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domingo, 29 de julho de 2012

NÃO EXISTE NESTE MUNDO GLOBALIZADO UMA CULTURA PURAMENTE NACIONAL


   Sinto em discordar do mestre Ariano Suassuna, sem querer ferir a verve do grande escritor e teatrólogo que ele é, mesmo assim esse negócio de se ter uma cultura genuinamente nacional ou pernambucana, é imaginação de alguns puristas, que como ele, querem simplesmente radicalizar no setor de uma cultura popular somente nossa. Explico melhor sem querer ser descortês com o grande mestre das letras e das artes ou de outro qualquer que como ele segue essa mesma linha de pensamento, mas se somos fruto de uma miscigenação  universal, praticamente de quase todos os quadrantes do Planeta, então como existir uma cultura genuinamente nata, se viemos de uma mistura de vários DNA's de todas as raças do mundo,  hem? - Então se a cultura vem também do DNA, antropológica e sociologicamente falando, como há se de ter uma cultura que não venha a ter uma ponta de influência da origem de cada um de nós e de todos os outros que contribuíram na nossa formação genética de um povo, hem? - Então na verdade, os vários ritmos musicais dos quais se diz sermos criadores, na verdade lá na ponta de onde vierem os primeiros dedilhares, certamente tem algum toque de influência de ritmo africano, indiano, arábico, grego, europeu, dos nossos colonizadores portugueses e por aí mundo afora. Então dizer que o frevo é um ritmo genuinamente pernambucano, não se pode ter a menor dúvida, mas que lá para trás com toda certeza, teve influência de algum outro ritmo dessa mistura de raças, assim como o samba ou a chamada Bossa Nova, que deu origem à chamada MPB, teve seu foco principal no jazz americano. Então como podemos dizer que temos uma cultura popular genuinamente nacional? - Talvez nos nativos, que na verdade ninguém tem certeza absoluta se de que antes deles já esteve ou não outras raças aqui convivendo com os mesmos. Então radicalizar por uma cultura genuinamente dentro de um purismo nacional, quando existiu e existe uma pluraridade de mistura culturais e raciais, é pura ingenuidade em nome de se dizer ritmo tal é nosso ou dança tal faz parte integrante da nossa cultura popular. Isso caros camaradas, não existe, partindo-se de tais pressupostos.
      Até mesmo as tradições marcantes de uma determinada raça ou nação, tem as suas origens fincadas nessa miscigenação, a não ser quem viveu ou vive praticamente isolado de todo o mundo e sequer tem conhecimento ainda da existência da roda, mas num mundo globalizado como o que vivemos atualmente, não podemos jamais falar somente em coisas nossas com a paixão de quem acha que só devemos ouvir e divulgar uma música se for genuinamente de nossa origem nata, o que na verdade é um um mero erro de interpretação histórica da realidade da origem de cada nação que veio a ser formada. Claro que cada povo foi adquirindo com o passar dos tempos, as suas próprias características, das quais muitas delas também, advém de uma mistura de muitos modos de vida de cada povo. Como se pode dizer que os latinos-americanos são genuínos se todos foram colonizados por povos europeus, hem? - Até mesmo as Guianas Francesas, que fica na América Latina, fala o francês. Então não existe essa de purismo cultural coisíssima nenhuma.
      No mundo atual por exemplo, de uma pequena cidade interiorana como Buíque, você pode se conectar com o mundo todo se assim o quiser e com os meios de comunicação de massa que se tem em mãos, os modismos e tradicionalismos locais, estão sendo praticamente unificados pelos meios midiáticos. E aí, como se pode fugir disso e ficar na mera conversa da cultura neolítica popular nata, da terra e das tradições de cada povo. Evidente que certos modos e tradições com toda  certeza devem ser preservados. Agora o que dificilmente alguém vai impedir, é de se ouvir música estrangeira, quando se devia ouvir somente o baião de Luiz Gonzaga ou a música e danças armoriais defendida com veemência por Ariano Suassuna. Claro que existe muitos ritmos musicais que são ridículos ao extremo, a exemplo do hip-hop, um tal de rap, o rock and roll pauleira, o ritmo baiano do axé-music que africanizou a Bahia ainda mais, o pagode paulistano, com todo respeito aos que adoram tais ritmos musicais, mas muitos deles deveriam ser jogados na latrina e se não couber, na privada mesmo, porque não fazem o menor sentido, quer em termos de letra ou música, além de alguns ritmos enfadonhos existentes no Norte do Pais, que também são de fazer penico os ouvidos dos outros, principalmente quando se está em determinado ambiente ou em casa e, algum porra-louca passa com os seus potentados carros de som, obrigando a qualquer pessoas, quer goste ou não, a ouvir determinados lixos musicais. Até as tradicionais festas juninas do forró-pé-de-serra, estão sendo invadidos pela música ou o pagode paulistano, o axé-music baiano e até mesmo, músicas românticas caipiras, que nada tem a ver com os festejos juninos. Também dos antigos carnavais, que de músicas carnavalescas se tem influência de vários rimos dessa formação de raças, ao invés do frevo e as velhas marchinhas, hoje o que predomina mesmo em nosso Estado, é também o axé-music e os pagodeiros paulistanos. Dos forrós também estilizado eletronicamente, existe uma mistura que só vem de uma nota só e a grande maioria das músicas produzidas, são uma porcaria que deveria se jogar no penico, que tenham dó, não dá para ouvir, mesmo assim, se alastrou por todo o Brasil. É isso aí, cada qual com o seu bom ou mau gosto musical nessa mistura de raças, que não se pode dizer que se produziu ou aqui nasceu uma cultura popular puramente nacional. Isso é coisa de sonhador, como o grande mestre Ariano Suassuna, mesmo assim é louvável o seu apego desmedido pela chamada "cultura popular nativa".

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