PASSANDO a LIMPO – ENTREVISTA
COM MANOEL MODESTO
SÉRIE BLOG DE ENTREVISTAS
ROSA RAMOS POR MANOEL
MODESTO
Invertendo a ordem dos fatores, dando
sequência à SÉRIE DO BLOG ENTREVISTA COM MANOEL MODESTO, de todas às
quintas-feiras, hoje será a vez da mulher e, nossa primeira entrevistada é a querida
conterrânea buiquense da gema, ROSA MARIA RAMOS DE MELO (RR), que é uma de
nossas poetisas, escritora, cordelista e autora de alguns livros por ela escritos,
aguardando tão-somente, uma oportunidade para que venha a publicar alguma de
suas obras literárias. Como sempre tenho deixado bem claro, a intenção
primordial deste sequencial de entrevistas, é justamente procurar mostrar
nossos valores locais, regionais, que de certa forma estão ligados a interesses
culturais, sociais e até mesmo políticos e que, de alguma forma, se encontram à
margem do esquecimento, sem o devido reconhecimento por parte de nossa população.
O objetivo então, é o de alertar nossa gente para despertar e se voltar com
mais carinho, para os valores que temos, que adormecidos se encontram, para
que, alguém venha a demonstrar algum interesse, como tenho feito, no sentido de
aglutinar mais pessoas e firmarmos de vez um movimento cultural em Buíque, que
venha cada vez mais a valorar o que temos de melhor em termos de cultura e de
como tudo isto vem a ser importante para a formação de nosso povo, nossa gente,
nossa juventude que tanto precisa de um norte de vida, para que assim, possamos
na qualidade de formadores de opinião, vir a despertar tanto nos interesses
públicos, quanto privados, da importância de se investir naquilo que temos de
melhor e que ninguém percebe ou faz de conta que nada existe, se omite e, desta
feita, nada se faz, como estamos procurando fazer. Então minha gente, vamos ao
que disse nossa entrevistada de hoje:
P - MM– Você que é filha de um grande político buiquense,
Sr. Pergentino Domingos Ramos, que já foi vereador em vários mandatos, ex-vice
prefeito do Município, não quis seguir a mesma carreira política de sua pai?
R – RR – Não quis seguir, apesar de a política estar no
meu sangue, mas de tanto ver o lado podre da política, não me senti até o
momento atraída para esse lado ilusório, em que muitos engam, além de muitas
pessoas se deixarem enganar, mas não deixo de viver neste meio, como fruto do
animal político que cada cidadão ou cidadã, é na realidade.
P - MM– Amiga Rosa Ramos, de onde surgiu essa veia poética
e literária em você?
R – RR – Eu acredito que esse dom veio de Deus, porque
minha inspiração é N’Ele. Não vou dizer que crio obras literárias, porque todas
as obras por Ele foram feitas. Minha inspiração vem da realidade que está à
minha volta e de meus sentimentos. O fator sentimento existe, porque sem este,
nada podemos exteriorizar em profundeza daquilo que é parte das emoções humanas
que a gente vive.
P – MM – Em
seus escritos o que você procura mais abordar como tema principal?
R – RR – Naquilo que escrevo, procuro abordar temas
relacionados ao amor. Não só do amor, mas também do sofrimento, da dor, da
solidão, elementos principais que estão dentro da alma humana e que mexe nos
mais profundos e belos sentimentos de cada um de nós.
P – MM – Rosa
Ramos, você tem algum livro escrito, em que estilo literário e se já chegou a
publicar alguma de suas obras?
R – RR -.Eu tenho escrito o
livro “Vige Maria”. Trata-se de uma ficção, uma história romântica, em que através
de seus personagens se fala da chamada família patriarcal, da ignorância e da
brutalidade em que se educavam os filhos e, no final da história, o amor vem
finalmente, a prevalecer e vencer todos os percalços dessa história rústica e
dura vivida por entidades familiares. Tenho escrito também, o livro “Partículas
Buiquenses”, que é um livro de cordel, retratando fatos do nosso Buíque antigo
até chegar ao nosso atual Buíque. Um outro, é intitulado de “Um Pedaço de Mim”,
que procuro demonstrar os meus sentimentos mais profundos com relação à minha
própria vida, e dentro desta realidade por todos vivida. Também escrevi várias
poesias, várias músicas e cordéis.
P – MM – Alguém
já se propôs para lhe ajudar a publicar alguma de suas obras literárias?
R – RR -.Não. Nunca ninguém
chegou sequer a me propor qualquer tipo de ajuda, nem do poder público,
tampouco do particular. Em questões culturais na nossa terra, estamos bem atrás
de outras, aonde movimentos dessa natureza vem aflorando e dignificando a
cultura de sua gente. E precisamos plantar a semente aqui também em Buíque,
independentemente de quem quer que seja. Uma das coisas que estou fazendo no
momento, é literatura infantil, que um ramo pouco explorado por estas bandas.
