PASSANDO À LIMPO – ENTREVISTA
COM MANOEL MODESTO
SÉRIE BLOG DE ENTREVISTAS
Com sempre vem acontecendo, hoje é dia
de publicação de mais uma entrevista. Nessa oportunidade, a bola da vez, é o nosso
querido amigo, Exdras França (irmão de nosso amigo Mutuca), Major aposentado da
PMPE, filho nato de Buíque, menino pobre, de uma infância sofrível, a exemplo
de muitos de nossos irmãos, mas que de certa forma, se esforçou também, galgou,
lutou na vida e abriu espaços e finalmente, chegou a vencer e, por isso mesmo, vai
nos falar sobre como foi a sua vida, sua infância, seu profissionalismo na vida
militar, como se tornou um exímio e regente músico, e como autêntico integrante
da cultura musical buiquense e brasileira, muito ligado também à nossa cultura
popular e que, apesar de morar em Caruaru, mas o fato é o de que, nunca esqueceu
às suas origens e sempre que pode, está por aqui, quer para tocar na Orquestra Buiquense
de Frevo, formada por um grupo nas épocas de carnavais, quer noutras
oportunidades de iniciativas culturais ou mesmo para visitar seus familiares
que residem em nossa terra. Ele teve como companheiro na orquestra da PMPE,
outro buiquense, Sebastião Cavalcanti (Sebastião de Clóvis), também aposentado
na Banda da PMPE, como Sub Tenente. De passagem por Buíque dias
atrás, aproveitamos a ocasião e o entrevistamos, que à vontade nos falou com
propriedade sobre os diversos assuntos abordados por este entrevistador. Vamos
então à nossa entrevista de hoje:
P - MM– Amigo Exdras, você sendo filho autêntico de
Buíque, como foi a sua infância em nossa terra?
R – EF- Boa
tarde! Dr. Manoel, e obrigado pela a oportunidade de poder divulgar a minha
biografia: Dizendo que como todos os meninos pobres, a minha infância não foi
diferente, passando pelos os mesmos sacrifícios, com o objetivo de colher
glória. Comecei a jornada de trabalho muito cedo, logo aos nove anos de idade
trabalhei como vendedor de plantas medicinais (eucalípito, gengibre...),
carreguei frete das madames, fui ajudante de vacaria (de José Modesto), fui vendedor
de pão da padaria e pastelaria Brasil (de seu Cirilo), fui corneteiro e
percussionista da banda marcial do colégio de dona Lenira (Duque de Caxias),
onde tudo começou a minha carreira musical. Porém, nunca deixando de lado o
estudo que para mim foi à parte principal que deu norte ao meu futuro.
P - MM– Você aprendeu música com que idade e, como chegou a
se tornar militar, a aprender música e a tocar na Banda Corpo Musical PMPE e se
aposentou como Major dessa importante corporação pernambucana?
R – EF–
Aprendi a ler partitura musical aos 10 anos de idade, mas antes já tocava
instrumentos de percussão e corneta. Ao passar dos tempos sendo mais preciso no
ano de 1978 servi ao EXERCITO BRASILEIRO no 71º BATALHÃO DE INFANTARIA
MOTORIZADO, sediado em Garanhuns-PE. Fui promovido a Cabo e, em seguida assumi
a regência da banda de música desta unidade Militar acima referenciada. No ano
de 1980 ingressei na Polícia Militar de Pernambuco como soldado. Logo no ano de
1982 fui promovido a Cabo através de concurso. No ano de 1983 foi aberto o concurso
ao curso de formação de Sargento músico, no qual fui aprovado e em seguida
promovido a terceiro Sargento músico, consolidando assim a minha carreira como
músico na PMPE. No ano de 1996 fui nomeado para reger a Banda de Música sediada
no 4º BPM (Caruaru-PE). Como o estudo sempre está acima de tudo, me dediquei a
ele, principalmente na cadeira de música que, mais tarde serviu como porta de
entrada ao oficialato através do concurso ao curso de habilitação de oficiais,
no ano de 2002, quando em seguida fui promovido ao posto de Segundo Tenente
músico assumindo assim o comando do Corpo Musical da PMPE. Em seguida veio a
promoção de Primeiro Tenente, Capitão, e Major quando da minha passagem para a
reserva remunerada.
