Fundada na década de 50, a
Faculdade de Direito de Caruaru – FADICA, que hoje mudou de nome e é ASCES, no
dia de ontem voltei à minha velha faculdade. Digo com sinceridade, com uma saudade
incomensurável, com lembranças boas indescritíveis da época, com uma ponta de
orgulho a despontar, para mim, foi reconfortante voltar e ver tudo mudado, mas
muito pouco e de ter estudado esse magnânimo curso das ciências sociais,
confesso que quase chego a verter lágrimas dos olhos, de tão emocionado que
fiquei.
Rever os tempos em que por cinco duros anos estudei esse
curso naquele centro de graduação, relembrar de muitos amigos e amigas que fiz
ao longo do curso, que nunca mais os tinha visto, inclusive me vir à memória
alguns que pelas intempéries impostas no exercício da profissão, tiveram as
suas vidas ceifadas, a mim me foi de arrepiar, mas suportei o tranca no meu
coração encharcado e emocionado pelas lembranças de mais de duas décadas
passadas, que embora o curso durasse tão-somente cinco anos, parecia até que o
tempo não passava, mesmo assim, veio a fluir e em 1990, cheguei junto com mais
de uma centena de colegas a me formar, o que para mim foi gratificante, até
porque, fui o orador oficial de minha turma de 90. Rever tudo àquilo foi como
uma volta a um passado que não volta jamais.
Todas às sextas-feiras, impreterivelmente, sempre na volta
para casa, a gente dava um tempo, depois de uma longa semana de estudos, e
sempre sobrava um tempinho para fazermos uma farrinha, que ninguém era de ferro
e sempre nos deixava alegres e estonteantes nesses encontros das sextas.
Nessa época, morava em Pesqueira. De início, como eram em
média 13 estudantes da região, inclusive de Sanharó, a gente viajava numa
caravan, espremidos como sardinhas em latas, mas nunca deixei de cumprir a
minha obrigação da frequência das aulas, que não costumava perder por qualquer
motivo banal. Sempre buscava fazer o máximo esforço, depois de um cansativo dia
trabalhado no Bandepe, mesmo assim, não deixava de ir à faculdade. Depois de
viajarmos por mais de ano nessa caravan, que era de um conhecido de Sanharó,
foi que conseguimos um ônibus de Seu Zezinho de Arcoverde, já que o número de
estudantes houvera aumentado. Então juntamos os de Arcoverde, com os de
Pesqueira e Sanharó, e passamos a fazer esse trajeto, que vinha de Arcoverde,
passando por Pesqueira e Sanharó, com destino à Caruaru, de ônibus, o que se
tornou mais confortável. No geral chegávamos em casa todos em dias, em torno da
meia-noite. Era cansativo, mas o tempo passou e ainda estou por aqui
relembrando de que o tempo não deveria passar, mas parar ou voltar atrás como
da rebobinagem de um filme daqueles antigos.
Ontem também, me emocionei ao ver meu nome talhado no
monumento que mandamos fazer, de uma pedra vinda de Serra Talhada que
encomendamos, de mais de três toneladas e mandamos um artista talhar a imagem
da deusa Themis, em pedra bruta, da Justiça e, abaixo dela, num espaço
apropriado, foi colocado o nome de todos os formandos da turma de 90. Fui
verificar se durante esses vinte e seis anos meu nome ainda estava lá, mas na
verdade, pelo visto, ele não vai sair nunca mais daquela estatueta em pedra talhada
pelas mãos de um hábil artista, que a fez com brilho e esmero àquele monumento
em pedra bruta.
Observando à Faculdade, que não é mais FADICA, mas ASCES,
fiquei maravilhado porque a instituição pelo visto cresceu, se aprimorou e isso
foi bom para Caruaru e para alguns estudantes dessa área do Direito, que ainda
buscam essa instituição para fazer o seu Curso de Ciências Jurídicas. Fiquei
deveras gratificado com a volta àquele pontapé sequencial que muito contribuiu
para a minha formação de vida, tanto intelectual, quanto no campo da ética e da
moral, pois quem seria eu se hoje não fosse um advogado, embora modesto,
militante nessa área há 26 anos, hein minha gente!, principalmente, depois que
fui demitido do Bandepe em 1991, quando por políticos irresponsáveis de
Pernambuco, quebraram a instituição financeira estatal, de onde tirava o meu
salário para manutenção de minha família!
Gostaria muito de um dia ainda, poder
encontrar, senão todos, pelo menos parte dos colegas que estudaram comigo e que,
a não ser um dos grandes amigos, que terminaram por apelidá-lo de “João da
Pomba”, que ainda continua com escritório em Caruaru. A não ser João, quanto aos
demais, nunca mais tive contatos com nenhum deles ou delas. Seria interessante,
que alguns desses colegas que chegarem a ler essa matéria, entrassem em contato
comigo para marcarmos um grande encontro e matarmos as saudades de um tempo que
não voltará jamais. Garanto que seria um encontro deveras gratificante,
principalmente para vermos que, trocarmos ideias e vermos como é que está a
vida de cada um após essas mais de duas décadas em que nos afastamos depois de
cinco anos ininterruptos juntos na velha FADICA
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