Imagine-se dentro do útero materno, na
escuridão infinda, sem saber sequer de sua existência, de que é mais uma vida
em gestação e sem nenhuma expectativa de que exista para o mundo real ou se vai
chegar a existir de fato. Pois bem, existem dias que a gente se sente desse
jeito, como se o mundo tivesse se fechado como por encanto, completamente para
você, e você não vê ou absolutamente nada, a não serem trevas e escuridão. Medo
já não sente mais, apenas um tranca de sentimento dentro de si, que só lhe dar
vontade de chorar, de tanto sentimentalismo misturado e perdido na vida toda em
que viveu ou vegetou.
Pois bem, é dentro desse útero, que a
gente passa a imaginar, se realmente essa vida valeu à pena ou não; se o que
fizemos durante todos esses anos foi certo ou errado; se você está, apesar do
pouco que lhe resta, buscando vascular tudo que fez e sopesar numa balança, se
realmente fez mais ações certas ou erradas, mas aí, você cai dentro de si, e
não se contem em lágrimas que jorram para dentro de seus próprios sentimentos
represados, e se fecha em copas dentro de seu próprio útero materno, de onde
passou um período de nove meses, sem perceber que existia e sem ver o brilho do
Sol ou o respirar do oxigênio diretamente pelas suas narinas. É esse o mundo em
que a gente por vezes se sente na vida.
Praticamente, contrariados por muitos,
principalmente por carne de nossa carne e aí, a tristeza que nos afeta, ainda é
maior, porque a gente que planta a semente, não quer jamais que ela venha a
fenecer ou deixar de crescer e ser justamente o fruto de tudo que a gente mais
esperava. Quanto a gente se sente frustrado em nossa lavoura, é muito
entristecedor, que chega a nos fazer gemer sem sentir dor e chorar com o verter
de lágrimas para dentro do nosso eu ontológico que nada pode fazer, porque
quando a planta se sente que está forte, sedosa e de que já brotou a semente,
ela já não mais precisa mais da gente para aguá-la, regá-la, arrancar as ervas
daninhas nocivas ao seu redor, e a partir de então, já não mais precisa de um
cuidador, porque a certa altura de determinado campeonato da vida, quando se
ganha voo próprio como as aves, as plantas agora somos nós, que precisamos ser
manietados por alguém de quem tanto cuidados e por vezes, muitas pessoas não
encontram mais, depois de tanto se doarem, de quem venha a delas cuidar.
Pois bem, é assim a vida, do útero
materno, dos vários úteros que nos sentimos por vezes aprisionados, sem ter a
quem nos acudir e tudo vai se tornando livre, com voos próprios e nada mais
podemos fazer, sequer alguém que venha a nos acudir nas dores e nos sofrimentos
que sentimos no decurso finalístico da vida, porque é assim que caminha a
humanidade e, o final derradeiro, este pode ser o último e que será esquecido
pelos pósteros em poucos minutos, horas, dias, tempos, a depender do sentimento
humano que esteja impregnado na alma de determinadas pessoas, que ainda,
certamente, resguardam um pouco de sentimento de mundo, principalmente para com
os seus mais próximos. A realidade da vida em seu curso inexorável, é dura, mas
é nessa dureza de baraúna, que se vive e aprende a viver, vida esta que só tem
um caminho, a transformação no pó do qual viemos e só!
Nenhum comentário:
Postar um comentário