AFINAL, QUE REI
SOU EU?
Bem, vamos começar nosso
conto assim. Era uma vez um pequeno reinado, localizado no extremo norte da
Europa, próximo da Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Lá bem espremido nas
proximidades do próspero reinado sueco da Idade Média, ficava o reinado da
Buécia, que tinha como cidade principal, Bucéfala, a capital e sede do governo
absolutista, que era governada à mãos de ferro, pelo poderosíssimo Rei Jusekius
Camionillus II, que bastava um servo não se curvar diante de si, que ele sem
nenhum remorso ou piedade, mandava logo degolar com uma espada extremamente
afiada usada pelo seu chefe de guarda que não lhes deixava o pé, nem mesmo para
o rei fazer as suas necessidades fisiológicas em seu penico banhado a ouro. Era
um reinado dominado pela tirania e pelo terror. A exploração do povo era
tamanha, que ninguém tinha direito à liberdade ou terras para trabalhar, apesar
da vastidão de áreas agricultáveis para o plantio de lavouras para o consumo da
própria população, que era mantida sob o jugo soberano tirânico do poderoso rei.
O Rei era casado com uma rainha de origem sueca, que era de origem da família
real, para assim, firmarem laços e permaneceram em paz. Dessa união, não
nasceram filhos, porque a rainha era estéril, mas nem por isso, o rei deixou de
ter um filho, de uma de suas servas, escolhida a dedos, muito bonita e formosa,
que foi batizado com o nome do Josekius Camionillus III, para não perder à
linhagem familiar. Esse reinado medieval absolutista até os dentes, não teve lá
muita vida longa e quando Josek III, como ficou conhecido, fizera seus
dezessete anos de idade, o rei veio a falecer de repente. Dizem que foi um
feitiço de uma poderosa bruxa que lhe amaldiçoara tempos atrás. Morto o rei,
quem tinha que assumir de imediato, seria o seu filho, que apesar de bastardo,
era legalmente, por força de uma lei elaborada pelo próprio rei antes de
morrer, deveria de imediato ser coroado rei, como de fato veio a ser depois do
rito do velório e da cremação do rei numa fogueira.
Nem menos o rei foi cremado numa fogueira imensa em um rito
especial dos costumes dos buécios, de conformidade com o poder dado pelos
deuses ao soberano tirânico, o seu filho Josek III, assumiu o poder. Como não
tinha lá experiência administrativa alguma administrativa, apesar de ter sido
orientado por um Conselho de Anciões para lhes dar os devidos conselhos para
governar o seu povo, pelo menos foi isso que aconteceu como forma de prepará-lo
para uma futura substituição do poder. Inicialmente, como não sabia de porra
nenhuma, mas tinha algum conhecimento, pois além dos conselhos dos anciões,
estudava com professores particulares pagos pelo seu pai enquanto vivo, e
muitas coisas chegou a aprender sobre grandes filósofos gregos da antiguidade, e
da própria história da Europa Medieval em que vivia. Tinha saber de sobra, mas
quanto à prática, não tinham nenhuma. Só fazia mesmo era estudar, além de ter
aprendido a tocar piano, que era uma de suas paixões. Adorava Beethoven,
principalmente a 9ª Sinfonia, Sonata ao Luar, Für Elise, Na Die Freude (Ode To
Joy), entre outras grandes músicas compostas pelo grande mestre da música
erudita. Gostava de outros grandes mestres da música da época, a exemplo de
Bach, Mozart, Chopin, entre outros. Era chegado também a obras de artes de
grandes mestres de sua época. Na verdade, o pequeno rei teve uma preparação
humanista, diferentemente daquela que teve o seu pai, que era o tipo
extremamente imprevisível, grotesco, perigoso e não tinha piedade por ninguém e
tratava seu povo com desprezo e desdém, ingredientes não apropriados para um
regime absolutista, como bem definiu Maquiavel em seu livro “O Príncipe”.
