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domingo, 22 de novembro de 2015

1963, CINCO TIROS PARA MATAR



De mãos covardes de um revólver
Em idos que permanecem no tempo
Cuspiram cinco estilhaços de fogo
De forma covarde e infame,
Em direção à meu pai,
Que tendo como arma uma vassoura
Só fizera se movimentar feito boneco,
Balançando de um lado e para outro
Como se livrando dos petardos de chumbo,
E como que numa sorte desmesurada,
Nada veio a lhe atingir seu corpo,
Não sendo ceifada a sua vida,
Que certamente veio de um manto divino
De um anjo compadecido
Que viu naquele homem humilde,
Que dos tiros covardes e traiçoeiros
Não iria lhe levar consigo,
Porque ele tinha ainda neste mundo,
Uma missão a ser cumprida.
Sua hora não fora àquela
Razão não existia para partir
Com seus seis filhos a criar
Como de uma ação covarde,
Vir a deixar de suspirar?
Foi triste, muito comoção a nos dominar,
Criança de nada sabia
Mas vinha um ódio indômito
Com saber na boca de sangue
Daquele que quase tira de meu pai
O que de mais importante existia,
Que era a sua vida.
Foram para mim dias tristes
De revolta por uma ação indescritível
Para um déspota pistoleiro do acaso
Mas já bem acostumado
A ser metido a valentão
E justamente num homem mirar sua arma
Cinco tiros em frente ao Mercado Público disparar
Sem que houvesse motivação que justificasse
Àquela iniciativa de um bandoleiro
Que se imaginando o rei dos boiadeiros
Quis nos tirar nosso pai sem nenhuma razão.
Quando lembro de tudo isso
Fico dominado por uma emoção incontida
De um momento de meus tenros anos de vida,
E ainda uma revolta no peito
Que busco conforto nas brumas do tempo
Mas dessa injustiça nunca me esqueço,
Apesar de meu pai já se encontrar dormitando
Há quase três décadas
O seu sono eterno dos justos.
Mas não há mal maior nesta vida
Para quem busca ferir à vida
De quem nunca feriu ninguém
Que só quis da vida viver
E deixar os outros também...
O que não sai de meu imaginário
Que ficou não como um tormento
Foi que o ano de 1963,
Em que meu pai levou cinco tiros
Que antes de o matar,
Naquele momento,
Foi um divisor em nossas vidas
Em que meu pai,
Mais uma vez nasceu.

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