Apesar de ser da década de cinquenta, só
vim mesmo a conhecer o Recife, por volta da década de setenta, porque antes,
fui com meus familiares para São Paulo, fugindo das intempéries do tempo,
provocada pela seca nordestina, e por outros problemas de outra natureza da
vida que aparecem sem a gente pedir.
Quando de minha volta e da família para
o Nordeste, especialmente Buíque, meu cordão umbilical, foi que, salvo engano,
depois de 1974, com Blésman Modesto, com uma promessa de conseguir para mim,
uma colocação pública no Estado, que cheguei pela primeira vez a ir à Recife,
coisa que achei estranho, mas naqueles idos, era uma cidade bem diferente do
que hoje ela é. Não cheguei a andar pela cidade, mas a gente percebia que a
movimentação de veículos era grande, não tanto quanto São Paulo, mas era enorme
para uma metrópole nordestina na magnitude do Recife.
Depois que fui morar de verdade no
Recife, quando passei no Concurso do BANDEPE e fui estudar em cursinho para
fazer vestibular, foi que vim a conhecer melhor o Recife, isso em fins de 1976,
início de 1977, quando passei no vestibular e fui estudar engenharia na UFPE,
que era na época, o meu sonho, por me considerar um bom aficionado na
matemática e física, por isso mesmo, de minha vocação para um curso dessa
natureza. Depois de um tempo, já entrando na fase profissional, no sexto
período do curso, passei no concurso interno do Banco e voltei a trabalhar no
interior, isso por volta de 1980/1981, mas mesmo diante da agitação, trabalho à
noite no serviço de compensação do BANDEPE e estudando durante o dia na UFPE,
era de uma dureza hercúlea, mesmo assim, dava para aguentar o tranco, só vindo
a enfrentar maiores dificuldades, em face de já ser casado e já ser pai do
primeiro filho e por isso mesmo, foi que fui um concurso interno para uma promoção,
passei e voltei a trabalhar no interior novamente. Aí tive que trancar o curso,
chegando depois a perder o vínculo com a Universidade e a partir de então
fiquei cinco anos sem estudar, vindo a fazer novo vestibular em Direito em
1985, vindo a ser aprovado e tendo cursado Ciências Jurídicas, o que formado em
1990, de lá para cá, venho na militância até os dias atuais.
O foco inicial mesmo era o Recife que
vivi naquele tempo. Morava numa república estudantil, da qual eu era o
presidente e o meu lazer, era mais cinema, porque meu foco principal eram os
estudos. Apreciava ir à Livro 7, na Rua Sete de Setembro, no Bairro da Boa
Vista e, numa dessas vezes, cheguei justamente num momento em que Ulisses
Guimarães estava fazendo o lançamento de um livro de sua autoria, pela
redemocratização do país e àquele momento me marcou para sempre em minha vida.
Lembro bem, que frequentava as lojas da
moda, a exemplo da Dom Juan, Marconi e Ele & Ela, que na atualidade não
mais existem. Também ainda existiam as Casas Pernambucanas, Casas José Araújo,
que era grandiosa e atualmente, salvo engano, ainda existe uma lojinha no
Centro do Recife, mas sem a menor importância. O Cine São Luiz, era o que mais
gostava de frequentar, porque era uma sala vip, de primeira, além de outros
cinemas que marcaram época no Recife. Era um Recife mais alegre, mas não
deixava de ser violento. Talvez não tanto quanto hoje, mas a violência era uma
de suas marcas. Acredito que questão de violência, seu crescimento é
proporcional ao crescimento populacional e da modernidade dos produtos de
consumo humano, porque é assim que sempre caminhou a humanidade.
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