Ao assumir o trono, Josek III, como primeira medida, deu
liberdade ao seu povo, concedeu parte da vasta área de terras para quem
quisesse trabalhar, mas com o passar do tempo, como adorava uma vida de
futilidades, luxúrias, de extravagâncias, de farras homéricas, de fornicações
com uma mistura deplorável, ora com homens, ora com mulheres, se transformou
numa bestialidade vulgar e ao cair na boca do povo, este passou a ver no rei,
uma figura de uma pessoa execrável e desprezível, não digna do cargo herdado
por vitaliciedade de seu pai, que fora um rei bem pior e déspota inigualável.
Ainda bem, que pelo menos mais um déspota, ele não era, mas tudo fazia crer,
que não duraria muito e ele se transformaria naquilo de execrável que o seu pai
fora, afinal, as finanças do reinado não iam bem com os gastos desordenados
para atender as suas mordomias, farras homéricas, ostentações, construções de
grandes castelos e o povo, cada vez desembocando numa situação cada vez pior,
morrendo de fome, da peste bubônica, fora os que eram queimados vivos na
fogueira, pelas Cruzadas, a pretexto de acusações de práticas de bruxaria, que
tinham que morrer em nome de Deus, daqueles que não queriam se dobrar aos
ditames do catolicismo romano.
Foi dentro de um desordenamento dessa natureza, que o povo
começou a adquirir mais força e voz, apesar da opressão que já se fazia sentir
a mando do rei Josek III, que passou então a surgir um movimento contrário às
arbitrariedades praticadas pelo poder soberano desse rei que houvera se tornado
déspota da mesma forma que fora seu pai, após cerca de dez anos de reinado, que
esse movimento se expandiu como um formigueiro por todo o reinado, houve um
levante geral do povo, que passou aos poços, através de armadilha bem
esquematizadas, a dizimar parte das poderosas guardas e esquadras do rei e a
partir daí, com as armas tomadas do próprio reinado, com a ajuda de outros
países nórdicos, o povo passou a se organizar e tinha como principal objetivo,
destronar o reinado daquele desgraçado impiedoso, igualmente ao seu pai,
destroná-lo e fazer daquele país o primeiro entre os demais, a vir a ser
adotado o regime democrático de governo eleito pelo próprio povo. Desta feita,
um dócil jovem que se tornou rei e, não sabendo bem governar seu povo, deste se
tornou odiado e veio a ser presa fácil, vindo a ser varrido do mapa de vez.
Assim foi que, depois de mais de três anos de lutas
sangrentas contra o reinado de Josek III, finalmente os revoltosos venceram à
luta, tomaram à capital, prenderam o rei e de imediato, em frente a uma
multidão enfurecida o decapitam, para varrer de vez a figura nefasta daquele
imprestável rei e para o povo guardar na memória o destino dos traidores dos
buécios. Foi de imediato feito uma eleição e o líder dos revoltosos, Aristenius
Fagunderek, assumiu o poder, com a promessa de fazer um governo democrático,
implantar uma constituição, que seria a primeira do mundo medieval, respeitar a
coisa pública e assim, levantar sempre a bandeira em favor do povo que ajudara
a libertar do jugo absolutista de seu pai.
Como se pode perceber, quando o povo quer, como ocorreu nesse
pequeno país localizado no norte europeu da Idade Média, Buécia, que serviu de
exemplo para vários outros países daquela época, que inspirados no que ocorrera
no país vizinho, passaram também e surgir levantes de revoltosos contra regimes
semelhantes e assim, o que se pensava de um regime absolutista sanguinário
medieval, passou a ser completamente diferente daquilo que fora anteriormente.
A notícia que se tem é a de que, tempos depois, esse pequeno país, foi anexado
a outro país maior, passando a integrar o chamado Reino Unido, que hoje é a
Inglaterra, que também naquela época, fez o que bem quis com o seu poderio
bélico e da armada naval que possuía. Mas foi assim que aconteceu com a Buécia
e assim, pode ainda, com a vontade popular, se mudar os rumos de tudo o que o
povo quer, pois sem este, nada se pode fazer.
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