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A VERDADE SEMPRE FOI UMA CONSTANTE EM MINHA VIDA.

sábado, 14 de dezembro de 2013

AS MESMICES DE SEMPRE NESTA ÉPOCA NATALINA

A foto acima, lembra um pouco do jumento Perigo, que era brabo pra lascar.

   Já tenho batido repetidas vezes nesta mesma tecla: a mesmice de sempre das festas natalinas, que os católicos e pessoas que professam outros credos religiosos comemoram o nascimento do menino Jesus. Na verdade, não é ao pé da letra, uma louvação ao nascimento do "Salvador da Humanidade", o filho de Deus. Nesse lapso temporal existe o profano e o religioso. O profano são os olhos grandes voltados para a mercadologia dos poderosos empurrando todo tipo de bugiganga para o coitado do povo comprar, além das festanças noite adentro, bebidas até encharcar e o cano entortar, além de outras façanhas. Pelo lado da crendice, religioso, se pode olvidar e festejar, se voltar em orações, para àquele que se achou por bem de se chamar d'o Salvador da humanidade, que até mesmo uma data avulsa foi demarcada, para se dar início a essa era cristã, porque na verdade, ninguém, estudiosos, tampouco a Igreja sabe realmente quando Jesus Cristo nasceu, quiça quando foi ele crucificado e se o foi da maneira mostrada por várias versões, se foi por motivo religioso ou político, no que acredito mais. Pois se Jesus tinha as suas pregações que juntava amontoados de peregrinos e adoradores, por outro lado, tinha uma minoria dos poderosos da época, que estavam de olho na sua pregação filosófica em favor dos pobres e oprimidos e isso não era visto com bons olhos pelos potentados da época em que provavelmente Ele veio a ser crucificado na cruz, às vistas grossas de um imperador salafrário romano, Júlio Cesar, que lavou às mãos e colocou o seu destino nas mãos do povo, que escolheram dois ladrões no lugar da vida de Jesus. Dizer que esse ato foi para nos salvar, a mim me parece um tanto quanto duvidoso, mas é assim que a Igreja do Cristianismo pregou desde então, daí nasceu o mito, o nosso salvador. Já imaginou se fosse deixar alguns dos acusados de cometerem um delito de hoje nas mãos do povo, com certeza muita gente ia ser degolada, porque ora o povo é sábio, noutro momento, não.
  Quando ainda em tenra idade, menino amatutado, recluso no seu lugar, acreditava piamente que tudo era como a Igreja pregava, até por que, minha mãe era Católica praticante, a pondo de, nas sextas-feiras, não comer carne verde. Até em ser padre, pensava ser. Já imaginou eu padre hoje em dia, hem? - Ela sim, se as coisas são como pregam, com certeza está no Céu ao lado do Senhor, senão, ninguém sabe, mas como se trata de minha mãe, com certeza estará no Céu. Quanto a meu pai, tenho lá minhas dúvidas, isso porque, ele não era lá muito seguidor de coisa alguma. Gostava de tomar umas e outras, se que isso é defeito, de fazer algumas coisas trelosas, que não tinha nada a ver com a minha mãe. Mesmo assim, foi um grande homem, nunca tirou um centavo do próximo, vivia a sua vida simples cuidando de animais até praticamente os seus últimos dias, quando veio a falecer em 1989 e, seis anos depois, foi a vez de minha mãe. Perdê-los para mim, foi a maior dor do coração que um ser humano pode sentir, mas mesmo assim, ainda tive coragem de discursar ao pé do túmulo, no último adeus de cada um deles. Para mim, eles não morreram, simplesmente se transmutaram para um mundo infindo onde quem sabe, as coisas podem até ser melhor do que viver neste mundo hipócrita e imbecil, mas morrer, não vejo a coisa com bons olhos, mas sei que é a única certeza que temos na vida. A bem da verdade, meus pais foram o referencial número um de minha vida e da minha formação moral.
    O Natal também, evoca o animal da família dos equídeos, jumentos, isso porque, dizem que Jesus fez xixi montado num jumento, quando criança, daí àquela marca escurecida no dorso do animal. Meu pai, ah! meu pai! - era doido por jumentos. Lembro bem quando eu tinha em torno de dez anos de idade ou menos, ele tinha três jumentos, em que ele colocava um nome em cada um deles. O maior e mais esbranquiçado, era chamado de Retrato, outro menorzinho, de Calunga, e o mais perigoso, de cor cinza escura, era chamado de Perigo. Interessante, pensava, meu pai nominar os seus jumentos, que serviam para carregarmos água do Cigano para vender às famílias ricas de Buíque. Dos animais que meu pai possuiu, um dos que mais me chamaram a atenção, foi um burro, de cor branca com pintas pretas, maior que um jumento. Era um burro lindo, que ele deu o nome de Gaúcho e o que era interessante, é o fato de que ele era tão cuidadoso com o animal, que bastava ele chegar na divisa de uma cerca no meio do nosso sítio, que o podia estar aonde estive, saía na toda em busca do chamado de meu pai, que o alimentava e acariciava. Tudo isso me marcou, porque o burro, que é um animal arisco, por qualquer coisa, ele dá popas de lascar, dá pernada, corre para os lados, mas no caso de Gaúcho não. Pior ainda, é que ele quando tomava umas, saia de carroça no burro Gaúcho e ainda de tabela, levava o meu primeiro filho, Hélder, que deveria ter uns cincos anos, no lado da carroça, chegava lá em frente ao BANDEPE onde eu então trabalhava, e de lá de fora, gritava "Mané, olha quem tá comigo", mostrando Hélder do seu lado, com o que ficava meio preocupado e ia até lá e dizia, "pai vá pra casa, vá....", e então, ele saia na toda e determinadas vezes, tomava todas em seu burrinho Gaúcho, que parece até que ainda está correndo, ao ouvir os ecos do chamado do meu pai: Gaúcho, chegue, chegue.... - Do assunto Natal, brotaram outros assuntos, mas na questão natalina, não se fazem mais natais como os de antigamente, isso porque, a festa é mais mercadológica do que de louvor e de fé, esta é a realidade atual que enfrentamos. No início de minha vida, foi essa fase que mais me marcou, a de botar água de ganho, eu, meu pai e Miltinho, do Sítio Cigano, que era água mineral, para os mais afortunados da sorte de Buíque. Das pessoas da época que também faziam esse mesmo trabalho, lembro de João de Sabino, Passo-Preto, Zé Preto, afora outros que não me veem à memória no momento. Tive outros momentos marcantes em minha vida, mas esse, com certeza, marcou muito, apesar de existirem outros momentos marcantes. Quem sabe, talvez um dia, ainda passarei para um livro, a minha história, minhas memórias.

P.S.: AGUARDEM PARA BREVE LANÇAMENTO DO MEU TERCEIRO LIVRO, QUE SE ENCONTRA EM EDIÇÃO NA COMPANHIA EDITORA DE PERNAMBUCO - CEPE.

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