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terça-feira, 14 de outubro de 2014

A MORTE NÃO MANDA RECADOS, ELA VEM DE REPENTE, NUM ESTALAR DE DEDOS, OU COMO NUM FLASH DE LUZ DE UMA CÂMARA FOROGRÁFICA, E DÁ SEU GOLPE LETAL, DERRADEIRO E INESPERADO, COMO FOI COM O NOSSO AMIGO URBANO ROCHA

URBANO ROCHA, VOCÊ NÃO MORREU, APENAS FEZ COMO UMA ESTRELA, APENAS MUDOU DE LUGAR


     Conheci a família de Urbano Lopes, desde criança, quando ainda estudei com os seus irmãos Amaro e Amauri na Escola Duque de Caxias de Buíque e, através de seu pai, que junto com o meu, sempre se juntavam entre outros da época deles, para bebericarem e fazer farras à vontade. Além de Amaro e de Amauri, sendo que este último, foi meu colega da época de bancário do BANDEPE e, com sua irmã Amália, também cheguei a estudar junto com ela. Então falo de uma pessoa que mesmo que não tenha sido dos primeiros familiares a com ele conviver, mas por vários anos o conheci e convivemos juntos trocando ideias, jogando conversa fora, falando de política e até mesmo tomando  umas e outras, como era de costume, junto com outros amigos ocasionais de cachaça, e sempre vi nele, apesar de simplicidade de vida, o seu caráter, seu estilo, a sua formação de homem honrado, sério e honesto que sempre buscou pautar a sua vida e de educar aos seus filhos da melhor maneira possível e dentro de suas reais possibilidades. Certamente ainda não era a sua vez de partir para o andar de cima, mesmo assim, o ser humano vivente, não tem escolha para qual venha a ser a hora mais adequada para de vez, num abrir e fechar de olhos, dar um apagão letal para sempre. Não foi bem assim que ocorreu com Urbano Rocha, popularmente conhecido pelos amigos, como “Bana”, “Cabeção”, mas ao adormecer após um dia de domingo, em que tinha tomado umas doses de uísque, sua bebida favorita e de ter fumado vários cigarros, haja vista ser um fumante inveterado, quem sabe até sem nada sentir, na manhã desta segunda-feira, seu corpo não mais dava sinais de vida, estava imóvel, estático, sem ter mais sequer que seja um movimento vital. Morreu certamente como nasceu, sem sequer saber para que veio a este mundo, e sem também, da mesma forma, para aonde vai, mas que, para os que creem, pelo que ele foi em vida, dotado de uma bondade e de um caráter inigualáveis, com certeza, pela lógica de vida pautada em sua existência, a  recomendação é a de dormitar seu sono eterno em um bom lugar, uma quimera de um belo e infinito paraíso.
     A família “Rocha” ou “Laudelino Rocha”, aportou aqui em Buíque há muitos anos, através do Cabo Rocha, que era daquela polícia militar de Pernambuco, das antigas. Usava ainda aquele tipo de fardamento, pelo menos lá pela década de 60, quando convivia a fazer farras junto com o meu pai, do tipo dos jagunços que combateram os cangaceiros de Lampião. Naqueles idos eu deveria ter por volta dos 8 para 10 anos de idade. Mas o Cabo Rocha, era uma pessoa de tez morena, de uma estatura não muito alta, talvez da altura de meu pai, que tinha não mais de 1,65 m de altura, mas era uma pessoa bondosa e aqui em Buíque teve uma extensa família, que buscou criar da melhor maneira possível. Teve grandes homens em sua família, apesar de problemas pontuais aqui acolá, como é de costume em toda e qualquer grupo familiar, mas nunca deixou de ser duro em sua forma de criar e educar os seus filhos. E de todos eles, apesar da simplicidade da qual era possuidor, Urbano Rocha, entre outros, foi um grande homem que sabia honrar com a sua palavra e os seus compromissos. Tinha grande confiança em minha pessoa e sempre que trocávamos ideias, sempre me dizia que votaria em mim se fosse eu candidato