P – MM– Quais são
essas obras literárias voltadas para à infância?
R – RR – A primeira história infantil, são “As Pequenas
Sereias”, o “Pintinho Sol”, o “Burrico Manhoso”, entre outros projetos em
andamento.
P – MM – Você
já esteve ligada a algum movimento cultural anteriormente em Buíque?
R – RR -.Não participei,
porque estes nunca existiram. Cultura em nossa terra sempre foi letra morta. No
momento atual eu participo através do SESC-LER, fazendo declamações de poesias,
em projetos do SESC e agora no momento, vou participar do movimento POETA NA
MINHA ESCOLA, cuja minha inclusão devo a Joseane, que é uma das gestoras do
SESC-LER. Então tenho muito a agradecer a essa pessoa por ter me reconhecido
como uma das partícipes desses movimentos culturais promovidos por essa
entidade.
P – MM– Você,
apesar de tudo, do não reconhecimento de nossos conterrâneos buiquenses por seu
trabalho, se sente mais uma excluída cultural?
R – RR – Não, porque me sinto realizada em estar fazendo o
que mais gosto, que é escrever, externar o que penso, isso faz parte do meu dia
a dia e faz parte de minha vida.
P – MM – Naquilo
que você escreve, busca externar o que pensa de verdade, ou só aquilo que agrada
aos poderosos de plantão?
R – RR – Não. Escrevo a verdade do que penso e imagino,
dentro da realidade em que vivo. Para mim não importa se estou agradando ou
desagradando quem quer que seja. O importante é a minha própria satisfação e
minha liberdade de pensamento e de externar o meu livre pensar. Para mim não
importa o que vem a agradar ou não. O importante é transmitir a realidade do
que vejo e daquilo que vem à minha mente e não busco me esconder pelos
bastidores e de uma falsa utopia só para agradar qualquer pessoa em especial.
P – MM – O
poder público buiquense sempre se manteve ausente em questões de ajudar
movimentos cultuais em nossa terra. Como você vê essa questão e o que você tem
a dizer à nossa gente, nosso povo e qual o recado que tem para os nosso jovens?
R – RR – No quesito cultura em nossa terra, sempre houve
omissão e negligência por parte tanto do poder público, quanto da iniciativa
privada. Vejo tudo isso como um flagrante descaso com esses jovens talentos que
temos de sobra, mas que muitos fazem de conta que nada percebem e isso é
vergonhoso para o nosso povo. Quem tem seus sonhos, lutem por eles, não esperem
por ninguém. Procure realizar seus sonhos com os seus próprios desforços pessoais,
porque a depender de ajuda pública, em termos de cultura, a gente não vai nunca
sair do lugar. O que temos que fazer é um movimento cultural, com um grupo de
pessoas que tenham um foco e um objetivo de ver um Buíque mais dotado de
cultura, de aproveitar os seus próprios talentos que tanto nossa terra tem
produzido e que, nada tem sido feito nesse campo. É esse o recado que deixo
para os nossos jovens e que buscam um sonho a realizar. A você, nobre amigo
Manoel Modesto, pessoa que tenho em alto conceito, e que está procurando
levantar nossa cultura, através desse movimento voltado à nossa cultura
adormecida, quero dar os parabéns e, ao mesmo tempo agradecer, por ter me dado
esta oportunidade de poder falar sobre a minha obra literária. Espero, pois,
ter dado o meu recado.
É isso aí minha gente, dando sequência ao que nos
propusemos na SÉRIE DO BLOG DE ENTREVISTAS, a vez agora, foi de nossa querida
amiga, ROSA RAMOS, filha de um grande político buiquense, falecido aos 92 anos
de idade, Pergentino Domingos Ramos e de Dona Calu, também falecida, Rosa é uma
pessoa que a conheço desde tenra idade e que é uma ótima escritora, que apesar
de não ter publicado nenhuma de suas obras, mas talento e sabedoria é o que não
lhes faltam, só mesmo, o reconhecimento de nossa gente, para que a nossa
cultura possa finalmente vir a ser valorizada e reconhecida como se deve, pois
como sempre tenho dito, povo que não tem um olho voltado para sua arte, sua
cultura, seu patrimônio artístico e cultural, é povo sem história, é povo sem
memória. Cada entrevista que venho fazendo, só vem nos enriquecendo de buscar
divulgar pessoas, seus trabalhos, que à margem do desconhecimento, venham de
certa forma, vir a obter o devido reconhecimento por parte de nossa gente,
nosso povo e de nossa juventude, que busca um norte de vida para não se desviar
para outros vetores sociais pouco recomendáveis para todos nós. Então minha
gente, na próxima quinta-feira, tem mais uma ENTREVISTA SURPRESA. Até quinta e
um forte abraço a todos que nos vem acompanhando nessa nossa cruzada cultural
de Buíque e da Região.
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