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BUÍQUE, NORDESTE/PERNAMBUCO, Brazil
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

POR ALGUMA RAZÃO NÃO BEM EXPLICADA, A CASA DAS FREIRAS, ONDE MOROU O MONSENHOR JOSÉ KHERLE E ONDE ESTÃO ENTERRADOS NUMA CAPELA OS SEUS RESTOS MORTAIS, PELO NÃO PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA BANCÁRIA, FOI COLOCADA EM HASTA PÚBLICA, QUE SE TORNOU NO ASSUNTO MAIS DISCUTIDO DESTES ÚLTIMOS DIAS E PELO QUE SE SABE, UMA SOLUÇÃO ESTÁ EM ANDAMENTO. VAMOS AGUARDAR PARA VER EM QUE VAI DAR O DESFECHO FINAL DESSA VEXATÓRIA SITUAÇÃO DAS FREIRAS DE BUÍQUE.

A QUESTÃO MAIS DISCUTIDA DA CIDADE E REGIÃO: LEILÃO DO CASARIO DAS FREIRAS


   A questão mais discutida destes últimos dias, foi o leilão anunciado pela Justiça Federal, de que a Casa das Freiras de Buíque iria à hasta pública, em face do não pagamento de um empréstimo contraído em uma instituição bancária, por uma freira e que, por em face da inadimplência, veio inexoravelmente, o processo de execução da dívida e, após todos os trâmites legais, sem que houvesse nenhuma solução, o que certamente imaginavam ser uma brincadeira, veio enfim, o deslinde final, que é colocar os bens alienados em leilão público, para que, arrematado, venha a cobrir o débito contraído até que ele venha realmente a ser satisfeito e o valor de avaliação pelo Judiciário, estava uma pechincha, para os padrões atuais da especulação imobiliária de Buíque.
     Na questão jurídica, algo está me cheirando meio equivocado pelo que tem divulgado algumas pessoas desinformadas, de que o empréstimo foi contraído por uma determinada freira da ordenação religiosa e de que, toda àquela área, foi oferecida como garantia ao empréstimo bancário contraído, certamente com algum objetivo de ampliação, de investimento em melhorias daquela área ou outras finalidades quaisquer. A verdade, a meu ver, do ponto de vista do direito, a freira não pode ser responsabilizada única e exclusivamente, isso sem adentrar no mérito da questão, mas sim, em uma análise despicienda de maiores conhecimentos da causa. Em primeiro lugar, para que a freira viesse a contrair um empréstimo e alienasse toda àquela área em garantia, não poderia ser em nome dela na condição de pessoa física, se ela não era titular da propriedade e, para isso, deveria existir uma espécie de entidade associativa, da qual ela deveria ser presidente e, para contrair um empréstimo qualquer, pelo que me consta, teria que ter a aprovação da Assembleia Geral dessa associatividade, ou então do próprio grupo dirigente, mas ela sozinha, jamais poderia ter contraído esse tal empréstimo e dar em garantia um bem que ela isoladamente não poderia ter esse poder, já que não era a titular do bem. Então a freira, no meu entender, não pode ser responsabilizada unicamente por ter contraído esse empréstimo e dele ter usufruído indevidamente e permitir que a Casa das Freiras, como atualmente é denominada, chegado a esse ponto. Em segundo lugar, sem também ter conhecimento de causa, mas somente uma questão de opinião jurídica, não é possível que todas elas, as freiras, tivessem conhecimento dessa dívida, porque se era uma associatividade, com toda certeza, as principais cabeças tinham disso conhecimento sim e, pelo visto, não tomaram as devidas providências a tempo e permitiram que chegasse ao ponto aonde chegou, porque num terceiro ponto de vista, a coisa só vem a atingir esse ponto máximo na Justiça, principalmente quando é federal, porque na estadual, nunca assisti até hoje um leilão público da alçada da Justiça Comum e, se já houve algum, nunca cheguei a tomar conhecimento, por isso mesmo, houve negligência de parte das próprias freiras ou de quem esteja à frente da associatividade religiosa, para não ter tomado as rédeas e buscado uma solução enquanto tinha tempo. Claro que toda instituição financeira, não quer nem saber quem está lá na outra ponta passiva, como devedor. O que mesmo ela quer é receber o que emprestou, não interessando a quem.
