EM 1992 FUI CANDIDATO A VEREADOR.
ATUALMENTE, AINDA ALIMENTO ALGUMA PRETENSÃO POLÍTICA, AGORA NÃO MAIS COM ESSE
OBJETIVO DE OUTRORA.
Por volta do ano de 1992, fui
candidato a vereador pela denominada UPB – União Por Buíque, naquela famosa eleição
que na apuração deu um rebu dos diabos, até tiroteio saiu e bomba chegou a
explodir no banheiro, foi realmente uma das passagens de minha vida, que marcou
o meu historio de participação em eleições em nossa terra. O candidato era
Blésman Modesto e, como de há muito, a gente tem ciência de que as eleições
vinham sendo manipuladas pelo Juiz Eleitoral, que dava os rumos pelo seu
tendencioso método de apuração que bem entendia nas juntas apuradoras, e naquela
política mais uma vez não foi diferente.
O nosso candidato, que tinha Ricardo, filho de Zé Amaro como
vice, tinha por certa à vitória, contra à candidatura de Dr. Dilson Santos, que
manipuladas que foram as eleições, tanto majoritária quanto à proporcional,
ganhou quem bem fez determinados e espúrios “acordos” por baixo dos panos com o
juiz eleitoral da época. Só sei que tinha candidato a vereador que anoitecia
com as eleições ganha e amanhecia, derrotado. Era incrível a forma com foram
manipuladas, àquelas eleições de 1992, entre outras. Foi uma época difícil para
o grupo do qual fazia parte, porque a metodologia de apuração de uma eleição,
permitia facilmente que no preenchimento dos chamados boletins de urnas, os
votos pudessem ser manipulados como bem se entendesse. O importante era o
somatório no final, que deveria bater com o total dos votos indicados na urna,
nada impedindo que no interior desse documento, que era o vetor principal da
soma geral de cada candidato, fossem alterados os votos de um para outro
candidato. O importante mesmo era o total do boletim bater e conferir com a
totalização dos votos de cada urna e pronto. Protestos, impugnações, dirigidos à
Junta Apuradora ou ao Juiz eleitoral, de nada adiantavam, porque tanto a Junta
era escolhida à dedos, quanto o juiz eleitoral era venal e partidário, daí, se
ganhar uma eleição em Buíque, só dependia do juiz eleitoral, nada mais que
isso.
Candidato a vereador do lado de Blésman, não cheguei a lograr
êxito, apesar de ter feito uma bela campanha em 1992, inclusive, sempre incisivo
nos discursos, criticava até mesmo os meus pares, se acaso chegasse a me eleger
e àqueles não agissem corretamente no exercício do mandato, como mandava o
figurino. Era implacável em minhas críticas políticas, como ainda o sou. Não
fui moldado, nem formatado para alisar e aceitar picaretagem política de
salafrário algum. Minha visão política que aprendi desde cedo, é bem diferente
da que muita gente imagina e defende, por isso mesmo, como ser diferente no
momento atual? – Vereador?, não está nos meus planos jamais! - É uma pretensão
descartável, mas ainda pretendo servir meu povo num patamar mais elevado, caso
este queira, claro, e assim vir a fazer o diferencial político com
responsabilidade, honestidade e respeito à nossa gente, que parece esquecer o
que é respeito em nossa terra.
Posso até não ter apoiado determinadas candidaturas ideais
nos últimos tempos ou votado em quem não deveria em determinadas circunstâncias
da vida, mas por alguma razão, a gente vota equivocado imaginando que as coisas
são factíveis e possíveis de mudarem, mas em política, principalmente nessa
autofágica da picaretagem em que se pratica em nossa terra, só votando em
pessoas sérias, honradas, honestas e que tenham realmente a capacidade de
cumprir com os seus compromissos assumidos em palanque, é que poderemos tentar
mudar os rumos políticos de Buíque, caso contrário, vai continuar nessa mesma
pisada de se pregar uma coisa no palanque, firmar um compromisso com o povo no
decurso de uma campanha política e, ao chegar ao poder, se transformar e agir
completamente ao contrário de tudo aquilo que pregou em termos de mudanças e de
que seria um política diferente daquele que passou, quando na realidade, a
revelação no pedestal das vaidades do poder, vem a ser outra completamente diferente
daquela que se imaginou e aí, vem mais uma decepção política na vida da gente
que pensa a política de forma grande, como um meio de transformação social, não
de transação pessoal, como vem acontecendo no momento atual. Decepção, só para
ficar em Buíque, claro que sempre me decepcionei com muitos políticos de minha
terra, sem falar nos que já se foram desta para outra, porque, como sempre
digo, acaso um dia vier a contar a História Politicamente Incorreta de Buíque, muito
político vai se remexer em seu próprio túmulo, porque a história oficial que se
passa para o imaginário coletivo é uma, mas a verdadeira, a real, é
completamente bem diferente. Então prefiro não mexer nesse vespeiro morto, porque
pode respingar em muitos que ainda estão vivos.
