ERA UMA VEZ, UM NATAL FELIZ
A essa altura do campeonato, não posso mais dizer, que tudo
em minha vida, é uma montanha de felicidades, isso não. Na verdade, quando a
gente chega a determinado ponto da vida, na fase mais dura do amadurecimento da
realidade desta, a gente chega a perceber, que em parte o que ficou para trás,
não passou mesmo de um mundo de ilusões e de expectativas para impulsionar à
nossa própria vida, senão, sem a estrutura devida, certamente não conseguiríamos
chegar até esse ponto no qual nos encontramos. Em muito a gente se ilude e
deixa se levar, pelo que em determinado momento, nos jogam como politicamente
correto e de que, devemos sem questionar, acreditar piamente, mas com o passar
do tempo, a gente vai percebendo que nem sempre as coisas são como
ilusoriamente quiseram nos fazer crer que estas são a realidade visível e
palpável. Na medida que o tempo vai passado e vamos vendo as coisas à nossa
volta com outros olhares, e fazendo uma análise mais aprofundada, questionando
tudo que nos rodeia, é que vamos percebendo, que tudo nesta vida, pelo menos em
grande parte, é recheada de farsas, mentiras, que nos incutem na mente, somente
para que venhamos a acreditar num mundo imaginário que jamais existiu. É até
positivo para dar vazão ao nosso ego, nos conter de determinadas armadilhas da
própria vida, para que possamos chegar aonde estamos, mas na verdade, só agora
é que a gente vem a perceber de verdade, que nem tudo que reluz é ouro. Uma
dessas peças da vida, é o Natal, além de outras coisas que nos fazem acreditar.
Quando criança, de infância difícil imposta pelas agruras da
vida, mesmo de forma rudimentar, sempre acreditei em Papai-Noel, no menino
Jesus, nesse Senhor Salvador, que morrera na cruz para salvar o mundo, mas hoje
vejo, que dentro de minha visão realista, nada disso é a verdade que sempre
procuram nos jogar como a versão de algo que criaram para justamente, nos fazer
crer que o mundo, a nossa existência, tinha que ser permeada por essas verdades
e que tais eram inquestionáveis, coisas que o tempo veio a me mostrar que tudo
isso não passa mesmo de uma versão que procuram dar aos fatos e acontecimentos,
que no final de contas, jamais foi condizente com a realidade da vida de cada
um de nós. Acredito realmente que é deveras importante as pessoas pararem numa
determinada época de final de ano, e comemorar, dentro de sua religiosidade ou
de seu imaginário de que existe um Papai-Noel, justamente para uma criança se
enganar que de fato existe esse bom velhinho, que inexoravelmente lhe trará um
presente a cada final de ano e de que é capaz de realizar os seus mais belos e
puros sonhos, o que pode ser verdade para quem nasce em berço de ouro, mas não
o é, para quem vem ao mundo em condições adversas ou certamente, que nem para
nascer seria de bom tamanho, porque nascer para viver uma vida de eterno
sofrer, como acontece com muitas crianças mundo afora, acredito que melhor
seria não nascer, porque neste mundo insensível, poucas são as pessoas que
ainda olham para outra com um quê de sentimento, sensibilidade e com humanismo,
porque a maioria, só está mesmo a pensar em si mesma. Por isso mesmo, nunca fui
de acreditar em Papai-Noel, tampouco na crença de Menino-Jesus, que veio ao
mundo como salvador da humanidade. Muito menos que ele veio através de um
ventre de uma virgem, o que contraria radicalmente com o princípio do
desenvolvimento biológico da vida. Essa de ter vindo através do milagre da
divindade de um anjo escolhido por Deus, não dá para acreditar. Até acredito
pelo que se dissemina há mais de dois mil anos, de um Jesus Cristo, como um
grande filósofo, pensador, pregador e humanista, agora que veio para salvar à
humanidade, tenho lá minhas dúvidas, o que é perfeitamente humano, o meu
ceticismo e um direito que me assiste, se bem que, respeito todos os credos e
pregações religiosas, sem nenhum demérito, tampouco busco desdenhar de ninguém,
apenas tenho a minha posição formada.
Acreditar, não acreditar, é uma questão de cada ser humano do
ponto de vista de visão de mundo. A minha visão é esta, que fazer? – Quem é
quem para me julgar? – Ninguém pode julgar-me, afinal de contas, quem assim
imaginar, vive da mesma forma, na incerteza, tanto é, que sequer pode
questionar o que acreditar e naquilo que crer, senão não é digno da fé. Mas lá
dentro do fundo de meu eu introspectivo, existe um questionamento ainda maior,
de que este mundo não pode ter vindo do nada vezes nada, mas sim, por meios
poderosos de um grande mistério a rondar a nós todos, que pode ser até chamado
de CRIADOR, ou outra denominação qualquer, mas que tudo nesta vida, teve
certamente uma origem e com certeza também, uma razão para o ser e o existir,
tem que se persistir, senão como se justificar se viver por um determinado
lapso de tempo, fazer muitas coisas, realizar muitas outras, principalmente
quem veio ao mundo para fazer o bem, como então haver alguma explicação
plausível? – Claro que neste diapasão, nada pode ter vindo sem alguma razão
para que tudo isso esteja acontecendo na vida de cada um de nós, então a minha
razão de ser mais um cético neste mundo gigante, incomensurável, que veio através
das mãos de um Criador, certamente tem uma razão de ser. Os que vieram depois e
neste habitam, não somente no Planeta Terra, é outro grande mistério que
ninguém, por mais estudioso que tenha sido ou seja, foi ou será capaz de
explicar, eis a questão! – Por fim, tudo que aqui está na existência humana, é
criação do homem, é invenção deste, assim como o Natal ou outras festividades
quaisquer de épocas, porque a humanidade não pode viver única e exclusivamente
de dores e sofrimentos, tem que acreditar em alguma coisa para continuar e perpetuar
a sua própria existência, mas essa época para mim, deixou de ser há muito
tempo, um momento especial em minha vida, que foi noutros grandes momentos em
que vivi. Pior é que nesta época, muitas mesas estão fartas, sobra comidas e bebidas, enquanto outras, nada tem, e isso é que nos faz vez uma festividade, que embora de sua emotividade de muitos, é também, de infelicitação para outro tanto de pessoas que sequer tem um naco de carne para comer nem mesmo em um dia de Natal.
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