a qualquer que fosse o cargo eletivo em disputa aqui em Buíque, porque tinha por mim, uma grande admiração, sendo verdadeira a recíproca e por isso mesmo, nunca busquei falhar com o nobre amigo que se foi, nas horas mais difíceis em que precisou de mim nos meus préstimos advocatícios, e também na amizade pessoal. O ser humano sempre se liga mais pelas ideias, por mais simples que sejam estas, que ambos concordam, do que pela discordância e foi assim que sempre tive essa ligação com o amigo de fé e camarada, Urbano Rocha ou o popular “Bana”, o “Caeção”, como também era popularmente conhecido pelos mais próximos. Nunca me recebeu em seu recinto ou em qualquer lugar, com cara feia, mas sempre receptivo e afável quando me via e hoje a única coisa que me resta, é o pesar pela sua morte com os seus ainda, se muito, cinquenta e poucos anos de idade, o que é muito pouco para quem passou por essa odisseia de vida e se foi assim sem maiores explicações ou talvez mesmo, pelo fato de que, quando à morte vem, não manda recado nem para as pessoas novas, com média ou há velhas na idade, mas pelo decurso da vida, a gene sempre espera morrer velho.
     Não poderia deixar de passar em brancas nuvens e não prestar minha homenagem derradeira a esse grande homem, que apesar de sua simplicidade, de sua conduta mansa, pacífica e dura quando era preciso, mesmo assim, foi um pai zeloso na criação de seus filhos, cuidadoso na condução de buscar lhes mostrar o norte de vida para cada um para que cada um deles tivesse um futuro melhor de vida, dias melhores e antes de tudo, de ter um caráter, que como eu, na dureza da vida, aprendemos a ter e firmar nas nossas formações de vida, que herdamos com certeza, de nossos pais, que por bem ou por mal, à maneira de cada um, soube nos educar, às vezes até, grotescamente, mesmo assim, trilhamos o caminho da honradez, da honestidade, da hombridade e da dignidade humanas, qualidade que hoje em dia, é coisa rara em poucas pessoas. Por isso mesmo não poderia deixar de prestar esta minha homenagem a um grande homem, que antes de tudo, de ter sido um bom pai para os seus filhos, foi uma pessoa exemplar em Buíque pelas suas posições inarredáveis que tomava e não havia quem o convencesse para muda-las, mesmo que viessem a lhes oferecer a troca de suas convicções por puro ouro, pois para ele, o que valia mesmo era a retidão de caráter, a honradez de conduta e a firmeza e palavra de um homem que moldado pela humildade em que traçou toda essa estada neste mundo, nunca se dobrou diante dos poderosos ocasionais e sempre teve uma visão de mundo diferente da de muitas pessoas daqui mesmo de nossa terra. A Urbano Rocha, o grande amigo “Bano” o “Cabeção”, minhas sinceras homenagens pela sua existência, que sem você, acredito, Buíque não teria sido o mesmo, o mundo também não e a lacuna que você deixou, com certeza não vai ser preenchida por ninguém, pode até ser substituída, mas preenchida pelo que você foi e representou, jamais. Meu adeus caro e dileto amigo e camarada, e que durmas em um bom lugar o seu sono eterno, aonde talvez virás a encontrar à paz, que certamente em vida não fostes capaz de completar a tua missão, pois para quem se vai para sempre, nem tudo que se deixou para trás, fica por completo, sempre haverá muita coisa que se queria fazer e não se chegou a tanto. A morte como fator derradeiro da vida, sempre nos deixa na inquietude da vida, uma obra que durante o lapso temporal vivido, não fomos capazes de complementá-la por inteiro.
Cabo Rocha e meu pai, Milton Modesto, foto tirada lá pela década de 60, ainda no tipo de máquina lambe-lambe.

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