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quinta-feira, 27 de junho de 2013

HÁ CERCA DE VINTE ANOS QUE NÃO OCORRE UM MOVIMENTO DE PROTESTO POLÍTICO EM BUÍQUE


  Lembro bem, não se trata de invencionice nenhuma, que o último protesto político ocorrido em Buíque, foi há cerca de vinte anos atrás, na década de 90, contra os desmandos dos resultados das eleições, que ainda com o voto artesanal na base da chapa confeccionado de papel e urnas dos moldes antigos, na apuração, nos boletins de urna, se manipulava à votação ao bel prazer de quem estivesse presidindo as eleições e dos partidários de A, B ou C, que presidiam as respectivas mesas. Apesar de fiscais de vários partidos políticos integrantes dos sempre dois lados políticos, quem soubesse manipular os boletins, elegia vereador, puxava voto de prefeito de um lado para outro e dava até nó em pingo d'água. O importante mesmo em tais fraudes eleitorais, era na finalização do BO - Boletim de Urna, a totalização bater com o número de votos anotados em cada urna na Justiça Eleitoral. Sei disso, por que fui Presidente de Mesa, quando Arraes foi candidato a governador em 1986, que era uma eleição estadualizada, mas quando se tratava de eleição municipalizado, a coisa funcionava na base das fraudes políticas costumeiras daqueles idos. Depois disso, imaginando ainda no idealismo, fundei o PSB em Buíque, em 1988 e não mais participei de eleições como mesário. Embora hoje tenhamos urnas eletrônicas e com o início da implantação do voto biométrico, que vai identificar o eleitor pela sua digital, apesar de seguras as eleições, a corrupção eleitoral ainda come no centro pelo uso da máquina administrativa, do abuso do poder econômico e da compra escancarada do voto de muitos vendilhões dos templos. Claro que muita coisa mudou, inclusive as formas de se fraudarem eleições, sejam estas em quaisquer níveis que forem. Ontem se tentou nessa onda de protestos que remoem o país de canto à canto, se fazer um movimento de protesto político liderado por alguns jovens e parte de pessoas adultas. Infelizmente não foi o esperado, mas já pode se dizer um bom começo para o povo ir à luta em busca de seus inalienáveis direitos administrativos da coisa pública, desde que legítimos, pacíficos e sem vandalismos.
    O cerne da questão mesmo que queria tocar nestas maus traçadas linhas, é justamente na diferença de motivação de hoje, a não ser em lugares em que promovem ao invés de movimentos sociais, atos de vandalismo pela bandidagem, o fato de que há vinte anos atrás existia mais motivação, mas defesa de princípios filosóficos, mais ênfase àquilo que se queria defender em defesa do povo. Hoje não mais existe tais alavancadores da filosofia social, afinal de contas, o que se pode dizer, é que se protesta por protestar, mas tudo bem, todo movimento social pacífico é bem vindo, desde que seja por uma justa causa. Por isso mesmo houve esse levante em Buíque, que estava dormitando em braços esplêndidos há mais de vinte anos atrás, quando em protesto político contra a política da época, um grupo de jovens liderados por Paulo Tarciso, o "Paulinho do Fórum, junto com Roberval de Luis Nilson, entre outros, presenciei um movimento que realmente se poderia dizer ser um movimento de força, tanto que, os então mandarins da ocasião, se armaram de cacetes, porretes, facões, armas brancas, armas de fogo, para repreender um protesto pacífico que só queria mesmo se insurgir contra as fraudes eleitorais e os desmandos políticos da época. Sei que foi um corre-corre dos diabos, mas Paulinho com o ideal de luta e garra, cumpriu com a promessa e, mesmo diante de ameças veladas, não deixou de realizar o protesto contra os desmandos da época. Não quero aqui desvalorizar movimento político ou protesto algum, mas apenas dizer, que há vinte anos atrás, os jovens tinham mais garra e espírito de luta, porque existia um fator, que era o idealismo, coisa que está faltando na juventude de hoje, que infelizmente, não aprende a filosofar, a questionar o modus vivendi de sua coletividade diante dos poderes constituídos, sejam eles quais foram.
    Na época, apesar de levados pelo idealismo contra os desmandos eleitorais que ocorriam em Buíque, o que ocorreu na verdade, emparedados por um batalhão fortemente armado, contra jovens indefesos, foi ambos saírem em debandada e terminou por dar em nada, pois as coisas continuaram como sempre foram e as eleições, por longos anos, continuaram da mesma forma a ser manipuladas com o voto artesanal. Com a entrada da urna eletrônica, não implica necessariamente em dizer, que se acabaram as fraudes eleitorais, o que houve foi que, apenas mudaram de nome e de forma. Na verdade, desde o Golpe Militar de 64, do movimento pela redemocratização do País através das Diretas Já, sempre participei dos movimentos populares, quer em São Paulo, Recife, quando num grande Comício Pelas Diretas Já, presenciei um cordão humano formado por grandes lideranças políticas nacionais da época, sendo tocados pela truculenta Polícia Militar do então governador Moura Cavalcanti, em que se compunha, de Marcos Freire, Ulisses Guimarães, Teotônio Vilela, Paulo Brossard, Pedro Simon, entre outras grandes figuras da política nacional da época. Esse fato ocorreu no Largo Treze de Maio, onde fica a Faculdade de Direito do Recife. Só sei que, com a truculência policial em passos de ganso, o acocho foi geral e muitos foram presos só por esse ato de protesto. No final de contas, as Diretas Já não passaram, mas a redemocratização do País, após mais de duas décadas de escuridão, voltou a raiz em berço esplêndido. Ali sim, existia um fim precípuo a ser perseguido, uma ideologia política, uma motivação que a cada momento dava força ao movimento, diferentemente de hoje em dia, em que o jovem e a maioria das pessoas, estão praticamente sem nenhum norte de via a ser seguido. Hoje muitos de nós, nos sentimos decepcionados, isso por que não mais existe uma filosofia questionadora, tampouco uma ideologia política a ser seguida, a não ser a de se tirar vantagem de tudo e de todos.  
   

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