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| Dominguinhos na abertura do São João de Arcoverde |
NOUTROS TEMPOS - Passados alguns anos, ainda se sentia nas festas juninas, um quê de sagrado voltado para o Santo, São João, que batizou Jesus Cristo. Hoje não mais predomina a questão voltada para a religiosidade do povo, mas sim, a festa profana, aonde todo mundo procura se esbaldar, se divertir até o momento limite que a resistência humana permitir. As festas juninas atuais, com as comidas tradicionais de época, nada tem a ver com a simplicidade das festas passados, da pamonha, canjica, do pé-de-moleque e das queima desenfreada das fogueiras, degradando cada vez o que sobrou da nossa flora já tão rara de ser encontrada, em nossas regiões litorâneas e e das caatingas, com árvores que jamais serão recuperadas. No momento, ainda persiste a queima de lenha de forma desmedida, apesar do desastre ecológico que enfrentamos e da degradação do meio ambiente. Antes as festas juninas se limitavam a forró-pé-de-serra, o passear nas ruas enfeitadas, com as quadrilhas das moiçolas vestidas de chita e as comidas típicas propícias para o momento. Era um São João bonito de se ver. Hoje não mais se fazem os "São Joões" de minha tenra idade. As festas atuais são megalomaníacas com grandes atrações, que se bem aplicado o dinheiro público, daria para construir casas e mais casas para muita gente que sequer um teto para morar tem, ou se construir mais salas de aulas, mais remédios para a caótica saúde dos municípios, entre outros benefícios que poderia ser trazidos com tanto dinheiro que se gasta. Não que seja contra a realização de festas, desde claro, que não se descuide do principal de cada município, que padecem de muitas carências sociais inadiáveis, essa é a questão maior. Enquanto isso, vamos farrar até o Sol raiá, que dinheiro público de folote tem pra se gastar, ou não camaradas!
MAIOR ATRAÇÃO JUNINA DA REGIÃO - A atração de peso mesmo, ficou para o São Pedro de Buíque, que também está dentro do contexto das festas juninas. Dia 28, próxima terça-feira, LUAN SANTANA, estrela nacional, será a atração principal da região e se acredita que a cidade vai ficar pequena, isso pela repercussão desse nome nacional da música romântica-caipira, que fará a sua apresentação entrando voando no palco, que tem sido a sua marca de seus shows aonde tem se apresentado. Já na quarta-feira, próximo dia 29, será a vez de mais um dupla sertaneja romântica, CECÍLIA E JORGE, que também é uma das sensações do momento no mundo artístico nacional. Embora nada tenha a ver com as grandes canções nordestinas de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Zé Nilton, Dominguinhos, entre tantos outros. Mas como as coisas estão modernizadas hoje em dia, tudo se faz de forma diferente, afinal são sinais de novos tempos.
A LÓGICA DE ALGUNS - O que uma parcela que está envolvida nesses grandes eventos, é a injeção de dinheiro público que se coloca no meio circulante, o que teria muito de retorno e renda para cada localidade. Só que, pode até ser, mas o retorno custo/benefício, pode não ser do tamanho que se imagina. Não se pode confundir aglomeração de público, com retorno de capital e renda, por outro lado, se encherem os bares, restaurantes, hotéis, pousadas, motéis, pode ser que entre dinheiro. A questão é saber até que ponto o investimento feito volte em termos de benefícios para a população, o que é um fator de muitas dúvidas. Nada contra que se faça grandes eventos, desde que não se descuide das prioridades de cada Município. Em Arcoverde mesmo, muita gente chega a ficar encantada com a cidade, mas aí se desperta para um outro fator, o anel periférico da cidade que fica às escondidas, porque se visto pelo turista, certamente iria ficar perplexo como uma cidade pode promover uma festa tão grande, cuidar somente do centro, que é o cartão postal e deixar de lado a periferia, como se jogara o lixo por baixo do tapete. É assim que acontece em muitas cidades. Mas enquanto o mundo for mundo, e o nosso povo for do jeito que é, sempre haverá uma Roma Antiga para se dar pão e circo para o povo se esquecer das agruras que cada qual passa na vida. Se era assim desde o Império Romano, assim continuará sendo mesmo que estejamos vivendo numa democracia, ou não camaradas!
TAMBÉM NÃO SE PODE VIVER SÓ DE TRABALHO - Claro que não se pode viver só de trabalho, está mais do que evidente. Segundo entendimento bíblico, trabalho é castigo. Não fosse o pecado de Adão, o ser humano vivia num Paraíso Celestial, com tudo a seu dispor, todas as mordomias, sem precisar de derramar o seu suor trabalhando e sofrendo. Trabalho é sofrimento. Mas como Adão pecou, todos estão pegando pelo pecado de Adão. Mesmo assim, apesar do trabalho, do sofrimento e da dor, existe diversão de sobra para todo mundo em todos os lugares. O Brasil, se levado bem à sério, tem festa de sobra e trabalho de menos. Senão vejamos: primeiro vem o Carnaval, que em muitos lugares, de quatro dias, passou para trinta; depois vem as festas juninas, que de 23 de junho a 29, tem lugares por aí afora, que chega também a trinta dias. Das festas cívicas, não se falam, que no momento não tem lá grande importância, afinal de contas, para que civismo, hem? - Depois vem as festas de final de ano, que consome outro tanto de dias de pernas para o ar, além claro, das festas localizadas, de santos, de padroeiros e por aí se vai, que também duram em média cerca de dez dias e assim, vamos vivendo no mundo da fantasia, das festanças e da magia.
NADA CONTRA - Nada tenho em particular, a ver contra festejos, festanças e festas de épocas. É bom se divertir e esquecer das mazelas da vida, que são tantos e chegam na maioria das vezes a tanto nos perturbar. Mas convenhamos, a vida de cada um não pode ser uma verdadeira festa não senhor. Já festei demais ou talvez não tanto quanto queria, mas gostava muito de sair por aí atrás de uma festa. Hoje já não me permito mais a esse tipo de regalia. Até mesmo tomar umas e outras, tem sido um sacrilégio para mim, pois estou fazendo o que não deveria fazer, por imposição circunstanciais da fatores da própria vida que não mais me permite fazer o que dates para mim era tudo alegrias e um mundo de magia. Hoje não posso me dar a esse luxo e quando o faço, não me sinto com a cabeça no devido lugar, para minha infelicitação.
ESPERO BOAS FESTAS PARA TODOS - Com tantas atrações boas na região, só espero que todos tenham umas boas festas e procurem se divertir, agora, com um alerta, se divertir sem procurar prejudicar quem quer que seja, porque aí deixa de ser diversão e passa a ser uma agressão à sociedade. Vamos todos então, para quem pode, se esbaldar à vontade e brincar pra valer numa boa, como cheguei a fazer por muitas vezes em minha vida e hoje infelizmente não mais posso me dar a esse luxo, ok, camaradas!
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