VIA CRÚCIS DA MORTE, DO SOFRIMENTO
E DA DOR DE PERDA
Hoje, por ser mais um dia de
via-crúcis do que foi a de Eduardo Campos, pelo menos pela comoção do fim
trágico que teve e pela dor incomensurável de sua família, não dá para falar de
poesia ainda, mas sim, buscar descrever com palavras, o sentimento que poderia
está incontido, indomado e prisioneiro do interior de cada um de nós, acaso
fôssemos não simplesmente atores principais dessa chocante tragédia, mas meros
coadjuvantes de uma travessia inimaginável que terminou com a perda de sete
pais de famílias e terminou numa comoção não somente das famílias diretamente envolvidas,
mas sim, no coração de cada brasileiro que sentiu como se sua fosse, a dor
alheia. É assim que vejo hoje, com a chegada não de um corpo dentro de um
jazigo frio e envolto por escuridão, mas por pedaços dilacerados do que seria a
máscara mortífera de Eduardo Campos, candidato à Presidência da República do
Brasil. As cenas da tragédia, encoberta por mistérios, são demasiada chocantes
e, a busca desde o dia do trágico acidente, 13 do mês em curso, tem demonstrado
dor, sofrimento, ansiedade, para se saber se esse ou aquele é mais um pedaço do
corpo de algumas das vítimas, para, após passar por exames de DNA, se determinar,
se um pedaço de carne espalhado entre tantos por uma grandiosa área, uma parte
de osso, é de um ou de outro dos vitimados naquele trágico e fatídico acidente
aéreo, que de todos veio a lhes ceifar às vidas, como se estas nada valessem. E
aí, na vala comum, ninguém se pode dizer melhor que um ao outro, pois a triste
tragédia nos nivelou num mesmo patamar da horizontalidade da vida.
Qual não foi a emoção e comoção da família de Eduardo
Campos, esposa e filhos, ao receberam por volta das 23h05 deste sábado último,
não o esposo e pai família exemplar que era, sorridente, alegre, afetuoso, mas
diferentemente, dentro de um caixão fúnebre, sem sequer poder lhes tocar e
afagar o seu rosto, poder lhes dar um beijo de despedida, pois não estava ali
um corpo sem vida, mas sim, fragmentos de pedaços daquilo que foi um corpo
humano, de uma vida de vitórias, de sucessos e com sonhos de voos ainda mais
altos. Acredito que tudo isso, foi de extrema tristeza, de sofrimento incontido
e de dor para os familiares, e de pessoas mais chegadas ao ex-governador e
candidato a Presidente da República pelo PSB. O povo também estava ali,
dominado pela comoção e tristeza, esperando da mesma forma, os restos mortais
em fragmentos, de seu ex-governador por duas vezes, para sentir de perto o
sentimento de dor e de tristeza que irradiou não só seus conterrâneos
pernambucanos, mas todo o Brasil e ganhou mundo afora, através dos meios
midiáticos de comunicação e nas redes sociais. O homem se mede pelo que
representa para o seu povo, não pelo que é de verdade, mas pelo visto, Eduardo
Campos tinha essas duas qualidades que sempre procurou exteriorizar para a
nossa gente e, como político, soube ser um dos maiores articulistas que já vi
em Pernambuco, a ponto de atrair para si, toda horda da fauna política, de
todos os matizes, que dantes eram por ele criticados feroz e com virulência e
que, por gravidade, se tornaram seus aliados, a ponto de o ex-governador Jarbas
Vasconcelos a quem derrotou por uma vantagem de mais de 2 milhões de votos, vir
a ser um de seus principais aliados e candidato a deputado federal com o seu
apoio, o que implica em dizer, que ele não guardava mágoa de ninguém e o que
queria mesmo, era sempre somar no meio político, para poder chegar aos fins
colimados, tanto é, que colocou a maioria absoluta dos municípios de
Pernambuco, em seu bolso.
Foi nesse embalo e nessa forma de fazer política, mais
praxista que idealista, que chegou a fazer 5 governadores pelo PSB em outros
estados brasileiros, o que o credenciou para vir a disputar à Presidência da
República, fato tão sonhado pelo seu avô Miguel Arraes de Alencar e,
infelizmente, assim como Leonel Brizola, não concluído, pois tanto Arraes,
quanto Brizola, acalentava o mesmo sonho de um dia vir um deles a ser o nosso presidente,
só que, ambos faleceram e não chegaram a realização de seus maiores sonhos na
condição de grandes políticos brasileiros. Ainda aos 19 anos, Eduardo Campos,
foi colocado à prova no meio da política, pelo seu avô, na qualidade de
Secretário de Estado e, a partir daí, foi deputado federal por mais de uma vez,
chegando a ser governador de nosso Estado por duas vezes e, nas últimas
eleições, como o seu partido, PSB, cresceu eleitoralmente a nível nacional,
teve uma guinada ambiciosa de desistir sem concluir o governo de seu estado, e
veio a se candidatar para a disputa do cargo político mais cobiçado dos
políticos brasileiros, o de Presidente da República, fato que infelizmente não
poderá mais realizar, a não ser, com as suas ideias e fraseados, que irão
permanecer por um longo tempo no inconsciente coletivo de nosso povo e de muita
gente, o que poderá ser um mote de continuidade de campanha para quem vier a o
substituir, que acredito ser a sua candidata à vice, Marina Silva, que mesmo
tendo ideias diferentes, mas quando se trata de política e diante de um fato
novo, embora fruto de uma tragicidade, nada mais justo e correto, que a
candidatura natural passe para ela, que com certeza, poderá cumprir o seu
legado político, não propriamente como ele queria, pois cada governo quer e tem
que deixar a sua marca própria, para se firmar como um autêntico governante e
não um mero coadjuvante de quem quer que seja, pois governo sem pulso e
mambembe, não se pode dizer que é um governante de verdade. Por isso mesmo, é
que nessa via-crúcis de mais um dia, com a chegada dos fragmentos mortais de
Eduardo Campos e alguns de que com ele foram vítimas do trágico acidente aéreo,
Pernambuco fica condoído, se encobrindo ainda com mais tristezas e comoção, mas
como sempre dizia EDUARDO CAMPOS, “NÃO VAMOS DESISTIR DO BRASIL”, o que implica
em dizer, que sejam quais forem as consequências e fatores circunstanciais
vividos, o povo brasileiro jamais poderá desistir de seu país, mas sempre lutar
pelas melhorias que o nosso povo tanto precisa e almeja. A Eduardo Campos, que
tive o privilégio de chegar a conhece-lo pessoalmente, meus sinceros pesares à
família enlutada e a todo o Brasil, que se deixou dominar pela comoção da dor e
da tristeza. Que nosso Criador, esteja presente sempre no coração de cada um
dos que sofrem a dor maior, que àquela de grandes perdas das entranhas da gente,
nos acalentando, nos conformando e nos mostrando um outro caminho a ser seguido
e sonhado.
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