Depois dessa tumultuada política, que além de candidato,
também funcionei com advogado, foi a minha primeira experiência como advogado
eleitoral e sei, que no meio do tumulto no Clube Municipal de Buíque, local da
apuração, o susto foi grande, principalmente com medo de ser atingido por
alguma bala perdida. A bagunça tomou conta daquele ambiente de apuração de uma
eleição. Mesas e cadeiras usadas na apuração foram jogadas ao chão, quebradas,
cédulas foram rasgadas, outras foram encontradas até na piscina, mesmo assim,
apesar de termos entrado com um recurso eleitoral para o TRE para anulação
daquela eleição, que era pertinente e com todas essas provas juntas, o
Tribunal, que pelo visto compactuava também com aquele tipo de safadeza, confirmou
a apuração do resultado, tendo o Dr. Dilson Santos sido consagrado vitorioso
naquelas eleições por uma margem de mais ou menos 500 votos de vantagem sobre
Blésman Modesto. Foi aclamado prefeito eleito com a diplomação, assumiu o
mandato e não fez um melhor governo, por que foi muito pressionado pelo grupo
de Arquimedes Valença e outros políticos mais, que não lhes dava o devido
sossego para governar, mas apesar de todas essas adversidades, foi ainda um dos
governantes de Buíque, que ainda implementou alguns programas sociais e valorou
enfaticamente a nossa cultura, ao implantar a Semana da Cultura e da Arte de
Buíque – SECUARTE, sem esquecer Blésman que foi um dos grandes baluartes no
quesito educação de nossa terra, sendo um dos pioneiros.
Esse período passou. Vieram às urnas eletrônicas, mas nesse
meio termo, alguns políticos viciaram o povo de Buíque com a mercancia
deslavada e escancarada do voto do eleitor, fazendo deste um mero instrumento
para se manipular eleições com a compra de votos e por promessas não cumpridas
e no final de contas, com toda essa enganação, quem vem pagando à conta, é o
nosso próprio povo. Por isso mesmo, é que continuo com a minha mesma pregação
de sempre, porque para mim, eleição comprada, jamais poderá ser considerada
legítima do ponto de vista moral. Como é que o eleito pode representar seu povo
com decência, se foi fruto de uma eleição comprada, um mero boneco de troca de
uma eleição comprada, hem? – Isso acontece e vem acontecendo às escâncaras nas
últimas eleições. Agora não são as urnas eletrônicas que são manipuladas, se
bem que, não acredito cem por cento da inviolabilidade de tais urnas, mesmo
assim, que se acredite que são estas invioláveis, mas a manipulação do povo, é
o pior fator de manipulação do voto popular, o que no meu entender não legitima
ninguém como verdadeiro representante popular, quando a eleição vem a ser fruto
do poder político, econômico e com o desenfreado uso da máquina administrativa,
quando o sujeito é candidato à reeleição ou quem está no poder faz desta uso em
favor de quem apresenta como sucessor.
O que se firmou na mentalidade do inconsciente coletivo de
nosso povo, é que sem dinheiro, não se ganha eleição, mas pelos vários exemplos
que tenho percebido em Buíque, nem sempre com os tufos de dinheiro, é o
bastante e suficiente para se ganhar uma eleição, porque quando o povo se
decepciona com algum político, não tem dinheiro que dê jeito. O povo como
sempre, pega o dinheiro do otário, obtém alguma indevida vantagem e termina por
votar em quem caiu nas graças do povo, mesmo que seja fruto de mais uma
enganação eleitoral, como tem sido até o momento. É o chamado conto do “Canto da
Sereia”, que anestesia o eleitor a ponto de vir este a se iludir e eleger mais
um picareta para lhes governar e por tabela, tomar o que lhes pertence.
Por isso mesmo, fui candidato em 1992, porque queria ser um
vereador atuante na Câmara Municipal e, se tivesse sido eleito, com toda
certeza, iria fazer de minha pregação, a prática diária de minha filosofia de
vida e da política, como meio de servir ao povo, não de se servir, como acontece
com os atuais detentores de mandatos eletivos. Não mais fui candidato a nada,
porém, nem por isso deixei de fazer política e desta sempre participar. No momento,
ainda estou na parada e não pretendo ser um mero coadjuvante ou servir de
escada para ninguém. Minha pretensão é a de trilhar os meus próprios degraus e
dar um salto mais alto, pois de outra forma, não me interessa candidatura
alguma. Se puder servir minha terra como homem digno, sério e honesto, estou
pronto e moldado pela minha experiência de vida que tenho, para servir, senão,
não serei candidato a absolutamente nada, entretanto, isso não implica
necessariamente, que fique à reboque do processo eleitoral, isso não, porque
ainda tenho muita garra para continuar lutando para que os melhores, dentro os
quais me incluo, possam participar e chegar ao topo da política, não essa politicagem
de só se servirem, mas sim, a de servir ao povo, pois é isso que interessa na
minha forma de ver a política como um elo transformador da sociedade e não de
apropriação indevida do que não lhes pertence, ou seja, de roubar, se apropriar
do que pertence ao nosso povo a título de benefícios e de melhorias. Esta é a
razão de querer e me propor a dar um salto mais alto, porém de qualidade, em
favor de nosso povo de Buíque.
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