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domingo, 23 de maio de 2010

A CRENÇA DE CADA UM E O CETICISMO DE OUTROS

           Fui aducado no cristianismo católico apostólico romano, isso por causa da minha mãe, que era católica praticante de carteirinha e fui batizado mesmo sem querer ou sem saber, logo depois que nasci. Só para se ter uma idéia, às sextas-feiras ela não comia carne vermelha, porque significava numa atitude gastronômica pecaminosa. Ela também, não perdia as "Santas Missões" de Frei Damião em Buíque e tinha por obrigação todos os dias em que ele estava aqui em Buíque, se dirigir para a casa do Monsenhor José Kherler, às cinco da matina, para de se dirigir com inúmeros outros peregrinos e de lá sair em caminhada ou procissão para a Igreja Matriz. As filas para se confessar com o velho capuchinho eram enormes, mas minha mãe não perdia a oportunidade de se confessar com ele, pois religiosamente, ficava gratificada. Quando em tenra idade, foi acometido por uma doença, que segundo contava minha mãe, era uma tal de "febre tifo" e, ela fez uma promessa para ir a Juazeiro nas missões do Padre Cícero, para lá, pagar a promessa com reza, acaso eu me curasse e não viesse a óbito. Acontece que, quando chegou a época do pagamento da promessa todos em minha casa, pegaram "catapora", aí sim, ninguém pode ir à Juazeiro do Norte para se encontrar com o Padre Cícero Romão Batista e aí a promessa não pôde ser paga, porque eu tinha escapada da "tal da febre tifo" e, segundo se comenta esse tipo de doença, quem a pegava quando não escapava, ficava atrofiado para sempre e completamente inútil para a vida. Mesmo assim, numa dessas determinadas missões de Frei Damião em Buíque, ela ainda no confessionário contou o caso ao frei capuchinho e ele disse que, nesse caso, em não ter podido ir pagar a promessa ao Padre Cícero por um motivo justo, ela estava perdoada e assim, não fomos mais para Juazeiro num pau-de-arara, como ainda acontece com os romeiros de hoje em dia que na simples crendice, vão à Juazeiro do Norte, pagar algum tipo de promessa por alguma suposta graça recebida.
            Na verdade eu só fui mesmo batizado na Igreja Católica, porque para os católicos, criança não batizada era pagã, não podendo ter a proteção do seu Anjo da Guarda. Ainda menino barrigudo de lombrigas, pensava, observando a religiosidade de minha mãe, em ser padre. Até mesmo missas, brincando com um caminhãozinho de madeira carregado de sabugos de milho, como se foram pessoas, rezava missas e terços, como se fora um padre de verdade. Nas missas ficava a observar a liturgia e a ajuda dos coroinhas. Achava bonito e pensava, meu Deus, quando será que eu também serei um coroinha, mas na verdade, nunca cheguei a ser coroinha e, hoje em dia, com o que colocam na mídia sobre o relacionamento de coroinhas e padres, aí sim, é que acho que me salvei por não ter sido coroinha. Acontece por outro lado, que nessa questão tão discutida hoje na Igreja Católica, há também muita acusação sem causa, muitas distorções e muita gente sendo condenada de forma antecipada pela mídia pejorativa e irresponsável. Todos sabemos que em todos as religiões existem inúmeras falhas, afinal de contas, na qualidade de seres humanos somos passíveis de cometer enes erros e quem não os comete que atire a primeira pedra, ou não?
           No decurso de minha vida, nunca tive uma linha filosófica de religiosidade ou de crendice a ser seguida e cegamente obedecida por quem acredita em determinado credo religioso. Olho todas as religiões com um certo ceticismo, pois existem muitas coisas inexplicáveis que ninguém consegue chegar próximo de uma explicação lógica e palpável, se acredita porque em questões dogmáticas, tem que se acreditar mesmo que não se tenha provas cabais ou nada se tenha visto. No preceito dogmático tem que acreditar e pronto. Nada pode ser discutito ou questionado, senão o indivíduo deixa de ser um crente abençoado por Deus, para ser um homem pecaminoso e voltado para o Satanás. Nem tanto ao mar, nem tanto ao ar. Por mais que tente me aproximar de uma religião, não tenho conseguido. De uma coisa tenho certeza, de que existe um Deus que também ninguém sabe explicar, de que existiu Jesus Cristo e de que Maria, sua mãe, é conhecida por Nossa Senhora. Disso não tenho a menor dúvida, agora, com tantas e tantas denominações religiosas, com as facilidades que se tem para se abrir uma igreja em qualquer botequim de esquina, além  de inúmeras tendências religiosas que nem mesmo os pregadores sabem a real linhagem do que estão pregando e diga-se de passagem, que até mesmo uma igreja só para gays foi fundada, não dá para não ser ceticista numa situação como a que hoje se apresenta. Propagam pela televisão o curativismo gratuito ou a troco da paga do dízimo, sem nenhuma comprovação científica, isso porque, em se tratando de um dom de Deus, de um dogma, ninguém pode duvidar, o que vale mesmo é pregação do pregador. Questioná-lo é padecer no paraíso como um reles pecador e desviado daquela linha religiosa que procurou abraçar.
           Ora, não tiro o mérito da Igreja Católica, nem das evangélicas, naquilo de positivo que fazem e procuram fazer em benefício de muita gente que só se encontra consigo mesmo quando estão professando uma religião, mas quanto a mim, ainda não chegou o momento pontual, para que eu tenha a escolha de dizer alto e em bom tom, agora estou com fé e professando uma religião de verdade. Por enquanto, tenho como filosofia de vida, "em procurar fazer o bem, dentro de minhas reais condições possíveis, e sem olhar a quem". Claro, também, tudo a nossa volta, não pode ter vindo de nada, pois deve existir realmente um Deus verdadeiro e Todo Poderoso que criou tudo isso, como o fez, ninguém sabe responder. É tudo na verdade um grande mistério a nós rodear. Na vida só tenho certeza de uma coisa irretratável e irrevogável, que um dia vamos morrer e voltar ao pó de onde viemos. Outra certeza, é da existência de um Deus puro e verdadeiro, que não mais domina um mundo mundano e desordeiro. Por isso mesmo não posso deixar de respeitar nem a crença de cada um, nem tampouco o ceticismo de muitos outros, afinal de contas, a verdade está dentro de cada ser humano e cada qual é um mundo à parte do outro.

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