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A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

OS ESTUDOS, A SUA IMPORTÂNCIA DESDE CEDO NA VIDA DE CADA UM, A SABEDORIA E O ENEN

Este blogueiro, dois membros da OAB-PE e o eminente Professor João Olímpio, exímio professor de Direto Penal e Processual Penal, além de ser um exímio advogado criminalista.

SEMPRE TIVE COMIGO - A bem da verdade, em face do estado de pobreza em que vivíamos, eu e minha família, a ponto de termos que debandarmos de Buíque, interior pernambucano, à em média 372 km da capital, Recife, para o Estado de São Paulo, isto por uma questão de sobrevivência, porque na terrinha onde nasci, a coisa esta "braba" pra danar mesmo e o jeito foi partirmos num ônibus da Princesa do Agreste, que demorou a chegar naquele inferno de pedras em cerca de quatro a cinco dias, em maio de 1964, quando partirmos, e lá chegando fomos aportar na cidade de Ribeirão Pires, que fica depois de Mauá naquele estado, onde já morava o meu irmão primogênito, Miltinho Modesto. Como todo nordestino que chega naquele lugar, fomos humilhados, esperzinhados, discriminados e sofremos todo tipo de agressão em respeito ao tratamento humano que se possa imaginar. Mesmo com tenra idade, meu objetivo maior era estudar e um dia ser alguma coisa na vida. Comecei a estudar na Escola Municipal Dom José Gaspar, em Ribeirão Pires, onde terminei por findar o ensino fundamental. Depois de certo tempo, passamos a morar realmente em São Paulo, na capital, especificamente na Vila Ema. Lá chegando, fui trabalhar de peão numa gráfica, no Bairro de Cambuci, depois que atingi a maioridade, fui trabalhar na Fábrica de Brinquedos Bandeirantes, na própria vila onde morava num pequeno cubículo de dois cômodos para abrigar toda a família, que era composta por oito pessoas, além de dar por vezes, guarida a quem vinha do nordeste e não tinha onde ficar. Era como a casa de "Mãe Joana", de que sempre caber mais um. Em São Paulo, passei a estudar na Vila Zelina, que ficara próxima à Vila Prudente e, quando foi para eu voltar para Buíque, pois já não aquentava mais ficar naquela Selva de Pedra, recebi uma homenagem como aluno modelo, do diretor da escola, que até hoje não esqueci, que se chamava de Professor José Nórcia Filho. Nunca esqueci dessa homenagem. Sei que ele já faleceu, porque já tinha uma idade avançada, usava óculos de grau e era calvo, mas era um grande cidadão que primava e valorizava quem se destacava em sua escola.Apesar de toda dor e sofrimento pelos quais passei em São Paulo, juntamente com a minha família, mesmo assim tinha como objetivo estudar, estudar sem pestanejar para um dia ser alguém na vida. E assim o fiz.

