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A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

domingo, 14 de outubro de 2018

O MEU JARDIM



     Uma das coisas marcantes em minha vida, era o fato de que a minha mãe, sempre gostava de cultivar flores, rosas e cravos. Não sabia distinguir bem o nome científico de cada uma delas. Só sei que eram belas flores em que ela cuidava com o maior esmero e carinho, e jamais esquecia em regá-las para que nascessem, crescessem e permanecessem sempre belas, sedosas, cheirosas e bonitas, para colhê-las e colocá-las num jarro para enfeitar a nossa casa, ou até que viessem a murchar pelo decurso de tempo de vida de cada espécie e aí fenecer de vez. Para minha mãe, que vivia uma vida simples e praticamente solitária, era um passatempo para ela e isso, ficou sedimentado para sempre em minha vida.
     Também plantei o meu jardim. Não como os de minha mãe, mas um jardim de belas flores que tive o máximo cuidado para delas cuidar da melhor maneira que pude. Desde que plantada cada semente, sempre acompanhei tudo de perto. Fui sempre cuidadoso desde o nascimento, o crescimento até que viessem a florescer de verdade. Talvez tenha cometido algumas falhas no olhar para o meu jardim. Claro que devo sim. Pode ser que tenha faltado com alguma coisa imperceptível por mim mesmo, mas reguei o meu plantio de flores no meu canteiro, da melhor maneira e como pude, dentro dos limites da medida que suportar a carrega de água para regar cada uma dessas flores, mas todas elas cresceram sedosas, bonitas e sedosas, como as flores de minha mãe.
       Lembro que quando minha mãe perdia uma flor que murchava e vinha a secar, fenecia, ela ficava um pouco triste. Perder uma daquelas flores pelo visto, mexia no seu coração, pois ela tinha muito zelo e cuidado para com o seu local de plantio de flores, que era adubado organicamente e sempre regado com água potável. Então acredito que minha mãe, imaginava que com todos esses cuidados, não poderia e nem aceitaria perder uma daquelas flores.
      No meu jardim, não sei por qual razão, não existe explicação plausível, convincente, que venha a me reconfortar o fato de ter perdido uma de minhas flores mais belas, raras e puras como vim a perder. Foi para mim a maior perda de toda minha existência e sei que outra flor não mais será reposta por outra de igual envergadura, brilho, beleza de vida, sentimento de viver e de amor pela vida. Não compreendo como é que vim a perder essa bela, amorosa, singela e sedosa flor de minha vida. Foi uma das flores mais adoradas de meu jardim e por isso mesmo, meu jardim já não é mais o mesmo, minha vida está sem alento, a dor de perda é imensa, o vazio me domina num vácuo infindo e não existe quem possa mensurá-la de forma alguma, porque essa flor que murchou, secou, feneceu, não mais poderá ser recomposta.
      Para mim só resta agora, acreditar que as flores que ficaram plantadas no meu jardim, continuem belas, sedosas e afáveis como sempre foram, porque só assim, poderei me reconfortar, sem deixar de lembrar daquela bela flor que foi vilmente extirpada de min’alma; se foi para nunca mais renascer, porque a semente era única, imutável e insubstituível.
      O que ora sinto não dá para descrever. O meu jardim não é mais o mesmo, mas ainda tem brilho como as flores que restaram plantadas no meu canteiro, e com toda certeza àquela flor que se foi estará brilhando numa estrela bem distante lá no firmamento, porém sempre presente diante da dor e do sofrimento de todos nós que tanto a amávamos.

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