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terça-feira, 23 de maio de 2017

ENQUANTO A NOITE NÃO VEM



    Ele, Hernandes Fagundes, já não era mais o mesmo. Estava já se sentido meio fraquejado do corpo e da mente. Diziam até que ele estava na faixa etária de idoso, coisa que ouvia encabulado, mas aceitava, afinal de contas, velhice é velhice e isso, é um curso natural da vida, para quem não ganha sete palmos de presente logo cedo, chegar à idade terceira. Não sabia ao certo que porra de terceira idade era àquela, mas ainda no seu dia à dia, existia, dormitava dentro dele, o mesmo menino treloso de tenra idade, quando de suas traquinagens nas ruelazinhas da pequena cidade onde nasceu, Bom Nome. Às vezes questionava, por que porra de Bom Nome deram a essa caceta de cidade? - Não poderia ser outro nome, esbravejava somente para dentro de si mesmo.
    Ora, há mais de sessenta anos, Bom Nome, nem de cidade poderia se chamar. Até que evoluiu em número de pessoas, de veículos, comércio de merda e assim por diante. Tem dias que até engarrafamentos de carros existem no centro da cidade, prova de que a sua cidade evoluiu. Evoluiu, vírgula, porque para umas coisas sim, mas no quesito educação, evolução da mentalidade, ainda continua a mesma merda de sempre e fazia ilações: ...É isso vai durar duzentos anos e essa merda vai continuar a mesma de sempre. Até parece que o povo vive aprisionado, ou os pseudo-medalhões mandantes e os políticos, querem mesmo é uma cidade de um povo aprisionado. Para que povo evoluído, se a gente pode manter nas estribeiras para não ter consciência e nunca aprender a discernir o certo do errado, matutava lá com os seus botões. Mas àquela vidinha de sempre, já, pelas intempéries do tempo, chegando ao pé na cova, enquanto a noite final não vem, ele ia se movimentando. Parar! - Por que? - Nunca, vou viver intensamente até quando não mais puder me movimentar. Sei não ser o mesmo de antes, mesmo assim, tenho que continuar lutando e recriando para dar aso ao meu eu ontológico criador e criativo, para que pelo menos, algo fique para a posteridade, depois que daqui me for para sempre, porque a mente não pode parar!
   Hernandes Fagundes, natural de Bom Nome, Estado de Pernambuco, não era o que se podia dizer um sujeito que vinha de uma linhagem familiar de uma estirpe de nome, mas se gabava por pertencer à família Fagundes de Menezes, nome de origem portuguesa, talvez de linhagem nobre e real, mesmo assim, pela sua vida de humildade, não dava lá muita bola para isso não! - O que ele mais sonhava em sua vida, era ver uma cidade do tipo da sua, mais evoluida culturalmente nas áreas de educação, de saúde e no social. Ah!, a saúde e o social, eram coisa precaríssimas, mesmo assim, ele nunca deixava de reparar para esses setores, dos quais sempre que tinha oportunidade, sempre dava "dos seus pitacos", para ver se o poder público, que para ele não interessava mais, se era de partido A, B ou C. O que ele queria mesmo era um melhor nível de vida para a sua gente, até mesmo para adquirir um nível de conscientização para fazer boas escolhas políticas, mas isso, pelo visto, ele ia lá para a Mansão dos Mortos e certamente, não chegaria a ver isso acontecer, porque já não mais acreditava nos homens e mulheres de sua terra. De mulher, quando podia, só queria mesmo era o amor, mesmo que enfrentando as dificuldades de uma subida de um caminhão sendo puxado por uma caminhoneta, subindo aqui, ali, mas quase descendo! - Fazer o que, era assim a vida mesmo, porra!
      Mas Hernandes Fagundes de Menezes, mesmo já com a idade em que estava, morando sozinho, praticamente abandonado, talvez esquecido por uns, por outros nem tanto e por outros, de tudo, mesmo assim, costumava dizer que  ia terminar sua vida, igualzinho à de seu pai, sem ninguém em sua volta para esperar a última hora, enquanto a noite não vem... 

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