RESGATE
DE UMA TRADIÇÃO
Claro que nos moldes atuais do mundo modernista ou
pós-modernista, fica difícil de se resgatar o que já foi, o que se tinha como
tradição e, não levada adiante, por descaso dos poderes constituídos, fica
difícil reascender das cinzas, algo difícil de vir a ser resgatado ao pé da
letra. A morte de tradições, tidas por antigas por alguns jovens, nada mais é
do que buscar perder o elo histórico entre raízes culturais daquilo que se foi,
para se ter por base o lastreamento do presente e se fincar para o futuro. Como
todos sabem, povo sem passado, sem seus traços marcantes e sem história, é povo
sem memória, sem presente e sem futuro. Quando por exemplo tiraram do mapa de
vez prédios históricos de nossa cidade e um deles em especial, a Escola Duque
de Caxias que ficava entre as duas praças, no centro de Buíque, Major França e Vigário
João Ignácio, quanto não se perdeu nas nuvens parte da história da mente de
muitas pessoas, que vieram a suceder justamente muitos dos que aprenderam as
primeiras letras naquela histórica escola construída ainda na década de quarenta,
hem? – E de nossas festas tradicionais de final de ano, as tradicionais festas
juninas e o nosso carnaval com as suas mostras folclóricas e de comemorações
singelas, hem? – Não que uma tradição deva ser a mesma o tempo todo e para o
todo e sempre. É mais do que evidente que com a evolução dos tempos, muitas
coisas tem que mudar realmente, disto não tenho a menor dúvida, não para se
acabar de vez, mas sim, para se adequar aos tempos atuais, menos tirar da
memória a história de um povo, que hoje muitos sequer sabem que tiveram pais,
avós, conhecidos nessas festas, que aprenderam as primeiras letras naquela
escola que só existe mesmo no imaginário de quem está vivo para contar a
história, nada mais que isto. Apagar a história de um povo, é fazer desaparecer
parte da vida de cada um.
Então minha gente, como tenho sempre alertado por repetidas
vezes, não que se deva recriar tudo como era antes, mas dentro dos moldes
atuais, tem que haver alguma coisa que faça voltar ao passado. Um parquinho por
exemplo num final de ano, algumas apresentações musicais de valores
compatíveis, talvez quem sabe, seria um bom começo para se fazer pelo menos
muita gente lembrar e fazer ver aos que nos vieram para nos suceder, que o
formato das festas de antes, eram mais ou menos desse ou daquele jeito, só que,
como o poder público só visa em promover mega-eventos para auferir indevidas
vantagens, interesse algum tem em promover uma singela festa de final de ano
que mesclada pelo telurismo do passado e com o brilho dos gostos do presente,
só viria mesmo a engradecer a nossa história, nossa cultura e a alma do nosso
povo, de nossa gente. Não que se deva mais empaturrar nos finais de ano, as
ruas com montes de abacaxis e fazer os tradicionais bailes de final de ano no
velho Mercado Público Municipal, mas dar uma volta no tempo e reviver parte
disso, é mostrar o que foi o nosso passado, de como vivemos e o que hoje somos,
pois na realidade, todos nós somos frutos desse passado que ninguém pode negar.
Passado esse que as festas eram realizadas nas escolas públicas, rusticamente
adaptadas e ornamentadas para os bailes, e até no prédio da Prefeitura
Municipal, já foi usada para os famosos bailes de gala da nata social de
Buíque, mas hoje existe um Clube Municipal, que serventia alguma está tendo.
Completamente abandonado, se encontra deteriorado, em avançado estado de
abandono e seu hall da piscina não se presta sequer para o lazer dos menos
favorecidos, porque não há nenhum direcionamento para o clube, a não ser quando
foi usado para banhos de cavalos noutros idos.
O que estou buscando explanar, não é o fato de se exigir
muito não senhor, mas apenas alertando os mandatários, gestores públicos, que
não se gasta muito para se fazer uma festa de final de ano, assim como um
carnaval, festas juninas, para não quebrar de vez, fazer uma ruptura em nossas
tradições culturais, mas apenas com parcos recursos da parte do poder público,
muito se poderia fazer. Só bastava aplicar poucos recursos, sem se pensar em
primeiro lugar, na obtenção de indevidas vantagens. Se nossas tradicionais
festas se acabaram de vez, a culpa é do olho gordo em se auferir vantagens em
cima de uma tradição do povo buiquense, e isso não é de hoje, se bem que,
noutras gestões, ainda existia o espírito vivificante de cada festa de época.
Não que queira se reviver o passado, mas apenas lembrar que na vida de cada um
de nós buiquenses, sempre existiu esse passado, que está impregnado em nossas mentes,
nossas vidas e, via de consequência, em nossa história e que os presentes
precisam também saber do passado de cada um de nós, para poder se firmar no
presente e buscar planejar o futuro de cada um, não naquilo que praticamos de
errado, mas sim, naquilo que buscamos acertar, porque não é possível a gente
formar para nos suceder, uma leva de mentalidades corruptivas, que já buscam
adquirir ainda em tenra idade e não é isso que queremos para o futuro daqueles
que vão fazer o futuro de nossa terra, afinal de contas, chega de tanta
corrupção incrustada na conduta de tantos de nossos gestores da atualidade.
Louvável a iniciativa do comércio que já por alguns anos vem tentando reavivar
as festas de final de ano, mas sem a ajuda do poder público, impossível se
montar e promover uma festa que nosso povo e nossa gente merece. Pensar nos
seus próprios umbigos e em seus bornais, é puro egoísmo de quem sequer chegou
um dia a pensar no coletivo, sem antes pensar neles mesmos, então quem assim
pensa, não serve para ser político, pois o verdadeiro político nasce para
servir e não para ser servido.
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