Venho vagueando pelas colunas das noites como uma alma penada que ainda não encontrou o seu verdadeiro lugar pós-morte. Vivo olhando sobre as sobras e não encontro uma razão plausível que me justifique o porquê desta vida tão vazia e solitária. Mas na vida da gente é assim mesmo. Uns vivem felizes e pensam que são felizes mesmos; uns acham que são felizes e vivem num mundo dos sonhos como se fora a mais pura realidade; outros mais realistas, alternam entre a tristeza e a felicidade, porque vivem numa realidade da qual não podem mais fugir ou porque desta não podem mais se safarem.
A vida vivemos sobre os céus do mundo, embaixo das nuvens ou sobre a neblina caminhando sobre a terra, como se fora encantá-la como acontece em vários lugares do mundo. Somos verdadeiros olhares sobre às sobras do mundo e das pessoas. Tem pessoas que são só sombras são e, de sombras não passam, porque não sabem viver senão sobre a sombra dos outros, em face de não terem brilho próprio e nunca vão chegar a estrelas cintilantes no céu a brilhar.
Por isso mesmo é que vivo a olhar sobre as sombras, porque não há translucidez no comportamento humano, que vivem se engalfinhando uns com os outros numa eterna luta daquele que pode o mais pode o menos para que sejam sempre às sombras dos mais fortes. É assim a vida, é assim o caminho do mundo, é assim a sociedade em que vivemos.
Mas nesta caminhada, nem sempre sobre às sombras alheias vivemos eternamente. Sempre há um exato momento de cada um dar o seu grito de liberdade, sem bem que, na inércia em que vive a sociedade atual, dificilmente tem iniciativa para absolutamente nada, que não ser omissa, não liga para o que vem acontecendo mundo afora, deixando as coisas rolarem como bem o faz o transbordar das águas no transcurso do rio, que sempre fluem diretamente para o mar.
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