A VOLTA PARA BUÍQUE - Em 1972, eis que finalmente volto para Buíque. Não tinha muita esperança, isso porque ainda a nossa terra era muito atrasada e para chegar à Arcoverde, principalmente no período de inverso, com meios de transportes precários e estradas piores ainda, se demorava cerca de uma hora e meia a duas horas de viagem, isso quando o veículo não quebrava. Era um Deus nos acuda dos diabos. Trabalhando com o meu irmão no Bar Arizona, principal centro de lazer de Buíque à época, nas horas de folga não grudava dos estudos. Tinha um objetivo a cumprir e não queria me misturar com os demais conhecidos que sempre adentravam na farra e nada queriam saber de se fincar em livro, mas sim, na farra, na cachaça e isso não era a minha praia naquela época. Era eu e Luis Cláudio de Deca, meu grande e velho amigo, que se não me engano está morando pras bandas da Zona da Mata, mas vez por outra o tenho encontrado em Buíque. Éramos realmente estudantes de verdade. Enquanto os demais estavam às farras, a gente estava antenados nos livros. Assim terminei o chamado à época, Curso Científico, na Escola Estadual Carlos Rios, em Arcoverde, que me deu muito orgulho, por volta de 1976. Como tinha passado no Bandepe, o Banco do Estado de Pernambuco, e diga-se de passagem que fui o primeiro a passar em um concurso público em Buíque, tendo me iniciado primeiro em Buíque, como Auxiliar de Escrita Inicial, logo depois passei a ser Investigador de Cadastro, aí fui morar no Recife, para fazer cursinho para vestibular. Cheguei a fazer cursinho no Curso Radier, que se não me falha a memória não mais existe. No primeiro vestibular que fiz, passei no Curso de Engenharia na UFPE e cursei ainda até o sexto período. Como houvera me casado e já com parte da família constituída, ao me submeter a um concurso interno para Chefe de Carteira Rural, depois Carteira de Desenvolvimento, voltei a morar no interior e terminei por perder o vínculo com a UFPE e fiquei em torno de cinco anos sem estudar. Para mim foi o fim. Me juntava às farras de final de semana dos bancários, nos lugares onde trabalhei e relaxei com relação aos estudos. Depois de passados esses cinco anos, foi que vim a me alertar novamente de que deveria voltar a estudar, foi então que morando em Pesqueira, fiz novo vestibular, agora na área de ciências jurídicas e fiz Direito, na Faculdade de Direito de Caruaru, onde passei no vestibular de 1985. Em 1990 cheguei finalmente a terminar o meu curso, após grande sacrifício, pois já com família constituída, diante de tantas dificuldades, morava em Pesqueira, estudava em Caruaru, mesmo assim não arredei o pé e concluí o Curso de Direito e hoje sou um modesto militante da advocacia, graças a todo esse esforço que fiz em minha vida. Na verdade nada vem fácil às mãos de quem quer que seja. O sujeito tem que ralar e se esforçar por um certo tempo, até poder colher os frutos de tudo isso porque passou na vida. Mas a vida de estudante, o que quero deixar bem claro, é que não uma vida das mais fáceis, mas sim, o sujeito tem que penar um pouco para colher os frutos no amanhã. Nada vem fácil às mãos de quem quer que seja e para isso a gente tem que penar mesmo, pois só assim o sabor de vitória vem ainda mais doce. E como é gratificante o sujeito se formar, principalmente no meu caso particular, que cheguei a ser o orador de minha turma em 1990.

O MEU LEMA - Sempre tenho dito e disse sempre aos meus filhos, que para se ganhar algo lá na frente, a gente tem que perder um pouco lá atrás antes dos anos avançarem. Não que não se possa atingir um objetivo com  certa idade, isso não, mas muita coisa que se poderia aprender, ter aproveitado e avançado na vida, se foi para o espaço porque não se pensou nos louros que adviriam no futuro. Poderia até ser que não, isso porque existem muitos profissionais que depois de formados não deram certo em nada na vida. Posso até não ter me realizado totalmente na minha trajetória de vida, mas de uma coisa não posso me queixar, foi a de que o que prometi na infância, cumpri, cheguei a me formar e hoje de certa forma sobrevivo da profissão de advogado, valorizo-a e gosto de combater o bom combate, depois que fui demitido do Bandepe porque os políticos do PFL quebraram o banco estatal e o governador Miguel Arraes, junto a Eduardo Campos, deram-no o tiro de misericórdia, pois apesar de terem prometido que não venderiam o referido banco, de que o reorganizariam e readmitiriam os demitidos, essa conversa fiada, não passou mesmo de uma fraude política e outra solução não houve que não a de vendê-lo pela bagatela de 180 milhões de reais e ainda falam de Jarbas Vasconcelos por ter vendido a CELPE. Pelo menos parte do dinheiro da CELPE se sabe em que foi investido e o dinheiro do BANDEPE, aonde diabos foi parar, hem?

