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A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

sábado, 11 de dezembro de 2010

A CADEIRA, CRÔNICA PARA SER LIDA

                Sempre tive certa fixação em cadeiras. É cadeira nas chamadas sala de estar, sala de jantar, no alpendre, na ante-sala, na sala de espera e por aí se vai. Desde criança pequenina que tenho esse objeto em minha cabeça. É cadeira rústica, cadeira de balanço, cadeira de descanso e tantos outros tipos e modelos. Parece que o japonês não padece desse problema, pois tem como costume em encontros caseiros com amigos ou familiares, se sentaram com as pernas cruzadas, a volta de uma mesa pequena e baixinha, para  fazer as suas refeições ou  tomarem os seus chás. O complexo deles só é mesmo de mesa baixa e olhos puxados. Quanto a nós outros, comer de pé, nem pensar; de cócoras, vá lá, principalmente o sertanejo, quando não tem sequer um tamburete para se sentar. Cadeira, tamburete, sempre fez parte de minha vida. É um objeto reles, sem muito valor, mas que está incrustado na mente de cada um e todos nós temos a nossa cadeira de vida e até, quem sabe, de morte. Quantos não são as pessoas que pegam no sono em uma cadeira, um sofá e quando vai se aperceber, o indivíduo foi para outra, entrou na profundeza do sono eterno de onde ninguém jamais volta. Aconteceu com a minha própria mãe, que sentada em sua cadeira de balanço, na boquinha da noite, como que em tranqüilo e sereno sono, veio a falecer e não mais acordou. Está dormindo o sono dos justos numa cova do cemitério de Buíque, para onde, certamente, também irei.
           É assim mesmo! - Na vida, sempre estamos ligados a determinados  objetos simples, quais sejam:  uma cadeira, um jarro, uma cama, uma panela de barro, um prato de barro (isto aí, coisas da minha infância), uma chaleira, um bule, um copo, uma xícara, uma colher, que em realidade são coisas concretas, mortas, objetivas, mas que de certa forma também entram no nosso eu subjetivo. É a realidade objetiva fazendo parte do inconsciente de cada um. Quem não teve ou não tem esses objetos em mente? - Todos têm. E por falar em panela e prato de barro da minha infância, do Sítio Cigano, do Sítio Padre Teixeira, em Buíque, não existia na vida comidinha melhor que a feita pelas mãos de minha mãe, principalmente, dia de sábado, dia de feira em Buíque, quando tínhamos o privilégio de nos deliciarmos com um guizado de carne de gado e de bode com farora e até arroz, isto somente aos sábados e domingos. Nos demais dias da semana era feijão puro e farinha seca, quando não tinha como mistura caju banana, preá guizado, piabas ou uma traíra que eu pescava. Como se vê, o objeto cadeira, pelas vivências vividas, puxa várias outras coisas da vida e, em suma, é como uma cadeira de balanço, que balança, balança, até o sujeito adormecer e cair na profundeza do sono eterno. 

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