PASSANDO À LIMPO
– ENTREVISTA COM MANOEL MODESTO
SÉRIE BLOG DE ENTREVISTAS
A partir de hoje, o BLOG DO MANOEL
MODESTO, inserindo mais uma espécie de informação de interesse de nosso povo, vai passar a
fazer uma série de entrevistas com vários segmentos populares de nossa região,
especialmente com o nosso povo, sobre assuntos englobando cultura, artes,
política, e quaisquer temas de interesse local e social, aonde se vai buscar
PASSAR À LIMPO, muitos fatos e acontecimentos de nossa terra e da região.
O Primeiro entrevistado de hoje, é o caro
e dileto amigo, EUDES FRANÇA, o popular MUTUCA, que desde criança aprendeu a
tocar vários instrumentos musicais, além de ler partituras de música, sendo um
profissional qualificado para ser aproveitado pelos poderes públicos, para
ensinar música à meninada de nossa terra, aos adolescentes e até mesmo adultos
com interesse na arte musical. Mutuca, que já tocou em vários conjuntos, entre
eles OARA e SOM BLÉSS SET, nos concedeu esta entrevista em sua residência, à
Rua Félix Paes de Azevedo, na data de ontem, por volta das 17h00, o qual
perguntado pelo entrevistador, este blogueiro, nos falou de nossa cultura, do
abandono desta pela falta de apoio das pessoas do nosso lugar, de política e do
futuro que nos reserva. Eis, pois, a nossa entrevista:
P - Manoel Modesto – Amigo Mutuca, com quantos anos você
aprendeu a arte da música?
R – Mutuca – Aprendi música aos 11 anos de idade,
através de velhos mestres que eram ligados a esse tipo de ofício e, com o
passar dos anos desenvolvi minha arte e hoje toco vários instrumentos musicais,
leio partituras e estou preparado para ensinar a quem tiver interesse pela
música.
P – Manoel Modesto – Diga-me uma coisa, quais foram os maiores mestre no ensinamento da
música em Buíque?
R – Mutuca – Foi o velho Antônio Sampaio, Zé Quidite, Sr.
Praxedes, que praticamente ensinaram grande parte de seus familiares a se
tornarem músicos, muitos dos quais, vivem da música, que embora não se tenha o
valor merecido em nossa terra, mesmo assim, se vai tocando o barco. Além de
pessoas das famílias desses profissionais, muitas outras pessoas também
aprenderam a arte da música com esses grandes e inesquecíveis mestres.
P – Manoel Modesto – Em Buíque já teve alguma escola de
música bancada pelo poder público e quais dos gestores públicos, chegaram a
prestigiar à arte da cultura musical?
R – Mutuca – Nas épocas dos ex-prefeitos João de
Godoy Neiva e do Professor Blésman Modesto, sempre houve movimentos culturais
no sentido de valorizar e manter uma escola de música para justamente, ensinar
os jovens a aprender uma profissão e, como consequência, tirá-los da
marginalidade e aprenderem a ter uma vida profissional como músicos e viver com
dignidade. Isto só ocorreu mesmo, na época desses dois ex-prefeitos, por que os
demais, por questões políticas, não deram a menor importância à manutenção de
uma escola de música, de uma Banda Pública Municipal, isso porque, sempre
levaram à coisa pelo lado político, pouco se importando pelo desenvolvimento do
povo e dos valores culturais do nosso lugar, da nossa gente. Outro ex-prefeito
que deu na sua época grande valor à cultura, foi Dr. José Cursino Galvão, isso
me foi passado na época de João Godoy Neiva.
P – Manoel Modesto – Bem Mutuca, em termos culturais, seria
possível a gente fazer um movimento para formar uma associatividade de cunho
cultural, não só para à música, mas também para outros setores da arte de um
modo geral?
R – Mutuca – Olha, dá para a gente fazer sim. Certa
feita, já cheguei a procurar o pessoal do comércio, os fazendeiros, para ajudar
nesse sentido e se fazer um movimento de ordem cultural, só que, não obtemos
nenhum aceno nesse sentido. “...Interrompendo,
Manoel Modesto”: Bem Mutuca, você sabe, que nesse sentido, quando de
movimentos de ordem culturais, de festejos típicos, o nosso comércio, as
pessoas de posses, sempre estiveram meio arredias e nunca demonstraram nenhum
interesse para ajudar iniciativas desse porte, nem mesmo por parte do setor
público, mas de certa forma, foi este setor que sempre manteve com parcos
recursos os festejos de épocas.