EM RECIFE - Ao fazer cursinho no Recife, ou mesmo depois que passei no vestibular, enquanto os colegas de república iam para as farras nos finais de semana, eu ficava recluso, estudando, envolto pelos livros e só tirava nota boa. Quando tirava uma no ruim, era motivo para ficar me remoendo por dentro, mas logo depois recuperava. A república onde formamos e morávamos, ficava na Rua Gervásio Pires, nº 211, no Bairro de Boa Vista, no Edifício Irene e era formada por cinco ou seis pessoas e destas, os que mesmo tinham responsabilidade em estudar era eu e um estudante de Engenharia Química da Bahia, que não me vem o nome à memória, mas era um caro estudioso. Desse grupo, por nada querer com a vida, fiquei certo tempo, depois me afastei e fui morar numa pensão mais tranquila na Rua Bispo Cardoso Ayres, também no Bairro da Boa Vista, agora com o amigo Tadeu de Nilton da Farmácia, de Buíque, atual professor de matemática nas escolar buiquenses.

QUASE UM SESSENTÃO - Hoje beirando à casa dos quase sessenta anos de idade, tenho ainda muita coisa para me queixar. Acho sinceramente que não sou uma pessoa totalmente realizada e acredito piamente que muita coisa realizei, mas muito mais poderia ter realizado, entretanto pelos percalços que encontrei na vida, acho até que fiz muita coisa. Posso não ser reconhecido nem mesmo pelos meus, mesmo assim, posso ser por alguns, mas ainda continuo como profissional do direito na trincheira de luta, defendendo meus constituintes, combatendo às injustiças e não dando trégua aos justiceiros de araque que integram alguns dos podres constituídos, sobretudo o Judiciário e o Ministério Público, se assim necessidade houver. Não sou de abrir mão de minhas prerrogativas advocatícias, tampouco da ética profissional que muitos colegas teimam em quebrar. Gostaria de ter escrito mais livros e acredito que ainda vou escrevê-los, pois o que vai de mim ficar na realidade para a posteridade, são as minhas maus traçadas linhas e claro, algumas lições de vida que certamente deixei para muita gente e principalmente para os meus filhos, se assim eles entenderem. Farrei, bebi cachaça, mas ainda não perdi a graça. Não sou o mesmo de tenra idade, mas dentro de mim ainda dormita àquela frágil criança que acometida por febre tifo aos seis, oito anos de idade, quase que foi para o beleléu ainda pequenino, matuto e ingênuo e não tinha conhecido esse mundão e este, com toda certeza, não seria a mesma coisa se eu tivesse ido naquela época de final da década de cinquenta. A vida é assim mesmo, a gente é o que é, ou não camaradas!

ATÉ PARECE BIOGRAFIA - Pelo que venho escrevendo ultimamente, não de forma continuada, até parece que estou dando umas pinceladas autobiográficas, pois estou colocando para fora muitos fatos e acontecimentos pelos quais passei durante toda a minha vida. Que não seja tudo isso que venho escrevendo, um epitáfio de vida, mas sim, uma reflexão de tudo que fiz, um exemplo a ser seguido no que de positivo plantei e um incentivo para os jovens e meus próprios filhos que da mesma forma que me formei, quero também vê-los formados. Só espero ter tempo suficiente para poder ir na formatura de um por um, coisa que meu pai não pode ir e me ver recebendo o canudo de graduação, pois falecera em setembro de 1990 e eu, me formei em dezembro do mesmo ano. Gratifica-me também o fato de no final de fevereiro para março deste ano, está sendo pós-graduado em Direto Civil e Processual Civil, o que para mim é muito importante, como importante é a gente sempre saber um pouco a mais do que o grão de sabedoria que a gente imagina ser sabedor. Na questão da atual pós, pelo menos vou terminar e não fiz como o curso da Magistratura, que deixei pela metade. Atualmente existem muitas facilidades para quem quer estudar, existem as cotas raciais, o ENEN que está a substituir o vestibular, quer dizer, só não estuda mesmo quem não pende para os estudos, mas facilidades existem demais e disso ninguém pode reclamar. Pena é que muitos de nossos estudantes querem que as coisas lhes caiam às mãos de forma graciosa, nada mais que isso e tudo só se consegue com muita luta, garra e esforço.

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