ERA UMA VEZ, NO BANDEPE DA CAIS DO APOLLO, NO RECIFE ANTIGO
Agência 001-Centro, do BANDEPE, no Recife e administração central, onde trabalhei por um bom tempo. |
Como já tive oportunidade de
relatar noutras oportunidade, fui o primeiro de Buíque, a prestar um concurso
público para ocupar um cargo privado, numa empresa de economia mista estatal, o
Banco do Estado de Pernambuco – BANDEPE, em 1975. Entre os tantos concorrentes
na época, estudei um bocado, lá num quartinho reservado do Bar Arizona e
finalmente, como tinha o objetivo de passar nesse primeiro concurso público,
realizei o meu primeiro sonho e em 14.11.1975, fui nomeado para trabalha na
agência nº 033, na cidade de Buíque, tendo começado logo, como Investigador de
Cadastro, que era a responsabilidade de vasculhar a vida pregressa de clientes
que se propunham a fazer operações creditícias no banco estatal pernambucano,
de fomento ao desenvolvimento de diversos setores de nossa economia. Esse foi o
pontapé inicial de minha iniciativa como bancário. Depois desse início, com
pouco tempo, como pretendia fazer um curso superior na área de ciências exatas,
que era o meu forte na época, apesar de ser muito bom no domínio do português,
mas por outro lado, não perdia para ninguém na matemática e na física, pedi
transferência para o Recife, onde fui trabalhar na agência Nº 001, na Rua Cais
do Apollo, 222, 1º andar, no Bairro do Recife Antigo. Hoje certamente, pela
falta de continuidade na prática de tais matérias, pouco ou nada sei
desenvolver, porque a gente só finca mesmo algo na mente, quando a prática se
torna corriqueira e continuada, o que não foi o meu caso, mas se tentar dar uma
treinada em certos princípios físicas, nas equações matemáticas de diferencia e
integral, certamente ainda consigo arranhar alguma coisa. Mesmo assim, quando
de minha mudança, fui morar numa pensão, depois numa república de estudantes da
qual fui o seu presidente e comecei a fazer cursinho num dos poucos existentes
na época, no Radier e, no primeiro vestibular que fui submetido, também passei
no Curso de Engenharia, para estudar na UFPE, curso este que cheguei a cursar
até o sexto período (três anos) e já estava entrando na fase do profissional,
porque o básico houvera pago os créditos por completo, que é comum para
qualquer curso de engenharia. Por ironia do destino, nessa época, cheguei a me
casar e tive o meu primeiro filho, Hélder, e como as coisas foram se tornando
dificultosas, ao me submeter a um concurso interno de Chefe de Carteira Rural,
passei e, sem pestanejar, tranquei o curso de engenharia e voltei a trabalhar
em Buíque, onde existia a vaga e, também, a morar nesta terra. Na época,
trabalhei com vários gerentes e amigos, a exemplo de Pedro Mariquita,
Branquinho, Galega de Zuza Tavares, como era chamada, Petrônio, Durval, Roberto
Morais, Fernando Camêlo, Moraizinho, com Nido dos gêmeos, com Sérgio Baydum,
Joninhas de seu Manoel Benedito, com Gilberto de Pergentino, com técnicos
agrícola Lavoisier, entre outros, com Marcelo Padilha e outras pessoas que não
me vem à memória no momento. Foi um período rico para a expansão de nossos
conhecimentos e sabermos também, no solo meio movediço em que estava pisando,
em face da política da época, que tinha grande poder de interferência, com suas
frequentes intervenções negativistas no banco de fomento estatal e por isso
mesmo, para não ver as coisas pioradas para mim mesmo, por perseguição
implacável de um político que não vou citar o nome, na década de oitenta, fui,
eu e Pedro Mariquita, implacavelmente perseguidos e por isso mesmo, tivemos que
pedir transferência para outros lugares. Foi aí que fui parar em Pesqueira,
onde cheguei a me familiarizar com àquela gente boa, fazer muitas amizades e
firmar muitos conhecimentos, principalmente na área política e da cultura do
lugar. Foi lá que conheci intelectuais do tipo William Pôrto, Potiguar Matos,
Jurandir Carmelo, Célio Guimarães, Professor Souza, o Padre Zé Maria, que
recentemente faleceu, entre outros.
Como sempre tinha em mente, fazer um curso superior, como me
encontrava atuando ativamente num campo social muito delicado, a política,
então resolvi fazer direito e fui submetido em 1985 a um novo vestibular,
passei mais uma vez, e finalmente, cheguei a concluir o tão sonhado curso superior
na Faculdade de Direito de Caruaru – FADICA, da qual até hoje tenho muito
orgulho, tendo me formado em Direito na turma de 1990. Orgulho-me também pelos
professores que tive e pelo grande número de amigos que por lá também firmei e
deixei. Imaginava eu, assim como todos os funcionários do BANDEPE, que por ter
um regimento interno que nos garantia estabilidade no emprego, que esse
instituto nos protegesse da demissão involuntária, tal qual um servidor
público, mas qual nada, por ser uma empresa de sociedade de economia mista, em
que o estado era o maior acionista com 99% das ações, mas a natureza jurídica
era privada, não existia estabilidade coisíssima nenhuma e por isso mesmo, na
irresponsabilidade política de uso indevido do Banco pelos políticos de todos
os matizes, porém com mais ênfase para os que advieram de origem da famigerada
ARENA, que deu origem aos malfadados partidos políticos PFL, PDS e DEM, em
1991, em pleno governo de Joaquim Francisco, foram sumariamente demitidos mais
de dois mil pais e mães de famílias, que ficaram na rua da amargura. Como eu já
houvera me formado desde o ano de 1990, fiquei de início meio perdido, mas não
totalmente, porque a partir de então, fui obrigado a exercer a trancos e
barrancos a minha profissão liberal de advogado, e foi o que fiz. Tentei de
início o comércio, na cidade de Arcoverde, mas como não dominava as maledicências
comerciais, cheguei a quebrar em bandas e tudo que ganhei do banco a título de
indenização, não fiquei sequer com um centavo e o jeito mesmo, foi me firmar na
minha profissão, sem a qual, não teria sobrevivido até o momento atual, apesar
de muita gente a me perseguir, me reprimir ou olhar com olhos enviesados, mesmo
assim, vou levando o meu barco e fazendo o meu trabalho como operador do
direito, dentro de minha responsabilidade de sempre combater o bom combate. Não
sou de abrir mão para ninguém, estando dentro do meu direito, por isso mesmo,
por ser liberal, é que tenho a faculdade de tomar as posições que bem entender,
certas ou erradas, só o tempo, senhor da razão, é quem poderá dizer e julgar.
Quanto aos demais, satisfação alguma tenho a dar a ninguém.
Mas de todos esses dezesseis anos de BANDEPE, teve um amigo
que marcou toda essa minha vida de bancário, que foi um dos grandes meus amigos
até os dia atuais, que foi Lucilo Melo de Almeida, caruaruense da gema, que
começou a trabalhar depois de mim, acredito que por volta de fins da década de
setenta, quando eu trabalhava no período noturno, num departamento chamado
DECON e num setor por nome de SECOD e, numa certa quarta-feira, adentra no
recinto um novo funcionário, todo paramentado com vestimenta roxa e de pronto,
como a turma era gozadora, eu de logo lhe finquei um apelido de Zé do Caixão,
coisa que até hoje o trato dessa forma, quando ele me liga do Recife para falar
comigo. Conhecedor de sua voz, de pronto atendo e digo: “diz, Zé do Caixão,
como estás, cara?” – E começamos na base da cachorrada a troca de ideias.
Lucilo foi o mais marcante porque teve mais participação em minha vida, desde o
período em que eu casei pela primeira vez, em que numa viagem em que viemos do
Recife para Buíque, para comemorar minha despedida de solteiro, a gente cheio
do “mé”, ele sem habilitação, dirigindo o seu fusquinha vermelho e assim,
depois de uma farra que teve início no Clube do Bandepe em Santo Amaro, lá por
volta da madrugada, resolvemos vir à Buíque, sem ter nada planejado. Com ele
veio Chico Pinico, Marco Polo, eu e ele ao volante. Chegamos primeiramente em
Arcoverde, tomamos umas cervejas na casa de meu irmão Miltinho, depois rumamos
já depois do meio-dia para Buíque e ao chegarmos na terrinha, não aguentei mais
e fui dormir. Era um dia de sábado, dia de feira-livre nas ruas de Buíque. Só
sei que em determinado momento, eles resolveram voltar para o Recife ou beber
em Arcoverde. A pista ainda era na base da piçarra e, ao chegarem na Serra do
Salobro, qual não foi o susto que tiveram, o carro, não sei se naquela curva
fechada, a primeira, com direção à Arcoverde, segundo Lucilo ao tentarem se
desviar de uma carroça, caíram ribanceira abaixo e não fosse uma árvore para
segurar o fusca, todos teriam ido à óbito. Pior é que, eles iam ouvindo música no
toca-fitas e, enquanto Lucio saia do veículo e Chico Penico também, Marco Polo,
tinha ficado lá dentro do carro, ouvindo música, como se nada tivesse acontecido.
A sorte é que nada aconteceu, a não ser o prejuízo material do fusquinha, que não
sofreu lá grandes avarias e ainda foi recuperado, ao ser levado para o Recife
por um reboque, depois de ficar alguns dias, levado por mim por um trator da
Prefeitura de Buíque, por seu Zé Cavavá, para Arcoverde, onde ficou nas
proximidades da Padaria Cardeal de meu irmão Miltinho, por alguns dias. Desse
fato, fiquei com um sentimento de culpa dos diachos, mais foi mais uma das
tantas peripécias que pela vida passei. Mas resolvi falar desse evento, pelo
fato de ter recebido um telefonema de meu amigo Lucilo ontem, cientificando-me
que nesses dias apareceria por aqui para me fazer uma visita, com o que,
disse-lhe que seria muito bem-vindo, porque se existe amigos, Lucilo sempre
para mim, foi um grande amigo de verdade. Sujeito extremamente inteligente,
facilmente aprendeu todas as engrenagens do Banco e com um certo tempo de
experiência, chegou a ocupar o posto de Diretor de Recursos Humanos do Banco, o
temeroso DERHU, que era o responsável pelo controle de todo o pessoal do Banco.
Mas Lucilo sempre foi um sujeito humano, amigo e correto tanto a sua iniciação
bancária, quanto a alguns cargos de chefia que ocupou, até chegar ao posto de
Diretor do Banco. Hoje, viúvo, cabelos brancos, ele vive de uma empresa se não
me engano de leasing, que montou em sociedade com outro parceiro. Amigo Lucilo,
só tenho a lhe dizer, que você será sempre bem-vindo a esta terra, pois amizade
de verdade não se acaba facilmente, é para sempre e você sempre foi um desses
caras que passaram pela minha vida, que posso dizer: LUCILO, VOCÊ, É UM AMIGO
DE VERDADE!
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