     Pela beleza e exuberância da área e pelo seu valor histórico para Buíque, já que ali foi moradia do Monsenhor José Kherle, padre que veio da Alemanha para o Brasil e terminou sua vida em Buíque, estando enterrado na Capela dentro desse terreno objeto do leilão, enquanto vivo, buscou disseminar ele, que mantinha contato com Nossa Senhora e, por ter, antes de ser padre, estudado medicina em seu país de origem, tenha conhecimento da matéria, o que atraia pessoas doentes de todas as regiões, que faziam romarias e grandes ajuntamento de pessoas, somente para fazer uma consulta com ele, que diziam ser milagroso, pelo fato de conversar com Nossa Senhora, pelo menos foi isso que se criou no inconsciente coletivo do crente católico buiquense e de outras regiões, mas na verdade, o que ele entendia na verdade, era porque já houvera, antes de ser ordenado padre, estudado medicina na Alemanha, daí as suas curas miraculosas por ter conhecimento da medicina. Mas o padre, por ter se fincado em Buíque por muito tempo, participou ativamente não só da vida religiosa, mas também, da vida política de nossa terra, foi partidário ferrenho de Anibal Cursino e do que mais ele gostava mesmo, era jogar gamão com o Tenente Saturnino, Anibal Cursino, Félix Gostoso, Badefu, entre outros da época dele. Gostava de fumar um grande charuto e de dar sérios carões de fazer medo nos meninos, com o seu jeito de alemão grosseiro. Lembro disso porque era ainda criança, porque assisti com minha mãe, muitas de suas missas, e muito ouvia falar do gosto do padre por esse tipo de entretenimento fora da igreja. O Padre Kherle era tão grosso e ignorante, que certa feita, um molecote adentrou naquele sítio para roubar algumas azeitonas e terminou sendo vítima de um tiro, dizem que foi de sal, que chegou a ferir à bunda do garoto. Por isso, não sei se foi ainda processado ou não, mas que ele atirou no garoto com uma espingarda soca-soca, disso todos tem conhecimento. Era do tipo carrancudo, mas terminou por ganhar a simpatia do povo de Buíque e àquela área sempre foi chamada de Casa do Padre Zé Kherler, por possuir muitas fruteiras, plantações de flores e, também pelo fato de que, quando das romarias de Frei Damião, o seu lugar de hospedagem era naquela casa. Então de certa forma, àquela área com toda certeza, tem um grande valor histórico para nossa terra e, deixa-la ser leiloada assim, mesmo não tendo certeza de como se deu essa alienação à uma instituição bancária, seria alvo fácil dos gananciosos de plantão, que com toda certeza iriam dar destinação diversa naquela propriedade, que seria apropriada para construção de um conjunto de residências privadas, de um hotel de luxo, aproveitando as visitações turísticas ao túmulo do padre José Kherle, além de outras destinações que com certeza iriam trazer muitos lucros aos usurários de plantão de nossa terra, que não estão nem aí para o nosso patrimônio, artístico, histórico e cultural, porque naquela área também, se tornou um ponto de cultura de nossa gente.
     Permitir que a área viesse a ser leiloada, com toda certeza, seria burrice da parte de nossa municipalidade, o que pelo visto, isso não vai acontecer, o que impede que mais uma fonte da história de Buíque, venha a ser destruída como tantas outras foram sem que ninguém tomasse nenhuma providência, pois se tivessem elaborado uma lei de preservação do patrimônio artístico, histórico e cultural de nossa cidade, principalmente na questão de nossas antigas construções, não teríamos chegado a essa cidade monstrenga que em um só olhar se percebe que fere os nossos olhos, de tão modificada para pior como atualmente se encontra. O Buíque telúrico de outrora, deu lugar a uma cidade da usura, da busca da lucratividade e do capital selvagem que substitui os mais comezinhos valores culturais e históricos de nossa cidade, nossa saudade, como bem o disse o nosso historiador da região, em seu livro, Minha Cidade, Minha Saudade.
   Em síntese, se as freiras tivessem tomado as devidas providências dentro de tempo hábil, com toda certeza, não teria chegado ao ponto que chegou e com toda certeza, não necessitaria da intervenção do poder público municipal, para apresentar uma suposta solução para o caso, porque com o mobilização dos fiéis da Paróquia loca e da Diocese, com toda certeza se teria chegado a uma solução, antes de ter que enfrentar uma situação vexatória e vergonhosa como essa, mas é bom que realmente se tenha um desfecho positivo, para que não se venha a perder para as mãos de gananciosos, àquela bela área, como tantas que passaram para mãos outras de inescrupulosos, que se pintam de santinhos do pau oco, mas que, no final de contas, o que buscam mesmo, é tirarem uma casquinha de sua fé de araque e religiosidade de algaroba. 

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