P - MM– Como é que
você desenvolveu esse seu talento voltado para à arte musical e qual o seu
papel na Banda Corpo Musical da PMPE, e quais os instrumentos que você toca? –
Dentro do mesmo assunto, você também faz letras, escreve e ler partituras
musicais, a exemplo de seu irmão Mutuca?
R – EF- Este desenvolvimento nasceu através do Maestro
José Quidique e Sebastião Cavalcanti que me ensinaram as primeiras lições
musicais, onde mais tarde fui Sargento músico da PMPE, logo passei a estudar
como autodidata, harmonia e regência musical que por sua vez foram os pilares
do meu futuro como Comandante do CORPO MUSICAL DA PMPE. Atualmente os
instrumentos que toco são: trombone, bombardino, clarineta, saxofone, flauta,
escaleta, acordeon, teclado, violão, cavaquinho, bateria e percussão. Levo na
bagagem também composições musicais, letras de músicas, poemas, e leio
partituras nas três claves, de fá, sol e dó.
P - MM– Lembro bem, que quando de minha formatura em
1990, nas solenidades de graduação do Curso de Direito, em Caruaru, quem estava
presente tocando, era a Banda Corpo Musical da PMPE e lá pude ver, que você e
Sebastião, estavam lá também e falei com vocês. Como você se sentiu quando
percebeu que eu fui o orador de minha turma naquela ocasião, como buiquense, no
meio de tanta gente?
R – EF- Senti-me honrado ao saber que um conterrâneo
assumiu um lugar de destaque na tribuna, onde proferiu a sua fala diante de um
público que na ocasião assistia àquela valiosa graduação. Ressaltando ainda
que, quando o doutor recém formado (Manoel Modesto) se dirigiu à Banda de
Música da PMPE e nos cumprimentou perante aos presentes, deixou-me ainda mais
lisonjeado, como se eu estivesse também participado da referida solenidade.
P – MM– Você aprendeu música aqui mesmo em Buíque? - Quem
foi ou foram os seu(s) mestre(s) nessa arte? - Quando você aprendeu a arte da
música e como fez para se desenvolver? – Você esperava chegar até aonde chegou
por conta da música?
R – EF- o ponto de partida da aprendizagem musical foi a
cidade de Buique-PE, onde os Maestros José Quitique e Sebastião Cavalcanti, nos anos 70, contribuíram com o ensinamento
básico, que daí por diante, comecei a estudar como autodidata, fui amadurecendo
e cada vez mais sentindo vontade e necessidade de aperfeiçoar este lado musical,
que com certeza fui escolhido por DEUS
para mais tarde assumir um cargo tão importante, onde eu nunca esperava chegar
a comandar o CORPO MUSICAL DA PMPE.
P – MM– Agora que você está aposentado da PMPE, tem algum
projeto de vida para não parar no espaço e no tempo e buscar ampliar à sua arte
do dom da música?
R – EF- -
O meu projeto de vida é poder passar experiência musical às pessoas, de tudo
aquilo que ao longo dos anos aprendi, e continuar sempre estudando para cada
vez mais ampliar o conhecimento.
P – MM – Já que
você é buiquense e sei, como eu, que ama também o seu torrão “barriga-preta”,
uma vez que, todos estamos ligados a essa terra desde o cordão umbilical, você
tem algum projeto voltado para nossa cultura, nosso povo e nossa gente, no
sentido de dar uma expectativa de melhora para esse mesmo povo, com a arte
musical?
R – EF- coincidentemente,
para esta pergunta eu tenho como resposta: poder trabalhar num projeto elaborado
por EUDES FRANÇA (MUTUCA), voltado à construção de um conservatório na cidade
de Buique´PE, para atender gratuitamente às Crianças, Adolescentes e Idosos do
Buique, e das cidades da região do agreste setentrional.
