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BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

domingo, 21 de dezembro de 2014

HOJE ESTOU ABRINDO ESPAÇO PARA PUBLICAÇÃO EM PRIMEIRA MÃO, DE UM TRABALHO DE MAIS UM ARTISTA BUIQUENSE, O JOVEM CORDELISTA, BRUNO PEREIRA, QUE TEM UMA FAMÍLIA DE VEIA POÉTICA DE ALTO VALOR NA LITERATURA DE CORDEL. TRATA-SE DE UM CORDEL EM QUE ELE RETRATA O ROMANCE/DRAMA SHEKEASPEREANO, NO ROMEU E JULIETA DO SERTÃO. MUITO BEM FEITO. LEIAM E CONFIRAM ESSA ROMANCE NA VISÃO CORDELISTA, MAS COM CENÁRIOS DO SERTÃO NORDESTINO E NÃO ITALIANO.

Romeu e Julieta
 do Sertão



     Buíque: 12.12.2014



Dedicatória
Dedico esta humilde obra para toda minha família: Minha esposa, minha filha, minha avó (Dona Darquinha) meus pais, e para todos em geral que apreciam a literatura de cordel. Deixo meus agradecimentos também aos que contribuíram para a realização do trabalho: Paulo Tarciso, Paulinho Vilela, e Maria Aparecida (minha tia),

Buique: 12.12.2014


                   O Autor
Bruno Henrique Terto Pereira
Rua Otávio Correia da Costa, nº13
Centro – Buíque – PE   CEP- 56520-000
Email:       buikano@hotmail.com

                
 Meados de mil e oitocentos
Lá pras banda do sertão
Um casalzin bonitin
  Chamava muita atenção
Era um rapaz bem magrinho
E uma mocinha do cabelão.

Ela se chamava Julieta
Ele Romeu Silva Romão
Mas tinha um grande problema
Que impedia essa paixão
O pai dela não aceitava.
De nenhum jeito a relação.

Romeu em seu jumento
Na porta de Julieta bateu
Chamando a pra fugir
Mas ele quase morreu
Um tiro que veio da cozinha
Que o pai da moça meteu.

De todas essas maneiras
Romeu cansou de tentar
Conseguir levar Julieta
A sorte não quis ajudar
Até que um certo dia
Ele pensou em se matar.

Foi quando avistou sua amada
Passeando abatida
Foi gritando: “Meu amor!”
E ela olhou esquisita
Nesse tempo ela pensava
Tirar também sua vida.
.
  Julieta ao ver Romeu
Correu chorando bastante
Romeu seguiu atrás
Mas desistiu adiante
Pois no meio do caminho
Seu “ciclo” quebrou a jante.

Romeu voltou para casa
Bastante desesperado
Dizendo a vizinhança
Que ia voltar armado
Pra que o pai da Julieta
Faça logo esse noivado.
  
Julieta quando chega
Viu o pai, tava na rede
Ela brava lhe falou
Botando o pé na parede:
- Se não fizer meu noivado
Vou fazer greve de sede.

O velho sequer deu ouvidos
Julieta sem solução
Bateu no peito e falou:
- Não vai ter jeito mais não!
Vou parar de beber água
E morrer sem hidratação.

Porém no dia seguinte
Chegou o Romeu por lá
Procurando pelo velho
Perguntando onde ele está
O velho disse: -Tô aqui!
vamo logo si acertá!.

Romeu muito furioso
Já chegou logo enfrentando
Aquela grande barreira
Que estava empatando
De viver seu grande amor
Que sempre viveu sonhando.

Sacou Romeu um três oitão
O velho uma faca peixeira
Julieta entrou no meio
Falou: - Não façam besteira!
E Romeu lhe disse: - Não,
Já está feita a bagaceira”

O velho tentou acertá-lo
Com um golpe sem noção
Mas Romeu partiu de lá
E atirou sem compaixão
Não vendo que sua arma
Estava sem munição.

Foi quando Julieta
Mais uma vez implorou
Que parassem de brigar
Mas nenhum deles escutou
Seu pedido em desespero
Que de nada adiantou.


Ela sem alternativa
Foi pegar uma bacia
Esperou encher até a proa
Com bastante água fria
Que logo jogou nos dois
Acabando com a agonia.

Dessa vez falou ao pai:
- Sem Romeu não sei viver
E que se fosse sem ele
Preferia até morrer
Do que passar a vida
Só vivendo a padecer.

O seu pai lhe respondeu
A olhando indignado
Que se fosse para vê-la
Com o Romeu ao seu lado
Preferia vê-la morta
A morrer angustiado.

A moça perde a cabeça
Foi entrando na cozinha
E procurou nas gavetas
Todo remédio que tinha
         E tomou-os de uma vez
Caiu perto da mesinha.

Romeu logo em seguida
Foi ver o que aconteceu
Quando lá chegou e viu
Ele logo se estarreceu
Dizendo: - Não tem mais jeito,
   Minha amada já morreu”.

E sem pensar duas vezes
Colocou a arma no ouvido
A moça acorda e impede
Pois só estava fingindo
Para seu pai mudar de idéia
E ficasse arrependido.

Diante do ocorrido
Não restou mais opção
Pois o pai da Julieta
Aceitou a condição
De permitir sua filha
Seguir seu coração.

Depois dessa desavença
Foi marcado logo o dia
Que Romeu e Julieta
Realmente casaria
Na pequena igrejinha
Do sítio Santa Luzia.

Todo mundo convidado
Homem, mulher e criança
Era um dia esperado
Por toda a vizinhança
O dia em que os noivos
Trocariam as alianças.

Foi então que se casaram
Em um dia de São João
Com um festão de qualidade
Nunca visto no sertão
Foi o casal mais feliz
Que alguém viu na região. 

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