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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A VIDA DA GENTE, NEM SEMPRE É ESCRITA COMO A GENTE QUER. FOI ASSIM QUE CONHECI NO RECIFE UM BÊBE CHORÃO, QUE UM DIA CHEGOU AO ESTRELADO, MAS NO PEDESTAL DAS VAIDADES, ESQUECEU DESSE PERÍODO DE INSIGNIFICÂNCIA DE VIDA, NÃO SABENDO QUE TUDO NA VIDA DE UMA HORA PARA OUTRA, PODE SE ESVAIR COMO UM CASTELO CONSTRUÍDO DE AREIA.

O BÊBE CHORÃO


     Por um certo tempo de minha vida, morei no Recife, numa primeira vez, em parte na década de final de 70 até meados do início de 80 e, tempos depois, entre os idos de 2000 a 2004, quando para cá voltei justamente para trabalhar como advogado eleitoral na campanha que iniciar-se-ia em julho de 2004, em que viria defender justamente Zé Camêlo, que doente, debilitado como se encontrava, se imaginava que talvez não viesse sequer a terminar a sua campanha, mas ainda com muito esforço em face de seu debilitado estado de saúde, finalmente conseguimos e pior das hipóteses, não fosse à doença, teríamos ganho à campanha, em face de ter sido derrotado para o seu ex-aliado Arquimedes Valença, por parcos 329 votos. Foi uma campanha dura, mas quase chegamos lá, só não terminando uma caminhada vitoriosa em face de seu estado de debilidade.
     Nunca houvera em toda minha vida, pensado em votar em Zé Camêlo, em face de nossos diametralmente passados de vida e de sermos adversários políticos históricos entre nossa família e a dele, mas mesmo assim, independentemente de Blésman Modesto, resolvi apoiá-lo. Esse apoio se deu mais pela ligação que meus filhos tinha com o seu primogênito, Jonas Neto, do que propriamente por ele, mas com a convivência de campanha, passamos a nos entender como duas pessoas civilizadas e cheguei a vestir de verdade a sua camisa, a ponto de sem um tostão furado, ter ido ao Recife, defender em Plenário do Tribunal Regional Eleitoral, a sua candidatura e pedir afirmativamente no púlpito de um Plenário lotadíssimo, a manutenção da impugnação da candidatura de Arquimedes, da qual era advogado de Zé Camêlo, mesmo no meio da arena dos leões, sozinho, praticamente me sentindo isolado, mesmo assim, não fiz feio e falei como com firmeza me sentido um Davi prestes a enfrentar um gigante Golias, em nesse Plenário lotado se encontravam renomados advogados, os sete desembargadores, políticos, uma caravana levada por Arquimedes ao Recife e fiz bonito, não decepcionei, mas mesmo assim, terminou prevalecendo a tese do advogado Dr. Luis Coelho, de Arquimedes, que era pago com o dinheiro público, para fazer as suas defesas, como acontece a mesma coisa na atualidade com praticamente todos os prefeitos, inclusive defesas administrativas nos tribunais de contas do Estado e da União.
    Antes mesmo dessa gloriosa campanha, embora não vitoriosa, conheci um bebe chorão que vivia a se lastimar e lamuriar da vida, em face de viver praticamente em verdadeiro estado de terra arrasada, na pindaíba mesmo. Não ia bem nos estudos, morava num apartamentozinho chinfrim, não tinha sequer o suficiente para pagar à faculdade, que sem muito estímulo a fazia com muito gosto, e não chegou sequer a sair do primeiro ano. Esse bêbe chorão, apesar de precisar se dedicar mais para os estudos, para assumir responsabilidades no futuro, mesmo tendo ciência de tudo isso, como vivia ainda uma época de jovialidade do tempo em que acontece com a maioria dos jovens, sem nada querer com a vida, ia levando esta como ela a levasse. Sempre em nossos encontros, falava de seus sonhos, até mesmo com tom de chacota, gozação e de descaso com o seu próprio futuro e do próprio povo, mas mesmo assim, era uma pessoa chegada a nós através de meus filhos. Seríamos até então, em plena pindaíba em que vivia, amigos de verdade, mas quando essa fase de bêbe chorão e numa pindaíba extremada em que vivia, passou tudo isso mudou, porque quando o homem é atingido por crises de estrelismo, e chega ao pedestal do poder, ele esquece que um dia a sua estrela não passava de uma rústica luz apagada sem nenhuma perspectiva de vida e sem sequer imaginar, esperar que esta viesse a acender um dia em sua vida. Tudo em sua vida era um mar de tristeza, de infortúnios e de menosprezo.
   Na vida da gente, muitas surpresas acontecem, mas existem muitas, que podem até ser esperadas e eu via que aquele pobre bêbe chorão poderia um dia vir a conquistar um certo espaço em sua vida, porque assim a tradição familiar poderia perfeitamente ser um fator decisivo e determinante em sua vida, e eis que finalmente, isso realmente veio a acontecer e a sua estrela brilhou como de quem ganha na megasena, só que, esse brilho, deu um poder desmedido, que nem mesmo ele poderia via a imaginar, entretanto, até quando essa estrela, que já dá sinais de apagão, poderá chegar a brilhar, até quando ninguém pode prever ou até que pode, do jeito que as coisas estão se desenvolvendo. Pode estar bem próxima essa perda de brilho, que na verdade, é um brilho meio opaco, translúcido, quase se apagando, mesmo assim, se acha no dever, por ter conquistado o poder por vias enviesadas, ser o todo poderoso ocasional do momento, quando na realidade, ainda para mim, não passa do mesmo bêbe chorão que encontrei e o conheci ainda em tenra idade e mais do que ninguém, sei de sua trajetória de vida. Então minha gente, ninguém pode se olvidar como o tal, o poderoso, que tudo pode, porque de uma hora para outra, tudo pode vir a desmoronar, e o castelo que construiu de areia, a riqueza indevida que acumulou, tudo isto de uma hora para outra, pode perfeitamente vir a ruir, porque nada foi conquistado com o desforço, a garra, o suor, o sofrimento para se conquistar tudo que está colocado nas mãos, porque quando se adquire as coisas na vida, mal adquiridas, sem tê-las conquistado de verdade, pode ter certeza que há de chegar um dia que tudo se esvai como fumaça e nada melhor do que se sentir ainda no útero da mãe na tristeza, na solidão e no esquecimento, que é isso que acontece para com os ímpios, infiéis e desonestos que tanto vemos passar a cada dia de nossas vidas, ou será que estarei eu a ver miragens, hem minha gente! 

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