O PASSADO NÃO VOLTA, O PRESENTE SE VIVE E O
FUTURO NÃO PASSA DE UMA INCÓGNITA TEMPORAL
Vivemos os
momentos da vida presentemente, mas sempre com um pé nas lembranças do passado,
daquilo que fomos, de como os fatos e as coisas aconteceram, de tudo que
fizemos e daquilo que deixamos de fazer, dentro deste interstício temporal de
vida, que na realidade, nem de tudo fomos capazes de realizar, e muitas coisas
ficaram para trás, que por alguma razão, não foram concretizadas, tampouco será
no momento e, quanto ao futuro, é um tiro no escuro que termina sempre em um
ponto de interrogação, do qual nada podemos fazer previsões, apenas ilações no
nosso imaginário. O que podemos concluir mesmo, é que fomos, fizemos ou
deixamos de fazer e estamos no viver na linha do tempo, dependurados por um frágil
fio quebrantável, que a qualquer momento pode se interromper numa quebradura
inesperada qualquer, de forma abrupta e sem se ter mais o fio da meada do
caminho de volta. E assim tudo se vai num simples assim estalar de dedos, num
flash de luz de uma câmara fotográfica, que como num raio de uma estrela
candente, tudo de repente se torna numa escuridão infinda. Então a questão do
ser e do estar, se resume a cada momento de vida em que vivemos e, se deixamos
ou não de fazer algo, já num momento qualquer de uma fase de nossas vidas, nada
mais se poderá fazer, mas somente por alguns momentos, se volver lá atrás e se
lembrar de tudo em sua vida, como num trailer de cenas de algum filme que você
mais gostava ou que mais impressionou a cada um no decurso de suas vidas e
agora, só resta mesmo encostar num muro qualquer de lamentações, e jorrar as
lágrimas de dor pelo que não fez ou deixou de fazer.
Todo e qualquer ser humano, tem sua
história de vida, que fica para sempre, quer dizer, dentro do contexto de nosso
liminar de vida, gravado em nossa memória, que apesar de chegar um determinado
momento xis em que tudo pode vir a se acabar num raio de luz, mesmo assim, as
cenas de vida vividas, nunca se apagarão jamais. Quem se esquece de sua
infância ou boa ou ruim vivida lá atrás, não tão longe assim, mas que no interior
de cada um de nós, àquela criança sempre existe e existirá até o último gotejar
de um suspiro, ou enquanto lucidez a gente possa ter como alimento da essência
de nossa consciência, ela vai sempre permanecer dentro da gente, sempre
reprisando as travessuras que fizemos, as diabruras que pintamos, as
irresponsabilidades que praticamos, isso não se apagará jamais de nossa placa
mãe de nossa memória, que por mais imperfeita que seja a máquina humana, foi
uma das que ninguém teve ainda a devida capacidade de cria-la, a não ser, como
invenção de uma iniciativa que está bem além de nosso conhecimento, e de que
muitos chamam de Deus, do Criador, do Ser Supremo, a depender da crendice ou da
incredulidade de cada ser humano, mas na verdade, ninguém até hoje foi capaz de
criar ou de manter viva indefinidamente, essa máquina que nos dá vida e, da mesma
forma, nos leva à morte inequívoca, inevitável, irretratável e irrevogável. Não
há neste mundo quem desta possa vir a mudar esse roteiro, ou descobrir uma
fórmula, por mais estudioso e sábio que seja, para desvendar tantos mistérios a
nos rondar e circular em torno de nossas efêmeras vidas, por isso mesmo, é que
a máquina humana, com todas as suas imperfeições e atropelos, ainda é uma das
mais perfeitas coisas vivas já criadas e surgidas neste mundo.
A cada ano que passa, se bem que, se a
gente pensar de verdade, não está ganhando um ano, isso para o apelidado de
pessimista, mas para mim, esse tipo de pensar, é a de um realista, pois com
mais um ano, que começa no janeiro em nosso calendário, quando menos se espera,
já se está em mais um dezembro e aí você vai fazer um balanço sobre o que fez,
não fez ou deixou de fazer e se chega à conclusão, que se passou mais um ano na
vida de cada vivente e conclusivamente, pouco ou nada se fez. Para os
otimistas, quem vive um ano mais à frente, ganhou mais um ano de vida, mas o
pior, é que ninguém também, foi capaz de perceber ou de descobrir uma fórmula, que
possa não nos deixar envelhecer, de impedir o surgimento de rugas, que
inexoravelmente vem a aparecer, das dores nas costas, nas costelas, na cabeça,
na parte torácica e, enfim, por todo o nosso corpo; doenças as mais
horripilantes e danosas possíveis, vão aparecendo, muitas delas, degenerativas
de tal forma, que nos deixam abilolados e transfigurados, imobilizados, chamados,
em cadeiras de rodas, nos acabando com uma velocidade voraz, que nem mesmo a medicina
com tantos avanços tecnológicos e tantos meios medicamentosos nas mãos, foi
ainda capaz de conter que esses males venham nessa chamada terceira idade, a
nos destruir de verdade até que se chegue, após uma curta odisseia de agonia,
paulatinamente, a partirmos de vez desta para outra. Aí a gente chega a parar e
pensar por alguns momentos e, se pensar demais, pior ainda, sobre o que
realmente somos, para que foi que viemos para este mundo, e o porquê do que
fomos, do ser e do estar nesta passagem de vida, se é tudo isso assim poderá
ser chamada. Pior é que não vamos obter resposta alguma, mas para os otimistas,
a terceira idade é uma das melhores, mas isso, acredito, ser mais um forma de
conforto para quem está se preparando não mais para viver, mas sim, para morrer
e chegar embaixo de sete palmos, sufocado por uma grossa camada de areia numa
tumba ou crepita qualquer, se calar e dormitar para sempre o seu secular ou
milenar sono eterno, até mesmo que não venha a sobrar nada de você, nem mesmo
os mais de duzentos ossos do corpo humano. Então será que se valeu à pena viver
e deixar incompleto o seu ser, seu estar, se nem tudo foi possível no
incontroverso ponto de vida, realizar tudo que pretendia realizar? – E aqueles
que tinham de tudo, que poderiam de tudo usufruir e nada disso fizeram, hem? –
Deve ser bem pior ainda, porque passou por esse lapso temporal e nada soube da
vida aproveitar, pois é só isso que no final de contas, a gente pode carregar
conosco para o nosso silente e eterno sono profundo e perene do qual nunca mais
se livrará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário