Até parece
nos dias e noites atuais, que o Nordeste virou o Sul e vice-versa. Até mesmo
seca, essa região para onde os nordestinos desiludidos da vida rumam, já vem
enfrentando períodos cíclicos de seca. Não que venha a desejar o que sofremos
para o povo sulista, isto não! – Na verdade, depois de longos anos, acredito
que há cerca de uns quinze, que a gente não enfrenta um período friorento como
este pelo qual estamos atravessando. Não como o frio lá de São Paulo que enfrentei
entre parte de início das décadas de 60 e de 70, quando para cá retornei em 72.
Em São Paulo o frio é de doer na medula óssea. É de lascar mesmo!
Nosso frio
não, é bem diferente. Nos deixa mais elegantes, convidativos a uma boa noite de
sono ou de amor gostoso e carinhoso, para quem o tem de verdade, mas também,
por outro lado, quem não tem como permanecer numa condição bem aconchegante,
sofre para danar nesse período, que diga-se de passagem, deixa nossa cidade,
nosso município, todo recoberto por uma neblina, uma cerração com variantes de
fina chuva, porém às vezes mais carregada, que nos faz voltar nossa mente ao
imaginário de que como seria bom a gente saber usar melhor esse período
friorento de nossa cidade e fazer algum evento de época ou coisa que o valha,
só para aproveitar esse período que muitos imaginam que ser inexistente na
paisagem sertaneja, principalmente os que vivem no Sudestes e Sul do país, e
pensam que tudo aqui ainda é fome e seca, como eles chegaram a experimentar em
tempo recente.
Lembro que
quando criança, ao sair em algumas noites de frio, era de meter medo, de sentir
horror e pensar que seria pego por alguns daqueles monstros imaginários que
povoam a nossa mentalidade infanto-juvenil. Embora tudo isso seja fruto do
passado, no momento atual, quando a gente sai à noite, a depender do horário,
já que o povo vive preso a um aparelho de televisão, DVD ou computador, não se
vê um viva alma a andar pelas ruas, que frias, escuras e tenebrosas, a ponto de
meter medo de verdade, chega mesmo a nos dar calafrios intensos e terminamos
por voltar para casa, dentro desse contexto atual, de ver TV, algum filme ou
então, vasculhar no computador e navegar em páginas internetárias, já que não
precisamos sair a lugar algum para termos contatos com pessoas de qualquer
parte do mundo.
A mim me
parece estranho esse tipo de relacionamento a quilômetros de distância, ou até
mesmo com pessoas daqui mesmo da cidade, mas sem a presença física, o que torna
a conversa seca, sem brilho, sem o olhar olho no olho, a emoção de troca de
ideias, realmente, algo sem o menor sentido, mesmo assim, é o mundo moderno que
está nos afastando doutros tempos em que a gente ia na casa um do outro para conversar,
trocar ideias, jogar palavras, falar da vida alheia, que sempre foi o picante
de cidades onde todo mundo se conhece, mas tudo era mais próximo, mais humano e
próximos uns dos outros. Hoje não, com a conectividade internetária, a gente
conversa com muita gente bem distante, pode até imaginar próxima, mas na
verdade, está cada um mais distante do que se imagina. Até mesmo namorar pelas
redes sociais, se torna algo assim meio sem sentido, porque mostrar quem é,
como é, para quem está do lado um do outro a uma certa distância, não é, e
jamais será se vivenciar o que está bem próximo de você, principalmente em
noites frias, escuras, tenebrosas e convidativas ao amor. Pior é se engolir
pelas redes sociais, gato por lebre e ser enganado(a)-, por um sapo, quando
deveria ser um príncipe ou uma princesa.
E assim,
vai se enfrentando as frias noites desse período gostoso, porém o triste mesmo,
é que não faz o mesmo sentido que se tinha noutros idos telúricos da singeleza
dos relacionamentos, da pureza das rosas, do amor e do entrelaçar aconchegante
nos galopantes cavalgar das intensas e prolongadas noites de amor.
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