paixão e de grandezas humanas. Não é sem razão que ainda hoje lembro do primeiro filme que assisti, ainda meninote, em Buíque e do velho cinema Veneza, dos velhos filmes, das namoradinhas da adolescência ou pelo menos das que pensava ter, e de outras coisas mais. Lembrar de cinema hoje para mim, é simplesmente passado, somente lembranças nostálgicas de uma fase da sétima arte que não voltará jamais.      

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