Meu objetivo, após haver sido convidado, era fazer uma
oficina literária. Pois bem, fiquei meio temerário e duvidoso, sobre o que
poder-se-ia aprender numa oficina desse porte, em tão pouco espaço de tempo
(uma semana), aqui nesses rincões de Buíque, ministrada por uma pessoa que
vinha de uma longa distância (Porto Alegre), após percorrer, pegando duas
pontes aéreas, entre uma capital e outra, até percorrer outro longo percurso de
carro, para, finalmente, vir a chegar em Buíque. Pois bem. Não tinha lá muita
expectativa não! – Sei lá, fazer uma oficina de literatura, já à essa altura do
campeonato de minha vida, não era coisa que se encaixaria muito bem para mim,
porém não me fiz de rogado, déia meia volta, e retornei ao ao meninote cheio de
sonhos e de sede de aprender, que nunca se desgrudou de mim e, no primeiro dia,
no local indicado, para lá me dirigi, meio acanhado e apreensivo.
Subi a escada, em passos lentos, porque meu peso já não me
dar maior liberdade para ser mais rápido e cheguei ao topo. Porta de entrada de
sala da oficina, aberta, entrei, dei boa noite e eis que, me deparei de cara com
uma “moiçola”, de uma feição de magreza, não como a de um modelo, mas aceitável
para nossos padrões, de estatura em torno de 1,75, talvez, ou menos um pouco,
cabelos longos, porém se debruçando sobre os ombros meio assanhados, rosto de
feição magra, óculos um pouco maior do que o seu próprio rosto, porém que
cabiam bem na compleição de seu perfil de uma bela mulher. Era de uma beleza um
tanto, a princípio, dotada de uma timidez singular, incontida em si mesma, que
dar-se-ia até para indagar: será que essa menina sabe de alguma coisa, porque
pela aparência, poderia ter pouco mais de trinta anos, ou até menos, mas que
deveria ser dessa faixa etária mesma. A princípio, não dei muita credibilidade,
porque, indagava de dentro de meu próprio ego: será que essa menina, vai dar
conta do recado? – Bem, respondia comigo mesmo! – É, deve dar, porque se ela é
de Porto Alegre, escritora que se sobressaiu através de um prêmio de literatura
do SESC e de revelação de escritores novos em São Paulo, a menina deve ser boa
mesmo. Nesse meio termo, fui procurando me acomodar, sentei-me logo na primeira
fila, como sempre o fiz desde que me iniciei no aprender das primeiras letras e
ela começou a se apresentar. Pois bem, primeiramente, disse ela, que ouviu nos
carros de som, que ela não era riograndense do sul, ou gaúcha, para, depois, emendar:
É, venderam a vocês, gato por lebre, porque na realidade, eu estou radicada em
Porto Alegre, mas sou de Serra Talhada, em Pernambuco, fiz jornalismo em João
Pessoa, onde morei determinado tempo, participei de alguns jornais, depois fui
para o Rio Grande do Sul, onde estou morando até hoje, fazendo um curso de
mestrado na PUCRS, dentro de minha área. Não foi com essas palavras que ela
transmitiu, mas o sentido, acredito que tenha sido mais ou menos esse. Disse
também, que a sua fixação em escrever, vinha desde tenra idade, treze anos de
idade, coisa inédita, quando foi descoberta já escrevendo alguma coisa na sua
escola, lá em sua Serra Talhada, onde era conhecida, como a filha de Seu.....,
não estou lembrado, mas ela disse que assim ficou conhecida em sua terra e de
que, seu sonho maior, era dar saltos mais altos e assim se fez, está uma grande
escritoria em construção.
No decorrer da oficina, mais pessoas foram aparecendo, não
tanto quanto a gente gostaria, mas sabem como é, nesse campo literário, é uma
porta, que não se abre para todos ou nem muitas pessoas estas aptas a se
quedarem pelos caminhos da literatura. A partir do momento com àquela sua voz
meio baixa, às vezes até, quase inaudível, porém firme, clara, bem falante,
português fluente, ela foi desenvolvendo o que se propôs a nos transmitir e
praticamente, se tornou uma maestrina regendo uma pequena orquestra, em que o
objetivo principal, pontualmente, era justamente nos transmitir princípios básicos
de bem desenvolver, tecnicamente, uma boa história em prosa, quer seja conto,
crônica ou um romance, mas a sua lição, as explicações, que não se cansava
educadamente de repetir, foram bem explícitas e de fácil compreensão, razão
pela qual, ficou mais uma lição em minha vida e sinto-me honrado em ter
participado dessa oficina e de ter conhecido mais uma pessoa de rara
importância e beleza d’alma em minha vida.
Por isso mesmo Débora Ferraz, embora você tenha vindo como
uma “Estranha no Ninho”, é que fiz questão de escrever este conto, em homenagem
a você, dizendo que como escritora que és, e com essa vontade de transmitir um
pouco de tua sabedoria a outras pessoas que também, tenham o foco nas letras e
nas artes, com certeza estarás cumprindo nesta vida, uma nobre missão, principalmente,
Quando Deus Não Está Olhando, mas que, de certa forma, com toda certeza, a
nobreza da qual tu és parte, foi tudo de bom e positivo que ficou em sua estada
em nossa terra, ministrando essa curta oficina de poesias. Gostaria um dia, que
minha terra, fosse um celeiro literário. Venho tentando isso com muito carinho
e há muito tempo, mas quem sabe um dia, Deus não abrirá os olhos para mim
também!
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