P – Manoel Modesto – Você acha que a gente tem condições de
fazer uma festa junina com um formato adequado às nossas condições financeiras,
mesmo bancada pelo poder público, a exemplo das festas juninas e de final de
ano, pelo menos de uma semana, cada uma delas, sem essa festa de calçadão?
R – Mutuca – Bem Dr., o Sr. está tocando num
assunto, que me faz lembrar os tempos em que as festas eram no Mercado Público,
nas escolas ou até mesmo no prédio da Prefeitura, mesmo assim, se faziam boas
festas. Alguns locais nas festas juninas eram alugados, para a realização de
forrós pé-de-serra, com velhos sanfoneiros a exemplo de Cotinha, pai de Raul,
em Zé Sotero, Louro Sanfoneiro, entre outros que não me vem à memória agora.
Palhoções eram feitos e a festa apesar de simples, se tornava uma grande festa.
As festas de final de ano, da mesma maneira também poderiam ser realizadas
dentro de um mesmo formato, e sem muito gasto e assim, não só agradava o nosso
próprio povo, mas vinha até gente de fora, de Arcoverde...
P – Manoel Modesto – É possível se fazer esses tipos de
festas de épocas com pouco gasto financeiro?
R – Mutuca – Claro que sim. Bastava se organizar um
formato adequado às nossas condições e se fazer em termos culturais, tanto
festas juninas e de final de ano, com conjuntos musicais tipos um Renato e Seus
Blue Caps, Golden Boys, The Fivers, além de um Alcymar Monteiro, Jorge de
Altinho, entre outros grandes forrozeiros da linha pé-de-serra e que, de certa
forma, ainda agrada tanto à juventude, quanto aos mais velhos e saudosistas.
Quando falo de saudosistas, me vem à memória, do baile de encontro de velhos
amigos, chamado de Baile da Saudade, em que era praticamente um congraçamento
entre velhos amigos não vistos há muito tempo e que agradava a todo mundo.
Disso ninguém lembra mais, no entanto, bem que poderia se criar novamente um
NOVO BAILE DA SAUDADE, né mesmo!
P – Manoel Modesto – Bem caro e dileto amigo Mutuca, para
finalizar, o que você tem a dizer como mensagem para o nosso povo e para a
nossa juventude?
R – Mutuca – O que tenho a dizer aos jovens, é que
ninguém se desespere, procure ter forças, se esforçar mais na luta pelo
objetivo de cada um, principalmente na busca de um objetivo cultural. Muitos
dos músicos que saíram daqui ou estão ainda morando em nossa cidade, aprenderam
música comigo, que sempre tive uma certa preocupação na melhoria de um futuro
melhor para os mais jovens. Quero dizer também, que não estou falando de A, B
ou C, mas sim, procurando dar um recado claro para que os mais jovens busquem
valorizar mais a nossa cultura e cada qual que lute mais para termos uma
cultura mais valorizada. Não estou aqui falando de ninguém, mas somente
buscando dar um recado para os que querem um futuro melhor para nossa terra.
Tenho muito sentimento no coração para ajudar as pessoas e muitos músicos
saíram dos meus ensinamentos e de minhas mãos. O que digo também à essa
juventude, que ao invés de droga, procure um professor de música, fazer alguma
ocupação voltada para à arte e ter, enfim, um futuro de vida para andar com as
próprias pernas. Digo também que a nossa cultura afundou, mas devemos lutar
para que possamos nos levantar cultural, profissional e economicamente.
P – Manoel Modesto – O que você tem a dizer sobre ideias
novas amadurecidas ou um novo sem ideias para nos governar?
R – Mutuca – Não quero aqui, falar de político
nenhum, mas existem muitos jovens com boas ideias, mas uma pessoa amadurecida
que saiba das coisas e as ideias no lugar no momento certo, é claro que está
bem mais preparada para nos governar, esta é a verdade. Sinto-me um perseguido
político, porque sempre procuram colocar empecilhos quando procuro dar a minha
contribuição para o município e, por questões políticas, em face da fofocagem
política de gente dos próprios governantes, que ficam levando e trazendo coisas
e fatos, que muitas vezes, nada tem a ver comigo, isso tem me deixado triste e
preocupado. A cultura de Buíque precisa de gente capaz, para que venha a
valorizá-la. É disto que nosso povo precisa, ter uma visão política voltada de
forma democrática, para valorizar a capacidade, sem levar em consideração
questões de ordem política. Por isso mesmo, é que devemos lutar, fazer um
movimento no sentido de dar o devido valor e fortalecer a nossa cultura
buiquense, é isso que desejo e que mais quero. Obrigado amigo Manoel Modesto,
pela entrevista e oportunidade de falar em seu Blog.
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