P – MM– Nos últimos anos, pudemos perceber que nossa
terra, só veio a decrescer mesmo, em questões culturais das letras, artes
plásticas, as nossas tradições culturais populares, entre outros setores. Como
você poderia dar uma visão nessa questão e o que achas que se poderia fazer
para reacender essa chama tão latente que existe em muitos dos jovens e de
determinadas pessoas da nossa terra, para se mudar essa faceta negativa e letra
morta de nossa cidade?
R – EF - não podemos individualmente resolver
questão nenhuma que assola o nosso município, porém se unirmos a sociedade,
governantes e empresários, poderemos sim, dar o primeiro passo para a
reconstrução da nossa cidade que hoje se encontra com deficiência cultural, falta
de lazer para podermos oferecer ao nosso povo e visitantes; falta de incentivo
aos jovens no sentido de cultura, educação e projetos voltados à atividades que
ocupem os mesmos para que não sejam atraídos pelo o uso de drogas, a vadiagem e até mesmo à marginalidade.
P - MM– Em termos políticos, como é que você está vendo
os rumos de nossa política no momento atual, e o que você pode esperar de nosso
futuro, se tudo continuar como está e como poderíamos fazer para mudar os
costumes de nossa gente, pelo menos, em parte, para termos mais liberdade de
livre expressão e de escolhas?
R – EF
- A principio resumo esta pergunta dizendo que
a decadência política está comprometida por todo o mundo, onde o povo não mais
suporta este desnível político, porém só os eleitores poderão mudar este quadro
crítico, e esperar que todos tenham consciência
e sabedoria para poder escolher os seus representantes no âmbito Executivo e
Legislativo. Daí é que poderemos pensar nos tópicos de liberdade de livre
expressão e de escolha.
P – MM – Com as suas
próprias palavras, como é que você está vendo a evolução de nossa terra e se
podemos ter esperanças por dias melhores para o nosso povo, em todos os campos
sociais? – Situe nossa terra, dentro de sua visão de ver o mundo e as coisas ao
seu redor e que mensagem de vida você deixa para os nossos jovens?
R – EF
- Nos últimos anos senti que
a nossa cidade gradativamente cresceu, mas ainda falta muito para se igualar as
cidades referenciais, feito Caruaru, Petrolina, Garanhuns e outras, que sirva
de modelo para o nosso município, e almejar o pico da evolução. Trago no meu
ponto de vista a esperança de nosso povo alcançar educação, segurança, saúde,
lazer e trabalho digno que o nosso município possa oferecer a toda sociedade
buiquense. Deixo minha mensagem aos jovens dizendo que nunca é tarde para
construir o seu futuro, mas as acomodações poderão trazer transtornos
negativos. Então procurem exercer todas as oportunidades positivas que a vida
nos oferece.
Assim minha gente,
está aí pois, mais uma entrevista de mais um cidadão buiquense, que mesmo ainda
desde o início de sua vida aqui mesmo em Buíque, passou por muitas
dificuldades, muitas agruras, como tantos também, que trilharam por caminhos
idênticos, à busca de um lugar ao Sol, faltando pura e simplesmente, tão-só uma
oportunidade, que muitos sozinhos não conseguem realizar os seus sonhos, mas
com uma pequena ajuda dos poderes constituídos, cada um e cada qual, poderá com
certeza vir a ter um futuro de vida e aprender a andar com as suas próprias
pernas, certo camaradas! – Semana que vem, tem mais um entrevistado. Quem tiver
interesse, entre em contato comigo, que decidirei sobre se devo ou não entrevistar,
em face de que, se o assunto estiver dentro do que imaginei divulgar como uma
forma de interesse de nosso povo e também, servir de alerta para que nossas
autoridades tomem alguma iniciativa ou atitude dentro das nossas reais
necessidades e do possível, mas o que quero dizer realmente é que, o nosso Blog
está aberto para todas as pessoas, indistintamente, mas também, tenho meus
critérios de discernimento sobre o que devo ou não publicar e colocar nessa
bola de nuvem de comunicação do mundo da internet.
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