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terça-feira, 4 de setembro de 2012

SOMOS PRODUTOS DE UM SISTEMA BRUTAL, NEM POR ISSO DEVEMOS ESCOLHER O CAMINHO ERRADO A SER SEGUIDO


     Diz um adágio popular, de "que só é ruim nesta vida, quem quiser ser". Este é um tipo de filosofia que não se amoldou em minha pessoa em particular, entretanto, muitos que nascem à margem da sorte, do chamado destino promissor, estão à beira do descaminho da vida, quer optando para a prática de crimes dantescos, de fazer o mal de forma cruel e impiedosa ou de praticar maldades sem a menor justificativa. O meio social aonde a gente nasce, dão os primeiros aprendizados que passam a integrar a formação moral e social do homem, será que é responsável por isso? Em grande parte sim, mas existem as exceções pontuais, de pessoas que vieram dos lixões da vida, da margem da sociedade e hoje são pessoas de bem, honradas e aprenderam a viver uma vida de respeito, honradez e dignidade humanas. O fator sociológico da origem, necessariamente não é o nó da questão para que o ser humano faça a sua opção pelo bem ou pelo mal, isso não se pode dizer preponderantemente para a postura de cada um de nós, no aprendizado da vida.
     Posso até me colocar como um exemplo de superação de muitas dificuldades de vida, pois nasci de uma estirpe familiar pobre, embora de origem tradicional de minha terra, trabalhei na roça, depois rumamos para São Paulo, eu, meus demais irmãos e meus pais, ainda na década de 60. A chegada naquela terra insana e sem alma, foi pior ainda, pois ainda com tenros 12 anos de idade, enfrentar já naquela década, uma megalópole daquelas, insensível e cruel, era de desanimar qualquer ser humano, qualquer matuto nordestino, principalmente uma criança como eu, que já se iniciara na adolescência. Para mim foi um baque de lascar. Depois vieram as gozações de menosprezo dos paulistas para com os nordestinos, na Escola Dom José Gaspar, em Ribeirão Pieres, primeira cidade a morar quando lá chegamos, além das chacotas e humilhações sofridas nos primeiros trabalhos, a partir dos catorze anos de idade, quando já na cidade de São Paulo, capital, passei a trabalhar como servente de pedreiro com meu irmão Miltinho, e depois, como peão de fábricas, na função não tanto degradante de ajudante geral, mas a humilhação, mesmo dos demais pares, peões também como eu, era de lascar, mas me continha, apesar da revolta por dentro de mim, e da vontade de esganar alguém sem dó, nem piedade, mas felizmente, nada disso aconteceu e superei tantas dificuldades pelas quais passe na vida, não querendo dizer que com isso, não passe por determinadas circunstâncias na fase de vida em hoje me encontro, mas de forma diferenciadas das que passei nessa triste passagem de minha vida, mas jamais deixei de esquecer a criança, os fatos e acontecimentos pelos que passei, que ainda teimam em estar dentro de mim para toda a minha vida.
     O que quero demonstrar, ainda que de relance, num flash de minha vida, é que, nem sempre devemos desanimar pelo fator de termos vindo de um estamento social de pobreza, miséria e de abandono social. Na verdade, a gente pode ser o que bem entender, basta da dor e do sofrimento, fazer o esteio de fortalecimento da alma, para que se possa ultrapassar e vencer, todas as adversidades que a vida coloque à nossa frente como uma barreira que pensamos até, que venha a ser intransponível, mas se a pessoa tem auto-controle mental, firmeza de caráter, dignidade humana e honradez, não envereda jamais para os descaminhos da vida e se torna uma pessoa má, cruel e criminosa. Basta lutar, mesmo dentro de sua simplicidade, mesmo que esteja dentro de um mundo cruel e dantesco como o que vivi, que na luta, na garra e objetivando sempre conquistar o seu lugarzinho ao sol, que um dia, quando menos se espera, qualquer um pode chegar lá no topo e dizer, camaradas, finalmente venci! Não é fácil, mas outros problemas sempre estarão no caminho de sua vida para lhe perturbar a mente, os seus sentimentos e ferir a sua suscetibilidade, mas aí, já é outro tipo de problema colocado em nosso caminho, para que possamos da mesma forma como superarmos e escolhemos o nosso destino, mais uma vez vencermos tais problemáticas momentâneas, que vem a afligir o nosso espírito e a nossa alma. O certo mesmo é nunca desistirmos na vida e mostrarmos para quem quiser, que apesar de determinadas pessoas, somos fortes por sermos pessoas de boa índole e honestas. Quanto ao resto que não nos suporta, que vá para a casa do caralho, certo camaradas! O fato de ter nascido em berço de ouro ou num berço pobrezinho de Jó, não significa que a pessoa venha a se maldizer da sorte, para chegar a enveredar por caminhos vingativos contra os seus semelhantes. Uma coisa é nascer pobre, outra é se tornar uma besta-fera sanguinolenta e endiabrada, a plantar o medo, o terror e à prática criminosa da disseminação de crueldades e de um mundo de medo entre os seus semelhantes. Uma coisa não justifica a outra. Ser pobre é só mais um detalhe que poderia ser resolvido por variáveis de políticas sociais adotadas por todos nós que compomos a sociedade, mas não é fator determinante do caráter, da conduta, da honradez e dignidade de ninguém, pois quem quer seguir o caminho do bem, com toda certeza poderá fazê-lo e tirar de letra tudo que fizer com paz e amor nesta vida.

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